Gregorio Vivanco Lopes é advogado e colaborador da ABIM
Hoje em dia, quando se fala em “corrupção”, logo se entende
maracutaias financeiras de todo tipo — desvio de dinheiro público,
enriquecimento ilícito, falcatruas, fraudes, negócios escusos... E a lista é
longa, sempre em torno da administração de finanças públicas ou privadas. Em
suma, é tudo aquilo que se encontra sob a influência e proteção do reverenciado Mamon —
“deus” do dinheiro. Em termos católicos, é a transgressão do 7º Mandamento da
Lei de Deus: Não roubarás.
É compreensível que o termo “corrupção” seja assim
entendido, pois são tais e tantas as manobras escusas atualmente no palco da
política, que só são inferiores, provavelmente, àquelas que ainda estão nos
bastidores, ocultas pela pesada cortina do silêncio medroso ou despudorado.
Mas o uso e abuso da palavra “corrupção” com esse
significado, tem deixado na sombra outro sentido dessa expressão, tão ou mais
importante. E isso não é bom. Refiro-me à corrupção moral, a que transgride
outro Mandamento, o 6º: Não pecarás contra a castidade.
A imoralidade mais desbragada enche nossas ruas e praças, os
lugares públicos e privados, os shows, a televisão, o cinema, as revistas
e o que mais se queira. Palavras como recato, decência, pudor, pureza,
virgindade parecem ter sido abolidas do vocabulário cotidiano.
Nesse sentido, a sociedade moderna encontra-se num processo
adiantado de decomposição moral. Caminha-se a largos passos para o nudismo e o
amor livre. E contra isso, com raras exceções, ninguém fala, ninguém se
levanta, ninguém ousa enfrentar. Tem-se horror a Mamon, mas cultua-se Asmodeu —
“deus” da luxúria. No máximo critica-se (por enquanto) a pedofilia, mas apenas
porque constitui um abuso de menores.
Não cabe aqui fazer um levantamento dos males de corpo
e de alma produzidos por esse ambiente carregado de sensualidade e pornografia.
Lembramos apenas um deles, relacionado com a corrupção financeira de que
falamos acima.
Ensina Santo Tomás de Aquino que “pela luxúria,
sobretudo as potências superiores, ou seja, a razão e a vontade, ficam desordenadas” (Suma
Teol. II-II, q. 153, art. 5). Ora, esse desregramento da razão e da vontade
leva a todo tipo de desvios morais e psicológicos, inclusive no campo
financeiro. O impuro facilmente desliza para ser um ladrão, um drogado, um
apóstata, e mesmo um suicida ou um assassino.
Não estou afirmando que toda corrupção financeira ou de
outro gênero provém necessariamente de um desregramento luxurioso. Pode haver
outras causas. Mas, sem querer indicar ninguém em particular, é certo que a
impureza frequentemente conduz a diversas formas de perversão, inclusive
financeira. Trata-se de um gravíssimo problema social.
Outra característica do vício da luxúria, é que ele é
insaciável. A cada novo prazer segue-se uma frustração e, a partir dela, um
desejo de requintar ainda mais. De requinte em frustração e de frustração em
requinte chega-se ao inferno.
Poder-se-iam dar aqui muitos exemplos concretos, mas parece
supérfluo fazê-lo. A pornografia e a imoralidade estão por toda parte e
dispensam apresentação especial.
Baste-nos recordar a sublime exortação do Apóstolo São
Paulo:“Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em
vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis?
Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai, pois, a Deus no vosso
corpo” (I Cor 6, 19-20).
Que a Mater Puríssima, a todos nos ajude.
Fonte: Agência
Boa Imprensa – (ABIM)