Em alguns comentários de sites
espalhados pela net surgiram ideias dignas de filmes sobre a teoria da
conspiração. Ameaças de morte, pressões políticas, intrigas palacianas, doenças
incuráveis, etc. Inimigos da Igreja festejam o início do fim da Igreja
Católica, falam em cismas e coisas do gênero.
Só que todos se esquecem de algo extremamente
importante: as palavras de Cristo que estão no Evangelho segundo são Mateus:
E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha
Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra
será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.
(Mt 16, 18-19)
Claro está que o papa é a figura
terrena mais importante da Igreja, a ele devemos obediência e respeito. Mas
porque o desespero? A Igreja não perderá o seu rumo. Virá outro papa que será
apontado, como sempre, pelo Divino Espírito Santo. Lembram do desespero após a
morte de João Paulo II? Disseram até que a Igreja ficaria sem rumo pois não
haveria outro papa que conduzisse seu rebanho, etc, etc. E Bento XVI, com o seu
estilo, cativou o mundo.
Acredito que este gesto corajoso
do nosso papa é uma lição de desapego. Justamente o contrário do que acontece
atualmente em nosso país, onde os mandatários se degladiam pelo poder. No
senado federal e na câmara dos deputados a briga é por cargos e poder. Bento
XVI se desapega de uma das funções mais importante do planeta e se retirará da
vida pública. Segundo informações irá para um mosteiro e passará a ler, escrever
e rezar. Uma bela lição de humildade.
Ele teria o direito de ser o sumo
pontífice até o dia de sua morte, como seria o normal. Mas ele, sábio como é,
entende que os dias são outros. O mundo está mais rápido e as decisões e ações
devem ser mais céleres.
Se Bento XVI entendeu que o seu
físico não acompanha mais a sua mente a hora de sair foi a correta. Ele fez
como os atletas que sabem que não podem mais suportar a série de jogos e que se
insistir em continuar prejudicará a equipe. Um papa doente, impedido de cumprir
uma agenda oficial emperra a instituição. Apesar que a Igreja sempre continuará
a sua missão evangelizadora, mesmo com um papa de 85 ou 100 anos. Afinal,
repito, quem governa é o Espírito Santo.
Mas como ele, o papa, já nos deu
dicas de que poderia renunciar quando a saúde o abalasse, ouso dizer que a hora
de sua renúncia foi acertada. Com mais de 85 anos, sentindo-se fragilizado em
sua saúde (todos notávamos) e sem poder realizar viagens e cumprir os
compromissos ele resolveu deixar o cargo. Agora, alguém já pensou se ele
resolvesse renunciar após estar acamado? Surgiriam teorias de todos os lados:
golpe, traição, chantagem...
Desde 2009 que repetidamente
surgiam boatos sobre sua renúncia. Mas nunca acreditei que isto ocorreria
verdadeiramente. Surpresa. Aconteceu. Ele mesmo citou esta possibilidade na
entrevista concedida ao jornalista Peter Seewald.
Só nos resta entender o seu gesto
como um gesto de amor à Igreja e rezar pela sua saúde, além de agradecer pelo
bem que fez à Igreja durante estes anos.
Devemos ter fé e acreditar na
Sagrada Escritura, pois Cristo jamais nos abandonará:
Eis que estou convosco
todos os dias, até o fim do mundo. (Mt 28, 20)