Autor: Henrique Sebastião
(vozdaigreja.blogspot.com.br)
O termo “católico”, vem do grego katholikós,
que deriva da combinação de duas palavras: kata, que quer dizer "referente
a", e holos, que significa "totalidade; integralidade,
universalidade". De acordo com o Dicionário Oxford de Etimologia Inglesa,
o termo “católico” surge de uma palavra grega cujo significado é relativo à
“totalidade” algo que é “universal” [1].
Nos seus primeiros anos, a Igreja
era singela e pequena, tanto geograficamente quanto numericamente. Nas
primeiras décadas, a Igreja concentrava-se na área de Jerusalém e era
constituída principalmente de judeus. Entretanto, conforme a Igreja crescia e se
espalhava pelo Império Romano, foi incorporando judeus e gentios, ricos e
pobres, livres e escravos; gregos e romanos, homens e mulheres de toda tribo e
idioma. Por volta do terceiro século, a cada dez pessoas no Império Romano, uma
era cristã, e já eram chamadas de católicas[2]. Do mesmo modo que o
termo “Trindade” foi considerado teologicamente apropriado para falar da
Natureza do Deus Uno, assim também o termo católico para descrever a natureza
do Corpo de Cristo: a Igreja [3].
As igrejas protestantes, assim
como a católica, não são fechadas a um determinado grupo, nação ou cultura. São
universais, isto é, estão abertas a todos que se dispõem a abraçar a sua fé.
Portanto, literalmente falando, não estaria errado dizer que as igrejas
protestantes, em algum sentido, são católicas ou universais. Por outro lado,
historicamente, culturalmente e tradicionalmente, em todo o mundo, o termo
"Igreja Católica" é usado para designar uma só Igreja: a primeira
Igreja, a mais antiga, a que está sediada em Roma e observa a autoridade do
Papa.
Por outro lado, é aqui que a
questão fica mais importante: as igrejas protestantes, sejam as históricas
(como a luterana, a presbiteriana e a episcopal anglicana*), sejam as
pentecostais e neopentecostais, nenhuma delas é apostólica. As igrejas
protestantes começaram a surgir a partir do século XVI, com o protesto do monge
rebelde Martinho Lutero (1483-1546). A dita “reforma” protestante
caracteriza-se, entre outras coisas, exatamente por descartar a autoridade
da Igreja, a obediência ao Papa e à observação à Tradição dos Apóstolos,
centrando-se unicamente na observação das Escrituras (a chamada sola scriptura) e na confissão da Fé em
Cristo (sola fide)[4].
Portanto, não é e nem poderia ser "apostólica" uma igreja que não
observe a Tradição da Igreja, que procede dos Apóstolos.
Nesse sentido, estariam mais
corretas (ou pelo menos seriam mais coerentes) as denominações que adotam
títulos como os da “Igreja Bíblica da Paz”, da “Igreja Bíblica Missionária” ou
“Igreja Pentecostal da Bíblia”, entre tantas outras. As igrejas protestantes
podem pretender o título de "igrejas bíblicas", no sentido de que se
baseiam exclusivamente em sua interpretação particular da Bíblia. Mas nunca,
jamais, o título de "apostólicas". Somente uma Igreja deriva
diretamente do tempo dos Apóstolos e conserva a sua Tradição: a católica
apostólica romana.
E por quê romana? Os
inimigos da Igreja cismam com esse título, sendo que muitos chegam a
diminui-lo, chamando a Igreja apenas de "igreja romana", como se isso
fosse alguma ofensa... Finalizando essa questão, resta entender, então, de uma
vez por todas, que a Igreja Católica Apostólica só é chamada também romana porque o
endereço da sua sede primacial está localizado em Roma. Apenas isso. De fato, a
Igreja, atuando neste mundo, precisa ter um endereço, um referencial físico e
postal, que é o do Bispo de Roma, feito Chefe visível por Cristo. Em
consequência, a Igreja Católica recebe, como uma espécie de
"subtítulo", a designação "romana", e isso em nada
contraria a sua catolicidade ou universalidade. De modo semelhante, Jesus,
Salvador de todos os homens, foi chamado "Nazareno", porque,
convivendo entre os homens, estando no mundo, habitou a cidade de Nazaré: da
mesmíssima maneira se dá com o nome dado à Igreja que Ele instituiu neste
mundo.
[1] ONIONS, C.T. The Oxford Dictionary of English Etymology.
New York, NY: Oxford University Press, 1983
[2] Santo Inácio de Antioquia (Epístola aos Esmirniotas)
[3] São Policarpo de Esmirna (Epístola da Igreja em Esmirna)
[4] DREHER, Martin N. A Crise e a Renovação da Igreja no
Período da Reforma, 4ª ed. S. Leopoldo: Sinodal, 2006, p. 125
& LENZENWEGER, Josef et. al. História da Igreja Católica. São Paulo:
Loyola, 2006