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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Por que a Igreja é Católica, Apostólica e Romana?


Autor: Henrique Sebastião (vozdaigreja.blogspot.com.br)
O termo “católico”, vem do grego katholikós, que deriva da combinação de duas palavras: kata, que quer dizer "referente a", e holos, que significa "totalidade; integralidade, universalidade". De acordo com o Dicionário Oxford de Etimologia Inglesa, o termo “católico” surge de uma palavra grega cujo significado é relativo à “totalidade” algo que é “universal” [1].

Nos seus primeiros anos, a Igreja era singela e pequena, tanto geograficamente quanto numericamente. Nas primeiras décadas, a Igreja concentrava-se na área de Jerusalém e era constituída principalmente de judeus. Entretanto, conforme a Igreja crescia e se espalhava pelo Império Romano, foi incorporando judeus e gentios, ricos e pobres, livres e escravos; gregos e romanos, homens e mulheres de toda tribo e idioma. Por volta do terceiro século, a cada dez pessoas no Império Romano, uma era cristã, e já eram chamadas de católicas[2]. Do mesmo modo que o termo “Trindade” foi considerado teologicamente apropriado para falar da Natureza do Deus Uno, assim também o termo católico para descrever a natureza do Corpo de Cristo: a Igreja [3].

As igrejas protestantes, assim como a católica, não são fechadas a um determinado grupo, nação ou cultura. São universais, isto é, estão abertas a todos que se dispõem a abraçar a sua fé. Portanto, literalmente falando, não estaria errado dizer que as igrejas protestantes, em algum sentido, são católicas ou universais. Por outro lado, historicamente, culturalmente e tradicionalmente, em todo o mundo, o termo "Igreja Católica" é usado para designar uma só Igreja: a primeira Igreja, a mais antiga, a que está sediada em Roma e observa a autoridade do Papa.

Por outro lado, é aqui que a questão fica mais importante: as igrejas protestantes, sejam as históricas (como a luterana, a presbiteriana e a episcopal anglicana*), sejam as pentecostais e neopentecostais, nenhuma delas é apostólica. As igrejas protestantes começaram a surgir a partir do século XVI, com o protesto do monge rebelde Martinho Lutero (1483-1546). A dita “reforma” protestante caracteriza-se, entre outras coisas, exatamente por descartar a autoridade da Igreja, a obediência ao Papa e à observação à Tradição dos Apóstolos, centrando-se unicamente na observação das Escrituras (a chamada sola scriptura) e na confissão da Fé em Cristo (sola fide)[4]. Portanto, não é e nem poderia ser "apostólica" uma igreja que não observe a Tradição da Igreja, que procede dos Apóstolos.

Nesse sentido, estariam mais corretas (ou pelo menos seriam mais coerentes) as denominações que adotam títulos como os da “Igreja Bíblica da Paz”, da “Igreja Bíblica Missionária” ou “Igreja Pentecostal da Bíblia”, entre tantas outras. As igrejas protestantes podem pretender o título de "igrejas bíblicas", no sentido de que se baseiam exclusivamente em sua interpretação particular da Bíblia. Mas nunca, jamais, o título de "apostólicas". Somente uma Igreja deriva diretamente do tempo dos Apóstolos e conserva a sua Tradição: a católica apostólica romana.

E por quê romana? Os inimigos da Igreja cismam com esse título, sendo que muitos chegam a diminui-lo, chamando a Igreja apenas de "igreja romana", como se isso fosse alguma ofensa... Finalizando essa questão, resta entender, então, de uma vez por todas, que a Igreja Católica Apostólica só é chamada também romana porque o endereço da sua sede primacial está localizado em Roma. Apenas isso. De fato, a Igreja, atuando neste mundo, precisa ter um endereço, um referencial físico e postal, que é o do Bispo de Roma, feito Chefe visível por Cristo. Em consequência, a Igreja Católica recebe, como uma espécie de "subtítulo", a designação "romana", e isso em nada contraria a sua catolicidade ou universalidade. De modo semelhante, Jesus, Salvador de todos os homens, foi chamado "Nazareno", porque, convivendo entre os homens, estando no mundo, habitou a cidade de Nazaré: da mesmíssima maneira se dá com o nome dado à Igreja que Ele instituiu neste mundo.

[1] ONIONS, C.T. The Oxford Dictionary of English Etymology. New York, NY: Oxford University Press, 1983

[2] Santo Inácio de Antioquia (Epístola aos Esmirniotas)

[3] São Policarpo de Esmirna (Epístola da Igreja em Esmirna)

[4] DREHER, Martin N. A Crise e a Renovação da Igreja no Período da Reforma, 4ª ed. S. Leopoldo: Sinodal, 2006, p. 125 & LENZENWEGER, Josef et. al. História da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2006