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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Os Dez Mandamentos do Casal


Prof. Felipe Aquino/ Canção Nova
(Trecho extraído do livro: "Família, santuário da vida")
É mais fácil aprender com o erro dos outros do que com os próprios.

Uma equipe de psicólogos e especialistas americanos, que trabalhava em terapia conjugal, elaborou

"Os Dez Mandamentos do Casal".

Gostaria de analisá-los aqui, já que trazem muita sabedoria para a vida e felicidade dos casais.

É mais fácil aprender com o erro dos outros do que com os próprios.

1. Nunca se irritar ao mesmo tempo.

A todo custo evitar a explosão.

Quanto mais a situação é complicada, tanto mais a calma é necessária.

Então, será preciso que um dos dois acione o mecanismo que assegure a calma de ambos diante da situação conflitante.

É preciso nos convencermos de que na explosão nada será feito de bom.

Todos sabemos bem quais são os frutos de uma explosão: apenas destroços, morte e tristeza.

Portanto, jamais permitir que a explosão chegue a acontecer.

Dom Hélder Câmara tem um belo pensamento que diz:

"Há criaturas que são como a cana, mesmo postas na moenda, esmagadas de todo, reduzidas a bagaço, só sabem dar doçura...".

2. Nunca gritar um com o outro.

A não ser que a casa esteja pegando fogo.

Quem tem bons argumentos não precisa gritar.

Quanto mais alguém grita, tanto menos é ouvido.

Alguém me disse certa vez que se gritar resolvesse alguma coisa, porco nenhum morreria...

Gritar é próprio daquele que é fraco moralmente, e precisa impor pelos gritos aquilo que não consegue pelos argumentos e pela razão.

3. Se alguém deve ganhar na discussão, deixar que seja o outro.

Perder uma discussão pode ser um ato de inteligência e de amor.

Dialogar jamais será discutir, pela simples razão de que a discussão pressupõe um vencedor e um derrotado, e no diálogo não.

Portanto, se por descuido nosso, o diálogo se transformar em discussão, permita que o outro "vença", para que mais rapidamente ela termine.

Discussão no casamento é sinônimo de "guerra"; uma luta inglória.

"A vitória na guerra deveria ser comemorada com um funeral", dizia Lao Tsé.

Que vantagem há em se ganhar uma disputa contra aquele que é a nossa própria carne?

É preciso que o casal tenha a determinação de não provocar brigas; não podemos nos esquecer de que basta uma pequena nuvem para esconder o sol.

Muitas vezes, uma pequena discussão esconde por muitos dias o sol da alegria no lar.

4. Se for inevitável chamar a atenção, fazê-lo com amor.

A outra parte tem de entender que a crítica tem o objetivo de somar e não de dividir.

Só tem sentido a crítica que for construtiva; e essa é amorosa, sem acusações e condenações.

Antes de apontarmos um defeito, é sempre aconselhável apresentar duas qualidades do outro.

Isso funciona como um anestésico para que se possa fazer o curativo sem dor.

E reze pelo outro antes de abordá-lo em um problema difícil.

Peça ao Senhor e a Nossa Senhora que preparem o coração dele para receber bem o que você precisa dizer-lhe.

Deus é o primeiro interessado na harmonia do casal.

5. Nunca jogar no rosto do outro os erros do passado.

A pessoa é sempre maior que seus erros, e ninguém gosta de ser caracterizado por seus defeitos.

Toda as vezes em que acusamos a pessoa por seus erros passados, estamos trazendo-os de volta e dificultando que ela se livre deles.

Certamente não é isso que queremos para a pessoa amada.

É preciso todo o cuidado para que isso não ocorra nos momentos de discussão.

Nessas horas o melhor é manter a boca fechada.

Aquele que estiver mais calmo, que for mais controlado, deverá ficar quieto e deixar o outro falar até que se acalme.

Não revidar em palavras, senão a discussão aumenta e tudo de mau pode acontecer em termos de ressentimentos, mágoas e dolorosas feridas.

Nos tempos horríveis da "Guerra Fria", quando pairava sobre o mundo todo o perigo de uma guerra nuclear, como uma espada de Dâmocles sobre as nossas cabeças, o Papa Paulo VI avisou o mundo:

"A paz se impõe" somente com a paz, pela clemência, pela misericórdia, pela caridade.

Ora, se isso é válido para o mundo encontrar a paz, muito mais é válido para todos os casais viverem bem.

Portanto, como ensina Thomás de Kemphis, na Imitação de Cristo:

"Primeiro conserva-te em paz, depois poderás pacificar os outros".

E Paulo VI, ardoroso defensor da paz, dizia:

"Se a guerra é o outro nome da morte, a vida é o outro nome da paz".

Portanto, para haver vida no casamento é preciso haver a paz; e ela tem um preço: a nossa maturidade.

6. A displicência com qualquer pessoa é tolerável, menos com o cônjuge.

Na vida a dois tudo pode e deve ser importante, pois a felicidade nasce das pequenas coisas.

A falta de atenção para com o cônjuge é triste na vida do casal e demonstra desprezo para com o outro.

Seja atento ao que ele diz, aos seus problemas e aspirações.

7. Nunca ir dormir sem ter chegado a um acordo.

Se isso não acontecer, no dia seguinte o problema poderá ser bem maior.

Não se pode deixar acumular problema sobre problema sem solução.

Já pensou se você usasse a mesma leiteira que já usou no dia anterior, para ferver o leite, sem antes lavá-la?

O leite certamente azedaria.

O mesmo acontece quando acordamos sem resolver os conflitos de ontem.

