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sexta-feira, 10 de junho de 2011

São João Maria Vianney – A chegada dos peregrinos

Após a missão João Vianney retorna a sua paróquia e, no período de 1820 a 1824, substitui alguns párocos da região. Logo pessoas passam a ir até a Ars para se confessar e receber os sábios conselhos do padre que conheceu em sua cidade ou de que ouviu falar, com sua fama chegando até os grandes centros da França. A partir do ano de 1826, quando então está com 40 anos, Ars começa a receber peregrinos.
Ars, definitivamente, era o centro de grandes peregrinações, recebendo pessoas de todos os locais. Pe Vianney precisou organizar o assédio das pessoas, agendando as horas para receber todos os que queriam se confessar. Dividiu os confessionários conforme o sexo de quem a ele acorria, ficando um para os homens e outro para as mulheres. É importante destacar que todo este assédio dos peregrinos foi iniciado com o Cura D’Ars ainda em vida, sendo mais de 100.000 peregrinos no ano de 1858. Mas Padre João Vianney não conseguia dar conta de todos aqueles que procuravam por conforto espiritual em sua paróquia, precisando de ajuda.

Então, no ano de 1843, momento em que contraiu uma grave doença, que chegou para auxiliá-lo pe. Antonio Raymond. Pe. Raymond tinha grande amor por Vianney, mas não era muito querido pelos paroquianos devido a seus modos grosseiros. Em compensação, no ano de 1853, recebe novo auxiliar, o padre José Toccanier, homem de 50 anos de idade e apesar de corpulento era muito sorridente e jovial. Imediatamente caiu no agrado das pessoas e, também, era muito devotado ao padre Vianney. Coube ao padre Toccanier organizar o atendimento aos peregrinos e, para isto, recebe vários missionários diocesanos e irmãos da Sagrada Família de Belley para ajudá-lo nesta incumbência.
Padre Vianney era um homem com a saúde abalada, sofria de vários males. Cansado, no ano de 1857, ele solicita ao novo Bispo licença para recolher-se a um mosteiro. Mas o bispo Langalerie nega a sua solicitação argumentando que é a vontade de Deus sua permanência em Ars, e, mesmo que ele se mude, a multidão o acompanhará. Em outras tentativas Vianney escreve ao Sr. Bispo solicitando o seu afastamento das funções rotineiras alegando cansaço, velhice, enfermidades, mas nada demove o Bispo de sua determinação de que Vianney permaneça em Ars.
O desprezo que os intelectuais racionalistas tinham pela Igreja Católica só aumentou com a repercussão do trabalho do humilde pe. João Maria Vianney, ao ponto de dizer que ele era um perturbador da ordem. O governo anticristão francês rendeu-se aos fatos e construiu uma ferrovia interligando Lyon e Ars, aumentando o lucro das empresas agenciadoras de viagens. O governo também decidiu homenageá-lo concedendo-lhe a condecoração de Cavaleiro da Ordem Imperial da Legião de Honra, título este rejeitado pelo Cura D’Ars. O bispo também o homenageou nomeando-o Cônego Honorário. Esta homenagem ele recebeu, porém vendeu os trajes por 50 francos para uma Ordem de Caridade. Ele rejeitava estas distinções porque as desprezava, preferindo as recebê-las do próprio Deus.
Mas nem todos desprezavam as palavras do humilde pároco. Muitos insignes oradores e pensadores viajavam até Ars para ouvi-lo.  Pe. Henri Dominique Lacordaire, restaurador da Ordem dos Dominicanos e ilustre orador, por exemplo, comentou que após escutar atentamente a homilia de Vianney entendeu a ação do Espírito Santo. Antes de retornar para sua casa ficou de joelhos diante de Pe. Vianney e pediu que este o abençoasse. Em seguida é a vez de Pe. Vianney se ajoelhar e repetir o pedido diante de Pe. Lacordaire. Para ilustrar a cena Pe. Vianney comenta que foi um encontro onde “Os extremos se tocam: a extrema ciência com a extrema ignorância”.
Também auxiliou, de alguma forma ao Pe. Collin, fundador da Sociedade de Maria em Lyon; a Pe. Muard, fundador dos Padres de Santo Edme, em Pontigny e a Pe., Júlio Chevalier, fundador dos Missionários do Sagrado Coração de Jesus de Issoudun. Uma imensa lista pode ser feita contendo os nomes ilustres que o procuravam em busca de ajuda espiritual, como o Cardeal de Bonald, arcebispo de Lyon, Dom Dupanloup, bispo de Orléans, Dom Allou, bispo de Meaux e o Pe. Chevrier, fundador do Prado em Lyon, este beatificado em 1986. Recebia a estes da mesma forma que recebia aos demais que o procuravam, dedicando-lhes tempo e carinho.
Continua na próxima semana.