Páginas

sexta-feira, 6 de maio de 2011

São João Maria Vianney – A chegada a Ars

Chegou ao local em uma carruagem, guiada por um paroquiano de Ecully, transportando seus poucos pertences e uma biblioteca com trezentos volumes, herdada de Balley. Apesar de não ter grande instrução, gostava de aprender e lia muitos livros. O Cardeal Odilo Pedro Scherer, afirma num texto da Agência Zenit: “Ao visitar sua humilde casa paroquial em Ars, ainda hoje existente, eu mesmo pude observar ali vários livros bem volumosos, que lhe pertenceram, sublinhados e anotados à margem. Eram até muitos para uma época em que os livros não eram abundantes nem acessíveis, como hoje.”
O primeiro contato mantido na cidadezinha de Ars foi com o pequeno agricultor Antonio Givre. O entendimento foi difícil pois o pequeno não sabia francês e Vianney não conhecia o dialeto local. Mesmo assim o garoto indicou o caminho para se chegar a Ars. Reza a tradição que Vianney disse ao garoto: “Você me ensinou o caminho de Ars, e eu lhe ensinarei o caminho do céu”. Antonio Givre morreu alguns dias após este encontro com Vianney e um pequeno monumento de bronze na entrada da aldeia lembra este momento.

A população era composta por 250 habitantes que, quase que em sua totalidade, era formada por agricultores abaixo da linha de pobreza. O local estava em um estágio de decadência religiosa, mergulhada no paganismo e afastada das práticas religiosas. A fé não era levada a sério, além de serem adeptos das festas profanas. Imperavam a prostituição, a jogatina, os vícios e tudo o que afastasse a população de Deus. A capela estava abandonada. A situação estava tão crítica que muitos padres se recusavam a ir para lá. Vianney não imaginava o quanto sofreria neste local, porque apesar de pequena a cidade possuía muitos problemas, era um lugar sem religião.
Vianney teve ímpetos de abandonar tudo e fugir daquele lugar, não se achando ao nível da missão. Eram tantos problemas que nem sabia por onde começar e tinha até medo de perder-se, conforme ele mesmo exclamou. Mas esta era a sua missão e animou-se.
Resolveu residir na matriz. Como homem simples precisava de poucas coisas para viver: poucos móveis, pouca alimentação (que ele mesmo preparava) e poucas horas de sono. No primeiro dia de sua chegada ele deu o seu colchão a um pobre e deitou-se no chão, junto à parede, fazendo uso de um travesseiro de madeira. Devido à umidade do chão e da parede contraiu uma nevralgia que o atormentou por mais de quinze anos.
Continua na próxima semana.