Os problemas da vida conjugal são normais e exigem de nós atenção e coragem para enfrentá-los, até que sejam solucionados, com o nosso trabalho e com a graça de Deus.

A atitude da avestruz, da fuga, é a pior que existe.

Com paz e perseverança busquemos a solução.

8. Pelo menos uma vez ao dia, dizer ao outro uma palavra carinhosa.

Muitos têm reservas enormes de ternura, mas se esquecem de expressá-las em voz alta.

Não basta amar o outro, é preciso dizer isso também com palavras.

Especialmente para as mulheres, isso tem um efeito quase mágico.

É um tônico que muda completamente o seu estado de ânimo, humor e bem-estar.

Muitos homens têm dificuldade nesse ponto; alguns por problemas de educação, mas a maioria porque ainda não se deu conta da sua importância.

Como são importantes essas expressões de carinho que fazem o outro crescer:

"Eu te amo!";

"Você é muito importante para mim";

"Sem você eu não teria conseguido vencer este problema";

"A sua presença é importante para mim";

"Suas palavras me ajudam a viver"...

Diga isso ao outro com toda sinceridade, todas as vezes em que experimentar o auxílio edificante dele.

9. Cometendo um erro, saber admiti-lo e pedir desculpas.

Admitir um erro não é humilhação.

A pessoa que admite o seu erro demonstra ser honesta consigo mesma e com o outro.

Quando erramos não temos duas alternativas honestas, apenas uma: reconhecer o erro, pedir perdão e procurar remediar o que fizemos de errado, com o propósito de não repeti-lo.

Isso é ser humilde.

Agindo assim, mesmo os nossos erros e quedas serão alavancas para o nosso amadurecimento e crescimento.

Quando temos a coragem de pedir perdão, vencendo o nosso orgulho, eliminamos quase de vez o motivo do conflito no relacionamento e a paz retorna aos corações.

É nobre pedir perdão!

10. Quando um não quer, dois não brigam.

É a sabedoria popular que ensina isso.

Será preciso então que alguém tome a iniciativa de quebrar o ciclo pernicioso que leva à briga.

Tomar essa iniciativa será sempre um gesto de grandeza, maturidade e amor.

E a melhor maneira será não "pôr lenha na fogueira", isto é, não alimentar a discussão.

Muitas vezes é pelo silêncio de um que a calma retorna ao coração do outro.

Outras vezes, será por um abraço carinhoso ou por uma palavra amiga.

Todos nós temos a necessidade de um "bode expiatório" quando algo adverso nos ocorre.

Quase que inconscientemente queremos, como se diz, "pegar alguém para Cristo" a fim de desabafar as nossas mágoas e tensões.

Isso é um mecanismo de compensação psicológica que age em todos nós nas horas amargas, mas é um grande perigo na vida familiar.

Quantas e quantas vezes acabam "pagando o pato" as pessoas que nada têm a ver com o problema que nos afetou.

Algumas vezes são os filhos que apanham do pai que chega em casa nervoso e cansado; outras vezes é a esposa ou o marido que recebe do outro uma enxurrada de lamentações, reclamações e ofensas, sem quase nada ter a ver com o problema em si.

Temos que nos vigiar e policiar nessas horas para não permitir que o sangue quente nas veias gere uma série de injustiças com os outros.

E temos de tomar redobrada atenção com os familiares, pois, normalmente são eles que sofrem as consequências de nossos desatinos.

No serviço, e fora de casa, respeitamos as pessoas, o chefe, a secretária, etc., mas, em casa, onde somos "familiares", o desrespeito acaba acontecendo.

Exatamente onde estão os nossos entes mais queridos, no lar, é ali que, injustamente, descarregamos as paixões e o nervosismo.

É preciso toda a atenção e vigilância para que isso não aconteça.

Os filhos, a esposa, o esposo, são aqueles que merecem o nosso primeiro amor e tudo de bom que trazemos no coração.

Portanto, antes de entrarmos no recinto sagrado do lar, é preciso deixar lá fora as mágoas, os problemas e as tensões.

Estas, até podem ser tratadas na família, buscando-se uma solução para os problemas, mas, com delicadeza, diálogo, fé e otimismo.

É o amor dos esposos que gera o amor da família e que produz o "alimento" e o "oxigênio" mais importante para os filhos.

Na Encíclica Redemptor Hominis, o saudoso Papa João Paulo II afirma algo marcante:

"O homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontra com o amor, se não o experimenta e se não o torna algo próprio, se nele não participa vivamente" (RH,10).

Sem o amor a família nunca poderá atingir a sua identidade, isto é, ser uma comunidade de pessoas.

O amor é mais forte do que a morte e é capaz de superar todos os obstáculos para construir o outro.

Assim se expressa o autor do Cântico dos Cânticos:

"O amor é forte como a morte... Suas centelhas são centelhas de fogo, uma chama divina. As torrentes não poderiam extinguir o amor, nem os rios o poderiam submergir." (Ct 8,6-7).

Há alguns casais que dizem que vão se separar porque acabou o amor entre eles.

Será verdade?

Seria mais coerente dizer que o "verdadeiro" amor não existiu entre eles.

Não cresceu e não amadureceu; foi queimado pelo sol forte do egoísmo e sufocado pelo amor-próprio de cada um.

Não seria mais coerente dizer:

"Nós matamos o nosso amor?"

O poeta cristão Paul Claudel resumiu, de maneira bela, a grandeza da vida do casal:

"O amor verdadeiro é dom recíproco que dois seres felizes fazem livremente de si próprios, de tudo o que são e têm. Isto pareceu a Deus algo de tão grande que Ele o tornou sacramento."