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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Todos os papas: 12 – São Sotero (Mártir. Papa de 166 a 175)


Sotero nasceu em Fondi, Campânia, no reino de Nápoles (Itália) no ano 120 e sucedeu ao papa Aniceto, sendo o 12º papa da Igreja. Seu pai, de nome Concórdio, era grego, o que, talvez, possa explicar sua  preocupação em relação aos problemas e necessidades da Igreja grega, durante seu pontificado.

página do oriente
Sua origem cristã foi determinante em sua eleição para o trono pontifício.  Nasceu e cresceu  dentro de uma esmerada educação católica, de forma que tornou-se pessoa fervorosíssima e grande luminar na Igreja de Cristo.  Assim reconhecido,  foi escolhido  para assumir o governo da Igreja por unanimidade. Subiu ao trono de Pedro no ano de 166, época em que ser cristão era muito difícil e perigoso.

Conhece-se muito pouco deste papa, a não ser que seu governo foi marcado pela caridade, o zelo e a compaixão pelos pobres e a firmeza da fé com relação aos hereges. 

Em seu pontificado, opôs-se com rigor aos hereges montanistas. Foi época em que lavrou  escritos de sabedoria tão inspirada, que  depois de muitos anos,  foi usada pela Igreja para combater com veemência o surgimento de  diversas outras heresias.

(Os montanistas propunham um exagerado rigor de costumes. Era uma doutrina de medo e de pessimismo, porque o fim do mundo sempre poderia acontecer a qualquer momento. Supondo isso, todos os cristãos deveriam viver numa santidade irreal, renunciando ao matrimônio e buscando o sofrimento da penitência constante, porque, segundo Montano, a Igreja não tinha faculdades para perdoar os pecados. Essa doutrina, que também era defendida por Tertuliano e, principalmente, Novaciano, foi condenada pela Igreja na época do papa Sotero.)

Ele defendeu a doutrina ensinada por Jesus Cristo e que a Igreja sempre continuou praticando, ou seja, que para o pecador verdadeiramente arrependido não existe pecado, por maior que seja, que não se possa conceder o perdão. Assim, desapareceu o clima de rigor e pessimismo que tanto atormentava os cristãos, tão contrário ao da doutrina do Evangelho, que prega o amor, o perdão, a alegria e a esperança. 

Promulgou vários decretos canônicos,  dentre os quais,   um que proibiu as  monjas de tocarem os vasos  sagrados e corporais,  bem como da administração do incenso em  cerimônias da  Igreja.  Assim, por meio das leis canônicas, disciplinou a participação das mulheres na Igreja, que até então não tinham seu caminho muito bem definido. Foi ele  também o primeiro Papa a prescrever, canonicamente,  o caráter sacramental da união, confirmando que o matrimônio é um Sacramento que não tem valor sem a bênção de um sacerdote, apesar de estar já estabelecida desde  os primórdios da Igreja.
Dionísio, bispo de Corinto

Outra característica do papa Sotero foi sua ardente caridade para com os necessitados. Ele desejava que se vivesse como os primeiros cristãos, citados nos textos dos apóstolos, onde "tudo era comum entre eles" e onde "todos eram um só coração e uma só alma..." Papa Sotero pedia esmolas às dioceses mais ricas, para que fossem distribuídas entre as mais pobres, por preocupar-se sobremaneira com a manutenção física e espiritual das comunidades cristãs, sobretudo aquelas mais carentes.

Dar esmolas já era um velho e tradicional hábito dos romanos que o santo pontífice não só preservou, mas incentivou.

Homem de extrema bondade, sempre foi protetor dos pobres e carentes, desenvolvendo um excelente trabalho de apoio aos trabalhadores.

De uma carta de Dionísio, bispo de Corinto: "precisamos e apreciamos hoje a grande caridade do papa Sotero para com os perseguidos, seus cuidados paternais em época tão difícil".

Realizou um trabalho de animação espiritual relevante junto à comunidade de Corinto, feito até hoje relembrado pela Igreja, apesar de poucos registros existirem sobre o fato. Para os perseguidos ou mesmo às comunidades que sofriam com problemas de ordem social, costumava escrever belíssimas cartas de solidariedade.

Durante o seu pontificado, a Igreja ampliou-se bastante. Ele mesmo ordenou inúmeros diáconos, sacerdotes e bispos.

Seu pontificado coincide com o reinado de Marco Aurélio, o imperador filósofo, sob o qual os cristãos foram cruelmente perseguidos. Marco Aurélio empreendia crudelíssima perseguição aos cristãos. Com sua voracidade,  investiu implacavelmente contra eles, dos quais muitos foram lançados aos leões no anfiteatro, outros despedaçados em cadafalsos, outros enterrados vivos.

Datam dessa época os martírios de Felicidade e Perpétua, de Justino, de Policarpo de Esmirna — todos canonizados pela Igreja — e de milhares de outros fiéis. Diante deste quadro de violentas e constantes perseguições aos cristãos São Sotero empreendeu todas as suas forças no sentido de consolar e atender aos fiéis através de diversas instruções,  contidas em suas cartas apostólicas.  Nelas, os exortava e animava  na  perseverarem  da fé,  sempre unidos e obedientes aos ministros da Igreja, para que juntos pudessem sofrer com paciência e resignação todas as investidas e  consequentes tormentos que surgiam de todos os lados. 

Pessoalmente Sotero empenhou-se em  visitar lugares subterrâneos e cavernas usadas como refúgio pelos cristãos, levando sua palavra de alento e confiança  aos fiéis cruelmente perseguidos pela causa de Cristo. 

Ele foi um eloquente defensor dos cristãos perseguidos e deixou isso registrado na carta que enviou especialmente para os de Corinto. Os vestígios dela foram encontrados quando Eusébio de Cesaréia entregou a ele a eufórica resposta de Dionísio, bispo de Corinto, em agradecimento pelo conforto que o valoroso papa levou aos corações aflitos pela morte iminente. Afirmava Eusébio: faremos da mesma forma como ainda fazemos com a carta de Clemente (lida ainda após 70 anos) e assim nos aprovisionaremos com a abundância de melhores ensinamentos.

Provavelmente, foi este corajoso apoio que levou ao martírio o papa Sotero, pela perseguição do imperador Marco Aurélio, aos 55 anos de idade.

À medida que iam sendo trucidadas as ovelhas pela ira mortal contra os cristãos, percebeu o Sumo Pontífice que o cerco se fechava cada vez mais e que inevitavelmente tombaria em breve também o pastor. E assim foi. Pela sua carreira de santidade e pureza, firmeza e empenho resoluto, foi martirizado, por ordem de Marco Aurélio, em 22 de abril de 175, sendo, porém, ignorado o gênero de martírio. 

Foi  enterrado em Roma, onde seu corpo descansou até o século IX, durante o pontificado do Papa Sérgio II, que determinou que suas relíquias  fossem trasladadas  para a reconstruída igreja de San Martino ai Monti,  anexa à Igreja de Equício,  junto aos restos mortais de São Silvestre e São Martinho.  Parte de suas relíquias  foram enviadas  para a  Igreja de Toledo e outras para Munique, onde são profundamente veneradas e festejadas por ocasião da sua festa.

São Sotero é considerado o santo padroeiro das necessidades da Igreja.

 

Oração de São Sotero: Senhor, por intercessão de São Sotero, Vos peço as graças que me são necessárias para que eu possa alcançar as virtudes cristãs em busca da santidade. Amém.

Fontes:

http://www.paginaoriente.com/




http://www.santoprotetor.com