Os mulçumanos são pagãos. Não
admitem a divindade de Jesus e odeiam os cristãos. Muitas vezes, em seus
países, os perseguiram duramente, fazendo elevado número de mártires da fé
católica.
Este fato aconteceu em S. João da
Montana, cidadezinha da Palestina.
S. João da Montana foi a terra
natal de S. João Batista, o célebre pregador que teve a gloriosa missão de
preparar o povo judeu a receber o Salvador Jesus.
Os católicos, em São João da
Montana, eram numerosos e possuíam belos e majestosos templos. Eram fervorosos
e frequentavam os atos do culto, celebrados com toda a solenidade do rito.
No ano de 1879, o clero local
resolveu festejar solenemente a festa do Corpo de Deus. Foi organizada uma
grandiosa procissão que lembrasse ao povo a entrada triunfal de Jesus em
Jerusalém.
Muitas vezes Jesus passara por
aqueles lugares abençoando quantos o procuravam. Como habitantes de Jerusalém
queriam, os Montanenses, proclamá-lo seu Rei e eterno Senhor.
O frei José de Jesus,
franciscano, era o sacerdote que oficiava na procissão. Num rico e precioso
Ostensório levava, de braços levantados, o SS.mo Sacramento, visto por toda a
multidão.
O cortejo desfilava
religiosamente, com gravidade, fazendo preces e cantando hinos sacros. O ar
vibrava de notas harmoniosas e vozes piedosas.
O espetáculo era cativante e
impressionante. Algo havia que atraía os corações. Assim, todos os habitantes
da aldeia deixavam suas casas para entrar na procissão. Os católicos nunca
haviam notado tanta afluência de muçulmanos numa manifestação católica. Tão
pouco conheciam o segredo e o milagre que os acompanhavam.
Enquanto os católicos viam no
Ostensório a Hóstia Santa, os Muçulmanos admiravam uma formosíssima criança que
os atraía e cativava. Por isso, deixavam eles as suas casas para seguir a
procissão e apreciar a grandiosa e divina visão.
Eram velhos, mulheres, homens,
meninos, meninas.
Era toda a população a caminhar,
rezar, cantar, olhar para Deus Sacramentado.
A procissão voltou para a igreja.
O Sacerdote disse ao povo que Jesus estava com ele e podia ser feliz.
Abençoou-o com o Santíssimo e terminou a cerimônia Sacra.
Os católicos saíram do templo, de
volta para suas casas. Os muçulmanos, pelo contrário, permaneciam em seus
lugares, olhando para o Tabernáculo. Esperavam que o Sacerdote fosse abrir,
novamente, a portinhola e tirasse a criança guardada na casinha. O Sacerdote
não aparecia.
Foram então à sacristia.
- Padre... vimos lhe pedir para
abrir a portinhola e nos mostrar mais uma vez a criança que carregava na
procissão.
- Absolutamente! Não carreguei
criança alguma... respondeu o religioso. O que segurei era o Ostensório com o
SS.mo Sacramento.
- Não! Todos víamos em suas mãos
uma maravilhosa criança, divina, resplandecente como o sol. Vimo-la durante o
percurso todo da procissão. Não queríamos que o senhor prendesse tão linda
criança naquela casinhola.
Frei José ficou pensativo.
Compreendeu que se havia realizado um milagre. Explicou-o aos mulçumanos.
Disse-lhes que Jesus os convidava para a sua glória.
Na mesma noite toda a aldeia
soube do acontecimento. Uma alegria divina penetrou em todos os corações. O
triunfo eucarístico era a manifestação da prodigiosa visão. A notícia
espalhou-se rapidamente em toda a região, e o milagre de S. João da Montana foi
recebido pelos católicos como uma prova de amor do seu Deus.
O Patriarca de Jerusalém acorreu
logo ao lugar e abriu um rigoroso inquérito. Ouviu católicos e muçulmanos.
Estes, sob juramento, afirmaram ter visto o Menino Jesus na Hóstia. Constou
também que nenhum católico tivera a felicidade e a graça de ver o prodígio
eucarístico.
O fato é histórico. Muitos
muçulmanos se converteram ao catolicismo, convencidos da presença de Jesus na
Hóstia Santa.
Extraído do Livro MILAGRES
DA HÓSTIA SANTA, Edições Paulinas, São Paulo, 1956. p. 07