Por Edson Sampel
Os itens abaixo estão baseados na
“Carta sobre algumas questões referentes à escatologia”, da Congregação para a
Doutrina da Fé, da Igreja católica. 1) Depois da morte, ocorre a
sobrevivência e a substância de um elemento espiritual, dotado de
consciência e de vontade. Subsiste, assim, o eu humano, enquanto
carece do complemento do seu corpo. Este elemento espiritual se chama alma.
2) Aguarda-se a gloriosa
manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, considerada, entretanto, distinta e
postergada em relação à condição própria do homem imediatamente depois da
morte. Alguns teólogos denominam evo [pronuncia-se évo]
esse “tempo” que medeia entre a morte e a ressurreição dos mortos, no juízo
final.
De fato, o tempo (com
começo e fim) se refere ao homem na terra; a eternidade (sem começo e
sem fim) é um atributo exclusivo de Deus e o evo (começa com o óbito
e não tem fim), típico do homem, é definido como uma sucessão de atos
psicológicos.
3) A ressurreição dos mortos se
refere a todo o homem, isto é, corpo e alma: para os
eleitos não é, senão, a extensão da própria ressurreição de Jesus Cristo.
4) A Igreja, em adesão fiel ao
novo testamento e à tradição, crê na felicidade dos justos, que estarão um dia
com Cristo no céu. Também crê no castigo eterno que espera o pecador, que
será privado da visão de Deus, e na repercussão dessa pena em todo o seu ser.
Crê, finalmente, em uma eventual purificação para os eleitos, prévia à visão de
Deus; de todo diversa, no entanto, do castigo dos condenados. Isto é o que
entende a Igreja quando fala do inferno e do purgatório.
5) Os cristãos devem manter-se
firmes quanto a dois pontos essenciais: têm de acreditar, por um lado, na continuidade
fundamental que existe, por virtude do Espírito Santo, entre a vida
presente em Cristo e a vida futura; por outro lado, deve-se saber que ocorre
uma ruptura radical entre o presente e o futuro, pelo fato de que à
economia da fé sucede a economia da plena luz; ou seja, no céu, nós estaremos
com Cristo e veremos Deus (1 Jo 3,2).
Edson Luiz Sampel é Doutor em
Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, do Vaticano. Professor
do Instituto Teológico Pio XI (Unisal) e da Escola Dominicana de Teologia
(EDT). Autor do livro “Reflexões de um Católico” (Editora LTR).”