O termo SANTO origina-se do latim sanctu, que traduzido para o português significa “que se tornou sagrado” ou “estabelecido conforme a lei”.
Se pesquisarmos a palavra SANTO no dicionário Aurélio, obteremos muitas pistas para entendermos a abrangência de seu significado:
· Como adjetivo a palavra é sinônimo de sagrado, puro, imaculado, respeitável, bem-aventurado. Referem-se aqueles que obtiveram o céu como recompensa de suas virtudes. Também é aquele que respeita as coisas divinas, o culto e à religião. E, também, relaciona-se aquele que a Igreja canonizou.
· Como substantivo masculino significa, segundo a tradição judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes, realçando a transcendência da natureza divina. Aquele que participa da santidade divina pela observância da lei ou pelos sacramentos. Além de referir-se, também, à imagem exposta nas igrejas ou nas casas.
Na língua portuguesa utiliza-se o título de Santo para todos os nomes masculinos que se iniciam com vogal ou com a letra H. Como exemplos: Santo Antonio, Santo Hipólito, Santo Eduardo e Santo Honório, entre outros.
Para os Santos cujos nomes são iniciados por consoantes usa-se o título de São. Exemplos: São Benedito, São Cosme, São Tiago e outros.
Como toda regra tem sua exceção, esta também não escaparia. As exceções são: Santo Tirso e São Tomás, que também é conhecido em alguns lugares como Santo Tomás. Santo Agostinho também é conhecido como São Agostinho.
Para as Santas a regra independe da letra com que se iniciam os seus nomes, sendo o título invariável. Exemplos: Santa Ana ou Santana; Santa Bernadete, Santa Luzia e Santa Esmeralda.
Para o cristianismo, são santos todos aqueles que foram convertidos e salvos por Jesus Cristo. Em Igrejas Protestantes, onde não ocorre o processo de canonização, a palavra é usada para designar uma pessoa que é cristã, de forma genérica. Onde ocorre o processo de canonização, como nas Igrejas Católica, Ortodoxa e Anglicana, Santo é um título para as pessoas reconhecidas oficialmente por virtudes especiais. Este título é forma de reconhecer que a pessoa está na graça de Deus, ou seja, está ao lado direito de Deus no céu.
Os Santos existem e recebem este título da Igreja para servirem, também, de referência e exemplo de vida, lembrando à humanidade de toda a fé sem tamanho que moveram as suas ações, os sacrifícios experimentados e atividades dedicadas à divulgação do nome de Deus, quando em sua vida terrestre. Estas pessoas esqueceram de si mesmas e colocaram Deus como centro de suas vidas, servindo ao próximo como se estes fossem o próprio Deus, em uma imitação de Cristo.
Em nossa Profissão de Fé afirmamos que cremos na comunhão dos santos. O que significa a expressão comunhão dos santos? O Compêndio
do Catecismo da Igreja Católica nos responde que esta expressão “designa ainda a comunhão entre as pessoas santas (sancti), isto é, entre os que, pela graça, estão unidos a Cristo morto e ressuscitado. Alguns são peregrinos na terra; outros, que já partiram desta vida, estão a purificar-se, ajudados também pelas nossas orações; outros, enfim, gozam já da glória de Deus e intercedem por nós. Todos juntos formam, em Cristo, uma só família, a Igreja, para louvor e glória da Trindade”.
do Catecismo da Igreja Católica nos responde que esta expressão “designa ainda a comunhão entre as pessoas santas (sancti), isto é, entre os que, pela graça, estão unidos a Cristo morto e ressuscitado. Alguns são peregrinos na terra; outros, que já partiram desta vida, estão a purificar-se, ajudados também pelas nossas orações; outros, enfim, gozam já da glória de Deus e intercedem por nós. Todos juntos formam, em Cristo, uma só família, a Igreja, para louvor e glória da Trindade”.
Os Santos, quando em vida aqui próximos a nós, eram pessoas comuns, de carne e osso, que possuíam a esperança de alcançarem o reino dos céus, através da doação de si mesmos. Estas pessoas assumiram a humildade, a pobreza, o serviço ao próximo e a oração como plano de vida, superando todos os obstáculos que se apresentassem, buscando forças na fé. Esta existência dos Santos, por ser concreta, histórica, vem mostrar que a santidade pode ser alcançada, é fato e que viver conforme os valores cristãos é possível, contribuindo para o fortalecimento de fé dos seguidores de Cristo.
Os santos não são apenas aqueles canonizados pela Igreja e que dela receberam este título. Santos somos todos nós, imitadores de Cristo, que acertamos e erramos em nossas vidas. Somos todos santos e pecadores, ao mesmo tempo, mas sempre buscando a prática das virtudes. Os Santos oficiais da igreja não são Santos porque nunca pecaram em suas vidas, mas, sim, pela forma como viveram a serviço da evangelização e buscaram a santidade.
