Para se fazer uma boa leitura da Bíblia, a Igreja nos recomenda ter em mente o que chamamos de cinco sentidos.
1. A analogia da fé – A Bíblia é um livro de verdades religiosas reveladas por Deus. Cada texto está de certa forma relacionado com toda a Bíblia e com a fé da Igreja. Não podemos tirar um texto ou um versículo que seja deste contexto, sem que possa haver erro de interpretação. Aqui entra a fundamental importância da Tradição e do Magistério da Igreja. É a Igreja que deve ter a palavra final, a fim de se evitar o perigoso subjetivismo pessoal (“eu acho que...”).
2. O sentido da História – Deus é o Senhor da história dos homens e a sua santa vontade se realiza por meio das vicissitudes humanas. O avançar da história também nos ajuda a compreender a Sagrada Escritura. Jesus mandou observar os sinais dos tempos.
3. O sentido do movimento progressivo da Revelação Deus na sua paciência, foi se revelando lentamente, durante 14 séculos, e continuou a se revelar durante mais de 20 séculos pelos caminhos da Sua Igreja, através da Sagrada Tradição (transmissão oral, não escrita) que para nós católicos tem o mesmo valor das Sagradas Escrituras.
4. O sentido da relatividade das palavras – as palavras são relativas, nem sempre absolutas. Para compreender o texto bíblico importa saber o que certas palavras significavam exatamente quando foram usadas pelo autor sagrado.
5. O bom senso e senso crítico – uso da inteligência e equilíbrio diante dos fatos. É bom saber perguntar diante de certas interpretações: isto tem fundamento no texto original? Ou são apenas o ponto de vista de alguém em desacordo com o autor sagrado?
Dei Verbum, recomenda três pontos:
1. Conteúdo e unidade da Escritura inteira.
Não interpretar uma parte da Escritura fora do seu contexto integral. Muitas vezes um versículo só será bem entendido quando lido juntamente com outros.
2. A Tradição viva da Igreja. Observar como a Tradição da Igreja interpretou a parte que está sob estudo; especialmente pesar a palavra dos Papas, Santos Padres da Igreja e seus doutores.
3. Analogia da fé – Isto é, verificar a coesão das verdades da fé entre si. Uma não pode ser oposta a outra, pois o Espírito Santo não se contradiz.
O Concílio Vaticano II
O Concílio Vaticano II
1. Prestar muita atenção ao conteúdo e à unidade da Escritura inteira.
A Escritura é una em razão da unidade do projeto de Deus, do qual Cristo Jesus é o centro e o coração. (§112). São Tomás de Aquino assim explica:
2. Ler a Escritura dentro da Tradição viva da Igreja inteira.
Conforme o ensinamento dos Padres da Igreja, “a Sagrada Escritura está escrita mais no coração da Igreja do que nos instrumentos materiais. Com efeito, a Igreja leva na sua Tradição, a memória viva da Palavra de Deus, e é o Espírito Santo que lhe dá a interpretação espiritual da Escritura ” (Orígenes, hom. Lv. 5,5), (§113).
3. Estar atento “à analogia da fé” (Rom 12,6).
Por analogia da fé entendemos a coesão das verdades da fé entre si e no projeto total da Revelação.