Páginas

domingo, 12 de junho de 2011

Todos os papas: 4 - São Clemente I (Mártir. Papa de 88 a 97)

São Clemente nasceu em Roma, por isso era também conhecido como Clemente Romano. Governou a Igreja Católica no período de 88 a 97, sucedendo a Anacleto (Cleto). A antiga tradição cristã aponta-o como filho do senador Faustino, da família Flávia, e parente de Domiciano.
imagem: site da diocese de Jequié
Homem dedicado às causas de Deus e das almas, manso e caridoso, destacou-se em suas atividades apostólicas. Devido a estas virtudes São Pedro lhe conferiu a dignidade episcopal.
Acompanhou Paulo nas jornadas de evangelização e juntamente com o apóstolo dos gentios foi duramente perseguido. Paulo faz menção a Clemente na Epístola aos Filipenses (4,3): "Peço-vos que auxilieis aqueles também que, como Clemente e outros, comigo trabalharam, cujos nomes  estão inscritos no Livro da Vida".
Vivendo em Roma foi também contemporâneo de São João Evangelista e São Filipe, com quem também colaborou.
Santo Irineu, Bispo de Lião até o ano de 202 afirma que Clemente tinha visto os apóstolos, encontrado com eles e que ainda tinha nos ouvidos as pregações e diante dos olhos a tradição.
Assumiu o comando da Igreja em uma época turbulenta, de muitas perseguições aos cristãos e sabia que estava pondo sua vida em risco. A Igreja, ainda em construção, estava ameaçada por mais uma perseguição e em seu interior havia o perigo de um cisma. A Igreja de Corinto enfrentava graves problemas, os ânimos estavam exaltados devido a ação de agitadores e invejosos que ameaçavam desagregar e romper a unidade existente.
Em Corínto alguns presbíteros mais jovens usurparam as prerrogativas dos mais velhos, depondo-os, desrespeitando a obediência devida e a hierarquia. Nesta época não havia uma distinção entre os postos acima de diácono (bispos, presbíteros e diáconos).
Neste clima de conflitos escreve então a famosa carta endereçada à comunidade de Corinto, onde censura a decadência existente naquela comunidade, ao mesmo tempo em que estabelecia normas precisas referentes à hierarquia e ao Primado da Igreja de Roma.
Nesta carta Clemente pede que reintegrem os religiosos depostos e que aqueles que erraram se arrependam e passem a observar a ordem e a obediência à autoridade da Igreja estabelecida pelos apóstolos, quando criaram as figuras dos bispos e dos diáconos. É uma carta pacificadora na qual recomenda humildade e paz. Demonstrando grande circunspecção, prudência, caridade e firmeza fez com que esta carta fosse largamente aceita em todas as comunidades em que era lida, juntamente com as epístolas dos apóstolos.
Com esta atitude Clemente demonstra a sua autoridade sobre as demais Igrejas além de Roma. Ainda nesta época São João Evangelista ainda estava vivo e não interveio durante esta crise. Este posicionamento de João demonstrou que o  Bispo de Roma governava toda a cristandade sendo merecedor de obediência e respeito. Também há de se destacar que S. Clemente agiu com a convicção de que este era o seu papel.
A autoridade com que Clemente desempenhou o seu papel de Bispo de Roma e a o prestígio adquirido foram as causas de lhe terem atribuído a autoria de vários outros textos, mas a única obra reconhecida como genuína é a Carta aos Coríntios.
São Clemente I, que era discípulo de São Pedro, após eleito restabeleceu a prática da Crisma, de acordo com o rito estabelecido por Pedro e iniciou a utilização da palavra amém nas cerimônias religiosas. Em seu papado levou adiante o processo de evangelização firmemente centrado nos princípios da doutrina e enfrentou com coragem e bondade todos os conflitos internos e externos à Igreja.
A seriedade de seu trabalho levou à conversão Domitila, irmão do feroz inimigo dos cristãos, o imperador Domiciano. Ela tornou-se um exemplo de virtudes, auxiliando ao máximo os cristãos perseguidos.
São Clemente também converteu muitos outros pagãos devido às suas ações evangelizadoras e exemplo de santidade. Em uma ocasião, após pedir a Deus que acabasse com o tormento de trabalhadores que sofriam com a escassez de água, viu um cordeiro na montanha apontando com a sua pata um determinado lugar. O papa não titubeou e se pôs a cavar na direção indicada pelo cordeirinho e, nos primeiros golpes com a enxada, a água começou a brotar da terra em abundância.
Após esta façanha até os pagãos o consideraram um enviado do Céu e pediram para se tornar catecúmenos. Devido a este crescente número de convertidos, sacerdotes pagãos foram ao imperador denunciar Clemente. Em resposta, o imperador Nerva o exilou na Crimeia, enquanto Evaristo assumia o trono de Pedro.
Enquanto isso, no exílio, Clemente reencontra muitos outros cristãos condenados a trabalhos forçados e passa a encorajá-los a perseverarem na fé, ao mesmo tempo em que converte pagãos que cumpriam pena por outros motivos.
Estas notícias chegam ao novo imperador Trajano, que descontente, ordena que Clemente fizesse sacrifícios aos seus deuses. Pedido este que foi prontamente negado por Clemente. O governador Aufidiano, então, foi autorizado por Trajano a por fim ao crescimento do cristianismo, decretando Clemente à pena de morte e ordenando que os cristãos abandonassem a religião.
No dia 23 de novembro Clemente foi posto em um navio que o levou para o alto mar, onde puseram uma âncora em seu pescoço e o jogaram na água. Os cristãos consternados pela perda de seu líder imploraram a Deus que não deixasse o corpo de Clemente no fundo do mar, mas que o devolvesse para que fosse acolhido com amor e carinho pelos seus filhos espirituais.
Enquanto o governador Aufidiano se afastava com seus soldados o mar retrocedeu a distância de três milhas, até o local onde estava o corpo de Clemente. Aos olhos pasmados de todos apresentou-se um pequeno templo de mármore branco. Os cristãos se dirigiram para lá e encontraram o corpo do mártir, dentro de um ataúde, ao lado da âncora que fora colocada em seu pescoço.
Deus impediu que retirassem suas relíquias naquele momento e elas lá permaneceram até o ano 869, quando os missionários Cirilo e Metódio as levaram para Roma e a entregaram ao papa Adriano II. Clemente, então, foi finalmente sepultado na Capela de São Clemente, construída na cidade de Collelungo, nas ruínas da propriedade de seu pai.
A Igreja Católica Apostólica Romana celebra São Clemente I no dia 23 de novembro.
Veja a carta de São Clemente aos Coríntios na seção Voz da Igreja.