Eles, os Santos, obedeceram ao chamado de Cristo, como está no evangelho de São Mateus (5, 48): “Deveis ser perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito”. É um caminho que requer renúncias, orações, vida dedicada ao sacramento e muita fé. A carta Lúmen Gentium orienta o cristão que deseja atingir esta almejada perfeição a cumprir “em tudo a vontade do Pai, se dediquem inteiramente à glória de Deus e ao serviço do próximo. Assim a santidade do povo de Deus se expandirá em abundantes frutos, como se demonstra luminosamente na história da Igreja pela vida de tantos santos” (LG 40).
Pode o homem aumentar a sua fé através da oração, pela leitura da palavra de Deus e da vida dos Santos. Os Santos não devem ser adorados, mas contemplados e motivos de admiração pela entrega total de suas vidas para que Deus permanecesse presente na vida de todos. Eles lembram ao homem que a santidade não é uma condição exclusiva a poucos eleitos, mas um estado acessível a todos os homens e mulheres.
No parágrafo 957 do Catecismo da Igreja Católica – CIC – lê-se que “Veneramos a memória dos habitantes do céu não somente a título de exemplo; fazemo-lo ainda mais para corroborar a união de toda a Igreja no Espírito, pelo exercício da caridade fraterna. Pois, assim como a comunhão entre os cristãos da terra nos aproxima de Cristo, da mesma forma o consórcio com os santos nos une a Cristo, do qual, como de sua fonte e caneca, promana toda a graça e a vida do próprio povo de Deus”.
Logo após o parágrafo acima encontramos uma citação de São Policarpo: “Nós adoramos Cristo qual Filho de Deus. Quanto aos mártires, os amamos quais discípulos e imitadores do Senhor e, o que é justo, por causa de sua incomparável devoção por seu Rei e Mestre. Possamos também nós ser companheiros e condiscípulos seus”.
O Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Dom Ângelo Amato, nos explica que todos os fiéis estão chamados à santidade. A santidade é a vocação de todo batizado. Como conseqüência hoje a santidade faz parte da identidade da Igreja, Una, Santa, e do batizado e que "a fonte originária da santidade da Igreja e na Igreja é Deus Trindade". (ACI Digital).
Durante a Solenidade de Todos os Santos, no ano de 2007, o Papa Bento XVI afirmou que “Todos os seres humanos são, portanto, chamados à santidade. Em última instância, a santidade consiste em viver como filhos de Deus, na semelhança com Ele, segundo a qual foram criados. Todos os seres humanos são filhos de Deus e todos devem chegar a ser aquilo que são, mediante o exigente caminho da liberdade”.
São Paulo, em carta aos Corinthios, chama de santos todos aqueles que foram santificados por Jesus Cristo, ou todos aqueles que seguiam a Cristo. “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo, à igreja de Deus que está em Corinto, e a todos os irmãos santos que estão em toda a Acaia”. (II Co 1,1).
Aqueles que têm seus pecados apagados pelo amor de Deus podem assim ser chamados. Na carta aos Efésios ele lembra que Deus sempre nos abençoou “e nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, diante de seus olhos.” (Ef 1,4).
O Papa João Paulo II, na Constituição Apostólica Divinus perfectionis Magister declara que “A Igreja Católica sempre acreditou que desde os primeiros tempos do cristianismo os Apóstolos e os Mártires em Cristo estão unidos a nós mais estreitamente, venerou-os particularmente juntamente com a bem-aventurada Virgem Maria e os Santos Anjos, e implorou devotamente o auxílio da sua intercessão. A eles se uniram também outros que imitaram mais de perto a virgindade e a pobreza de Cristo e, além disso, aqueles cujo preclaro exercício das virtudes cristãs e dos carismas divinos suscitaram a devoção e a imitação dos fiéis. (...) A Sé Apostólica (...) propõe homens e mulheres que sobressaem pelo fulgor da caridade e de outras virtudes evangélicas para que sejam venerados e invocados, declarando-os Santos e Santas em ato solene de canonização, depois de ter realizado as oportunas investigações”.
Na carta apostólica Novo Millennio Ineunte, de 06 de janeiro de 2001, João Paulo II afirma que “este ano jubilar foi o ano da beatificação ou canonização. Quer atribuída a Pontífices bem conhecidos da história quer a figuras humildes de leigos e religiosos, a santidade apareceu mais claramente, dum extremo ao outro do globo, como a dimensão que melhor exprime o mistério da Igreja. Mensagem eloquente que não precisa de palavras, aquela representa ao vivo o rosto de Cristo.”
Conhecendo os Santos que, segundo João Paulo II, “representam profundamente o rosto de Cristo”, é possível entender a missão da Igreja. Ao anunciar a proclamação de Santos a Igreja cria ferramentas para operar mais santidade no mundo, em um processo multiplicador, proclamando Deus por meio de pessoas que se transformaram em uma cópia de Cristo. Os testemunhos de vida destas pessoas podem nos fazer refletir sobre a missão cabível a cada um de nós e, também, se estamos vivendo de acordo com a vontade de Deus, cumprindo tal missão.
Para compreender a Igreja, é necessário conhecer os santos, que são o seu sinal e o seu fruto mais amadurecido e eloquente. (Cardeal José Saraiva Martins)
A descrição do processo de canonização será visto em outra postagem.