Dom Antônio Fernandes
A Palavra de Deus transforma os fragmentos da história humana em fagulhas de vida e de esperança, à luz da ressurreição de Jesus. Vida totalmente nova, luz para iluminar as trevas de uma finita história, segundo os critérios da carne. Isto porque o Verbum (Palavra) se fez carne e veio habitar no meio de nós (Jo 1, 14).
Daí entendemos que a Palavra de Deus, como nos diz o apóstolo Paulo, não está presa, a nada e a ninguém. Ela é viva e geradora de vida, por onde passa ou a onde toca.
Diante das sombras que pairam sobre o mundo em nosso tempo e afetam concretamente a nossa vida, o que significa a Palavra de Deus nas Escrituras Sagradas? Qual o desafio que se ergue diante de nós que temos a missão de trazer luz às trevas? O que se espera de quem é chamado a entrar no turbilhão e na agonia dos tempos e pronunciar uma palavra de esperança? Qual tem sido nossa atitude diante destas realidades que nos desafiam em nossa fidelidade? Como enfrentamos a tentação de promovermos concessões que muitas vezes ferem a dignidade de nossa vida cristã?
Questionemo-nos: a nossa Igreja faz constantemente estas perguntas sobre a vida e sobre a fidelidade a Palavra e de sua missão nos dias de hoje. Enquanto Igreja que somos, será que não fomos moldados em demasia pelos poderes sedutores deste mundo? Até que ponto o princípio de fidelidade a nossa identidade não se perde na compulsão e urgência de nosso tempo?
Nossa palavra tem sido uma resposta, nossa vida tem sido um sinal luminoso na escuridão de nossa história. Deixe-se interpelar pela Palavra de Deus e avalie sinceramente a liberdade das opções que estão sendo feitas a cada dia de seu caminhar nesta história.
Cada um de nós procure colocar-se com muita lucidez diante da realidade que nos circunda e do lugar que cada um ocupa nela, tendo como chão a experiência da fé e do ministério exercido em favor do povo de Deus.
Deixe-se interpelar pela Palavra de Deus e avalie sinceramente a liberdade das opções que estão sendo feitas a cada dia de nossa vida de seguidores e seguidoras de Cristo, na escola do discipulado, como preconiza tão bem o documento de Aparecida.
Dom Antonio Fernandes
Arcebispo de Maceió