A maioria de nós vê o incenso nas
Missas solenes, mas não sabemos o seu significado.
É importante lembrar que o uso do
incenso na liturgia católica não tem nada a ver com defumadores usados nas
macumbas e nem incensos vendidos e usados pelas seitas orientais.
Origem
É uma resina gomosa que brota na
forma de gotas da árvore Boswellia Carteri, arbusto que cresce na Ásia e na
África.
Significado
Ao Senhor Deus oferece-se incenso. É
adoração e honra.
Incenso é louvor e adoração às
coisas sagradas, e ao próprio Deus. É algo litúrgico.
Diante da tenda da Aliança Israelita
de Jerusalém, o lugar chamado Santo dos Santos se encontrava o altar do
incenso.
É uma riqueza litúrgica, no início da Missa quando se rodeia o altar com incenso. É uma glorificação e honra ao Rei e Senhor, pois o altar da igreja representa Cristo.
No Ato Penitencial o incenso se
destina a purificar, limpar, expiar os pecados.
No Evangelho que vai ser lido o
incenso é respeito e veneração ao Livro Sagrado, uma homenagem a Cristo que nos
fala.
Quando se incensa as oferendas o pão
e o vinho, o altar, o celebrante e outros sacerdotes presentes, o povo de Deus,
meditamos dentro de nós: Eleve-se
Senhor, minha oração como este incenso à vossa presença, e desça sobre nós a
Vossa Misericórdia.
É por tudo isso que o incenso deve
ser recebido com alegria.
O incenso exprime nossa libertação
do "hálito penitencial" do pecado, tornando-se expiação e perdão.
Olhando a nuvenzinha de fumaça que
se eleva, se inclinando e desce, pensamos em nossa oração e louvor que sobe e
na graça divina que desce.
Olhando o pequeno fogo de carvão no
fundo do turíbulo, ele nos fala do calor que devemos ter para com Deus. É uma
honra prestada a Deus.
O queimar incenso ou a incensação
exprime reverência e oração.
O incenso na Sagrada Escritura
O incenso fazia parte da mistura aromática sagrada destinada
a Deus (Ex 30, 34) e se transformou em símbolo de adoração. “O Senhor disse a Moisés: “Toma
aromas: resina, casca odorífera, gálbano, aromas e incenso puro em partes
iguais.”
Com a oferta do incenso os magos do
Oriente adoraram o menino Jesus como o recém-nascido Salvador do Mundo. Quando
no momento da consagração se incensa o Corpo e Sangue do Senhor, elevados para
adoração dos fiéis, recordamos a Epifania: Mateus 2, 11: “Entrando na casa, acharam o menino com
Maria, sua mãe. Prostrando-se diante dele, o adoraram. Depois, abrindo seus
tesouros, ofereceram-lhe como presentes: ouro, incenso e mirra”. (Com
estes presentes oferecidos pelos Magos surgiu a tradição de dar presentes no
Natal, em celebração do nascimento de Jesus. Em diversos países a principal
troca de presentes é feita no dia 6 de Janeiro - festa de Reis, no Brasil - e
os pais muitas vezes se disfarçam de reis magos.
Ungirás com ele a tenda de
reunião e a arca da aliança, a mesa e seus acessórios, o candelabro e seus
acessórios, o altar dos perfumes, o altar dos holocaustos e todos os seus
utensílios, e a bacia com seu pedestal. Depois que os tiveres consagrado, eles
tornar-se-ão objetos santíssimos, e tudo o que os tocar será consagrado. Ungirás
Aarão e seus filhos, e os consagrarás, para que me sirvam como sacerdotes. (Ex 30, 26-30)
A oferenda do incenso e a oração são
sacrifícios apresentados a Deus, como diz o salmo 140, que proclama: ‘Que
minha oração suba até vós como a fumaça do incenso, que minhas mãos estendidas
para vós sejam como a oferenda da tarde.’ Com estas palavras, na Igreja
Oriental, o celebrante ora durante as Vésperas e Laudes matutinas dos dias de
festa espalhando em torno de si o perfume do incenso.
No último livro do Antigo
Testamento, o Apocalipse, João vê vinte e quatro anciãos que estavam diante do
Cordeiro de Deus, com arpas e taças de ouro cheias de incenso: São as orações
dos santos (Ap 8,3-4): “Adiantou-se outro anjo e pôs-se junto ao
altar, com um turíbulo de ouro na mão. Foram-lhe dados muitos perfumes, para
que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar de ouro, que está
adiante do trono.4.A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações
dos santos, diante de Deus.”
No livro de Êxodo (30, 34), vemos
que Moisés trouxe do alto do Monte Sinai não só instruções detalhadas para a
Arca da Aliança, mas também receitas de incenso sagrado (Olíbano, gálbano, onicha,
estoraque) com rituais específicos para seu uso: O Senhor disse a Moisés: “Toma
aromas: resina, casca odorífera, gálbano, aromas e incenso puro em partes iguais.
Farás com tudo isso um perfume para a incensação, composto segundo a arte do
perfumista, temperado com sal, puro e santo. Depois de tê-lo reduzido a pó,
pô-lo-ás diante da arca da aliança na tenda de reunião, lá onde virei ter
contigo. Essa será para vós uma coisa santíssima. Não fareis para vosso uso
outro perfume da mesma composição: considerá-lo-ás como uma coisa consagrada ao
Senhor. Se alguém fizer uma imitação desse perfume para respirar o seu odor,
será cortado do meio de seu povo.”
