DENVER, 21 Set. 12 / 12:22 pm (ACI/EWTN
Noticias).- Dias atrás meios de comunicação no Brasil e no mundo
informaram sobre um papiro que faz referência a uma suposta "esposa de
Jesus", uma afirmação que segundo um destacado perito em Bíblia não
afeta em nada o Cristianismo e a fé Católica, nem prova que Jesus esteve
casado.
O texto em questão é um fragmento
de um papiro escrito em idioma copto no Egito. O escrito tem 4,5 centímetros de
altura por 9 centímetros de comprimento e contém as frases "Jesus lhes
disse: ‘Minha esposa..." e na seguinte linha supostamente diz "ela
poderá ser minha discípula".
A origem do fragmento é
desconhecida, mas foi examinado pela primeira vez em 1980. Parece ser do século
IV, seu dono permanece anônimo e tenta vender sua coleção à Universidade de
Harvard. A historiadora da Divinty School desta universidade norte-americana,
Karen L. King, apresentou o papiro em Roma em um congresso internacional de
estudos coptos.
Mark Giszczak, um perito biblista
do Augustine Institute de Denver (Estados Unidos) comentou que este tipo de
papiros que são usados para tentar gerar controvérsia sobre se Jesus esteve
casado ou não "procuram na verdade reviver o fantasma do Código Da Vinci’,
o romance de Dan Brown".
Em declarações ao grupo ACI,
o catedrático assinalou que o interesse neste tipo de fontes "nasce da
obsessão de tentar ver Jesus como alguém que não foi especial, um simples
professor humano em vez do próprio Filho de Deus".
"Jesus, o Verbo encarnado,
confronta cada nova geração com suas radicais afirmações sobre seu ser Deus e
ter morrido pelo mundo. A história de sua vida não deve ser reescrita, e
sim recebida e crida", ressaltou.
Giszczak explicou ademais que a Igreja
Católica desde seus tempos mais remotos jamais ensinou que Jesus esteve
casado e que no Novo Testamento inteiro não se afirma uma só vez que Ele teve
uma esposa.
"Um texto do século IV que
afirma que Jesus disse ‘minha esposa’ não muda o que sabemos sobre Jesus no
Novo Testamento. Ao contrário, isto nos mostra que alguns coptos do século IV
acreditavam que Jesus esteve casado, uma crença que contradiz os
Evangelhos".
O perito ressaltou que o profeta
Jeremias e judeus do século I praticaram o celibato, enquanto que próprio Jesus
no capítulo 19 de Mateus alenta sua prática.
Outros peritos coptos também
questionaram a autenticidade do fragmento, informou a agência Associated Press.
Criticam sua aparência, a gramática, a falta de contexto e sua origem ambígua.
Em declarações ao jornal
americano The New York Times, a própria pesquisadora Karen L. King advertiu que
o papiro não deveria ser usado como "prova" de que Jesus esteve
casado. Entretanto, esse mesmo jornal e outros meios afirmaram que a descoberta
poderia "reavivar" o debate sobre se Ele realmente teve esposa ou se
teve discípulas.
Mark Giszczak rechaçou esta
perspectiva e explicou que o Novo Testamento mostra que Jesus teve seguidoras
que estiveram com ele na crucificação, incluindo Santa Maria Madalena, mas não
menciona nenhuma esposa.
Giszczak disse que as pessoas
devem estar "alertas" ante estas novas descobertas e por isso
"devem esperar que todos os fatos sejam esclarecidos”. Novos textos devem
“ser examinados à luz do Novo Testamento e dos ensinamentos da Igreja".
Documentos não canônicos sobre
Jesus já foram fonte de sensacionalismo no passado.
Um investigação na National
Geographic Society sobre o evangelho de Judas, um texto escrito no século II
por uma seita gnóstica hereje, foi exibido no Domingo de Ramos de
2008.
O projeto afirmou que o texto
mostrava Judas em uma perspectiva positiva, mas proeminentes estudiosos
criticaram o documentário por promover uma tradução errônea, e acusaram a
produção de exploração comercial e imperícia acadêmica.