Sotero nasceu em Fondi,
Campânia, no reino de Nápoles (Itália) no ano 120 e sucedeu ao papa Aniceto,
sendo o 12º papa da Igreja. Seu pai, de nome Concórdio, era grego, o que,
talvez, possa explicar sua preocupação em relação aos problemas e
necessidades da Igreja grega, durante seu pontificado.
página do oriente |
Sua origem cristã foi
determinante em sua eleição para o trono pontifício. Nasceu e
cresceu dentro de uma esmerada educação católica, de forma que
tornou-se pessoa fervorosíssima e grande luminar na Igreja de Cristo. Assim
reconhecido, foi escolhido para assumir o governo da Igreja
por unanimidade. Subiu ao trono de Pedro no ano de 166, época em que ser
cristão era muito difícil e perigoso.
Conhece-se muito pouco deste
papa, a não ser que seu governo foi marcado pela caridade, o zelo e a compaixão
pelos pobres e a firmeza da fé com relação aos hereges.
Em seu pontificado, opôs-se com
rigor aos hereges montanistas. Foi época em que lavrou escritos
de sabedoria tão inspirada, que depois de muitos anos, foi
usada pela Igreja para combater com veemência o surgimento de diversas
outras heresias.
(Os montanistas propunham um
exagerado rigor de costumes. Era uma doutrina de medo e de pessimismo, porque o
fim do mundo sempre poderia acontecer a qualquer momento. Supondo isso, todos
os cristãos deveriam viver numa santidade irreal, renunciando ao matrimônio e
buscando o sofrimento da penitência constante, porque, segundo Montano, a
Igreja não tinha faculdades para perdoar os pecados. Essa doutrina, que também
era defendida por Tertuliano e, principalmente, Novaciano, foi condenada pela
Igreja na época do papa Sotero.)
Ele defendeu a doutrina ensinada
por Jesus Cristo e que a Igreja sempre continuou praticando, ou seja, que para
o pecador verdadeiramente arrependido não existe pecado, por maior que seja, que
não se possa conceder o perdão. Assim, desapareceu o clima de rigor e
pessimismo que tanto atormentava os cristãos, tão contrário ao da doutrina do
Evangelho, que prega o amor, o perdão, a alegria e a esperança.
Promulgou vários decretos
canônicos, dentre os quais, um que proibiu as monjas
de tocarem os vasos sagrados e corporais, bem como
da administração do incenso em cerimônias da Igreja. Assim,
por meio das leis canônicas, disciplinou a participação das mulheres na Igreja,
que até então não tinham seu caminho muito bem definido. Foi ele também
o primeiro Papa a prescrever, canonicamente, o caráter sacramental da
união, confirmando que o matrimônio é um Sacramento que não tem valor sem a
bênção de um sacerdote, apesar de estar já estabelecida desde os
primórdios da Igreja.
Dionísio, bispo de Corinto |
Outra característica do papa
Sotero foi sua ardente caridade para com os necessitados. Ele desejava que se
vivesse como os primeiros cristãos, citados nos textos dos apóstolos, onde
"tudo era comum entre eles" e onde "todos eram um só coração e
uma só alma..." Papa Sotero pedia esmolas às dioceses mais ricas, para que
fossem distribuídas entre as mais pobres, por preocupar-se sobremaneira com a
manutenção física e espiritual das comunidades cristãs, sobretudo aquelas mais
carentes.
Dar esmolas já era um velho e
tradicional hábito dos romanos que o santo pontífice não só preservou, mas
incentivou.
Homem de extrema bondade, sempre foi
protetor dos pobres e carentes, desenvolvendo um excelente trabalho de apoio
aos trabalhadores.
De uma carta de Dionísio, bispo
de Corinto: "precisamos e apreciamos hoje a grande caridade do papa Sotero
para com os perseguidos, seus cuidados paternais em época tão difícil".
Realizou um trabalho de animação
espiritual relevante junto à comunidade de Corinto, feito até hoje relembrado
pela Igreja, apesar de poucos registros existirem sobre o fato. Para os
perseguidos ou mesmo às comunidades que sofriam com problemas de ordem social,
costumava escrever belíssimas cartas de solidariedade.
Durante o seu pontificado, a
Igreja ampliou-se bastante. Ele mesmo ordenou inúmeros diáconos, sacerdotes e
bispos.
Seu pontificado coincide com o
reinado de Marco Aurélio, o imperador filósofo, sob o qual os cristãos foram
cruelmente perseguidos. Marco Aurélio empreendia crudelíssima perseguição aos
cristãos. Com sua voracidade, investiu implacavelmente contra eles,
dos quais muitos foram lançados aos leões no anfiteatro, outros despedaçados em
cadafalsos, outros enterrados vivos.
Datam dessa época os martírios de
Felicidade e Perpétua, de Justino, de Policarpo de Esmirna —
todos canonizados pela Igreja — e de milhares de outros fiéis. Diante deste
quadro de violentas e constantes perseguições aos cristãos São Sotero empreendeu
todas as suas forças no sentido de consolar e atender aos fiéis através de
diversas instruções, contidas em suas cartas apostólicas. Nelas,
os exortava e animava na perseverarem da fé,
sempre unidos e obedientes aos ministros da Igreja, para que juntos pudessem
sofrer com paciência e resignação todas as investidas e consequentes
tormentos que surgiam de todos os lados.
Pessoalmente Sotero empenhou-se
em visitar lugares subterrâneos e cavernas usadas como refúgio pelos
cristãos, levando sua palavra de alento e confiança aos fiéis cruelmente perseguidos
pela causa de Cristo.
Ele foi um eloquente
defensor dos cristãos perseguidos e deixou isso registrado na carta que enviou especialmente
para os de Corinto. Os vestígios dela foram encontrados quando Eusébio de
Cesaréia entregou a ele a eufórica resposta de Dionísio, bispo de Corinto, em
agradecimento pelo conforto que o valoroso papa levou aos corações aflitos pela
morte iminente. Afirmava Eusébio: faremos da
mesma forma como ainda fazemos com a carta de Clemente (lida ainda
após 70 anos) e assim nos aprovisionaremos com a abundância de melhores
ensinamentos.
Provavelmente, foi este corajoso
apoio que levou ao martírio o papa Sotero, pela perseguição do imperador Marco
Aurélio, aos 55 anos de idade.
À medida que iam
sendo trucidadas as ovelhas pela ira mortal contra os cristãos, percebeu
o Sumo Pontífice que o cerco se fechava cada vez mais e que
inevitavelmente tombaria em breve também o pastor. E assim foi. Pela sua carreira de
santidade e pureza, firmeza e empenho resoluto, foi
martirizado, por ordem de Marco Aurélio, em 22 de abril de 175, sendo, porém,
ignorado o gênero de martírio.
Foi enterrado em
Roma, onde seu corpo descansou até o século IX, durante o pontificado do
Papa Sérgio II, que determinou que suas relíquias fossem
trasladadas para a reconstruída igreja de San Martino ai Monti, anexa
à Igreja de Equício, junto aos restos mortais de São Silvestre e São
Martinho. Parte de suas relíquias foram enviadas para
a Igreja de Toledo e outras para Munique, onde são profundamente
veneradas e festejadas por ocasião da sua festa.
São Sotero é considerado o santo padroeiro
das necessidades da Igreja.
Oração de São Sotero: Senhor,
por intercessão de São Sotero, Vos peço as graças que me são necessárias para
que eu possa alcançar as virtudes cristãs em busca da santidade. Amém.
Fontes:
http://www.paginaoriente.com/
http://www.santoprotetor.com