“Que minha oração suba até Vós como a fumaça do incenso, que minhas mãos estendidas para Vós, sejam como a oferenda da tarde.”(Sl 140, 2)
“Que minha oração suba até Vós como a fumaça do incenso, que minhas mãos estendidas para Vós, sejam como a oferenda da tarde.”(Sl 140, 2)
História
Os cristãos adotaram cedo
o uso do incenso. Em Jerusalém, no século IV, já se empregava em
todos os grandes Ofícios. Antes disso, Os incensos não podiam ser usados
abertamente nos primórdios da Igreja Cristã, uma vez que evidenciariam a
ocorrência das celebrações cristãs, que na época ocorriam de forma secreta. Ainda
hoje o queima para honrar o altar, as relíquias, os objetos sagrados, os
sacerdotes e os próprios fiéis, e para propiciar a subida ao céu das almas dos
falecidos no momento das Exéquias
Queimadores de incenso foram
encontrados em Jericó em 7500 a.C.
O Incenso do Líbano e a Mirra foram
dois dos presentes dos Magos a Jesus Cristo.
Para várias culturas, o incenso é um
elo com o sagrado. “A fumaça aponta para o mistério de Deus, ajuda a
transcender”, diz Maria Ângela Vilhena, professora do Departamento de Teologia
e Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Na Liturgia
Nos Cânones Apostólicos, o incenso é
um dos requisitos nas Cerimônias de Eucaristia. As práticas de sacrifícios
evoluíram do primitivo sacrifício de animais para o uso atual do incenso. Na
utilização de incensos nas missas, podemos perceber o turíbulo como o antigo
altar de sacrifício, no qual é ofertada a resina, que é em essência o sangue da
árvore. Este sangue é então queimado em sacrifício. O recipiente no qual fica o
incenso antes de sua utilização é a representação de um barco; sendo que os
mais antigos lembram a Arca de Noé.
O recipiente em que se queima o
incenso é chamado incensário ou turíbulo.
Graças à benção propiciada pelo
incenso antes de seu uso, ele chega a ser um sacramental (sinal sagrado, que
possui certa semelhança com os sacramentos e do qual se obtém efeitos
espirituais).
O incenso deve envolver toda uma
atmosfera sagrada de oração que, como uma nuvem perfumada, sobe até Deus. O
agitar do turíbulo em forma de cruz recorda principalmente a morte de Cristo e
seu movimento em forma de círculo revela a intenção de envolver os dons
sagrados e de consagrá-los a Deus.
Na consagração solene de um altar,
depois da unção da mesa, queima-se incenso e outros aromas sobre os cinco
pontos do altar. O bispo interpreta esse gesto com as palavras: “Suba até vós,
Senhor, o incenso de nossa oração; e como o perfume se espalha por este templo,
assim possa tua Igreja expandir para o mundo o suave perfume de Cristo.
A incensação do altar faz-se com
simples ictus (ligeiro movimento de oscilação) do seguinte modo:
a) se o altar está separado da
parede, o sacerdote incensa-o em toda a volta;
b) se o altar não está separado da
parede, o sacerdote incensa-o primeiro do lado direito e depois do lado
esquerdo. Se a cruz está sobre o altar ou junto dele, é incensada antes da
incensação do altar; aliás, é incensada quando o sacerdote passa diante dela.
O sacerdote incensa as ofertas com
três ductos do turíbulo, antes de incensar a cruz e o altar, ou fazendo, com o
turíbulo, o sinal da cruz sobre elas
O incenso é utilizado em missas solenes
em uma homenagem a Deus.
No momento em que o padre e os
fiéis são incensados sobe até os céus um louvor a Deus.
Pode usar-se o incenso em qualquer
forma de celebração da Missa:
a) durante a procissão de entrada;
b) no princípio da Missa, para
incensar a cruz e o altar;
c) na procissão e proclamação do
Evangelho;
d) depois de colocados o pão e o
cálice sobre o altar, para incensar as ofertas, a cruz, o altar, o sacerdote e
o povo;
e) à ostensão da hóstia e do cálice,
depois da consagração.
O sacerdote, ao pôr o incenso no
turíbulo, benze-o com um sinal da cruz, sem dizer nada.
Antes e depois da incensação, faz-se
uma inclinação profunda para a pessoa ou coisa incensada, exceto ao altar e às
ofertas para o sacrifício da Missa.
Incensam-se com três ductos
(impulsos horizontal) do turíbulo: o Santíssimo Sacramento, as relíquias da
santa Cruz e as imagens do Senhor expostas à veneração pública, as ofertas para
o sacrifício da Missa, a cruz do altar, o Evangeliário, o círio pascal, o
sacerdote e o povo.
Com dois ductos incensam-se as relíquias
e imagens dos Santos expostas à veneração pública, e só no início da
celebração, quando se incensa o altar.
Da próxima vez que ouvirmos
referências ao incenso em uma das partes mais importantes do sacrifício da
Missa, lembremo-nos que o incenso é bem mais do que apenas fumaça:
“Como este incenso que se eleva em
tua presença, Oh Senhor, assim venha a nossa prece alçar-se diante de teus
olhos. Que os teus santos anjos venham rodear o teu povo e infundir-lhes o
espírito de tua bênção”.
Fontes: