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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O que é uma Relíquia dos Santos?

por Mendes Silva
Relíquia é aquilo que resta dos corpos dos santos ou os objetos que estiveram em contato com Cristo ou com os santos. As relíquias são veneráveis porque os corpos dos santos foram templos e instrumentos do Espírito Santo e ressuscitarão um dia na glória (Conc. de Tr. 25).

A palavra relíquia tem origem no latim reliquiae, resto. Uma relíquia é um memória física, fragmento de osso ou um objeto que tenha alguma relação com um(a) Santo(a), aos quais nós cristãos prestamos veneração ou reverência. Na Igreja sempre teve um valor muito grande, porque nos transporta a um momento histórico concreto como um resto, uma presença, uma passagem histórica. Outro valor que tem a relíquia é a relação física que o Santo teve com a Eucaristia, com o Senhor Deus, uma relação também sagrada. O valor do corpo de um batizado, pela união da graça, é um corpo-templo do Espírito Santo. Mas o corpo de um Santo é ainda mais comunhão de graça com Deus, porque viveu na sua carne esta santidade, e o seu corpo foi habitado pela mesma Graça em maneira solene. A relíquia permite manter-nos quase em contato com este corpo. Na história, as relíquias tiveram também um papel importante no combate contra o espírito do mal, porque a relíquia não é amada pelo diabo, pois é a realidade física que teve uma relação especial com a graça.

Sempre devemos manter a Hierarquia. O primeiro lugar ocupa a Eucaristia; depois temos a Palavra de Deus e finalmente as relíquias, incluindo as imagens sagradas, recordando que, as imagens são finalizadas para a oração.

É importantíssimo reconduzir à justa devoção pela relíquia, porém é fácil cair na superstição. A relíquia não é um amuleto. Então: vou à Igreja, primeiro ajoelho-me diante da Eucaristia, depois vou venerar o Santo, porque sinto a sua proteção. O Santo intercede por nós e nós podemos pedir ao Santo, por sua vez, que interceda junto do Senhor, fim último da nossa oração. Quando beijo a relíquia de um Santo é como se beijasse a misericórdia de Deus que se realizou naquele Santo. Quando oro diante do corpo de um Santo, agradeço a Deus que conduziu esta pessoa no caminho rumo à Santidade.

Já os hebreus conservavam religiosamente as relíquias: Moisés levou do Egito o corpo de José (Ex. 13, 19); os cristãos imitaram-lhe o exemplo. Santo Inácio de Antioquia foi lançado no anfiteatro de Roma às feras, que lhe não deixaram senão ossos; os seus discípulos procuraram-nos de noite e levaram-nos para Antioquia (no ano 107). O mesmo se fez a S. Policarpo, bispo de Esmirna (166), queimado vivo; os seus restos foram considerados joias preciosas. Os túmulos dos mártires foram, desde a mais alta antiguidade, os sítios onde se construíram Igrejas e altares para aí celebrar o Santo Sacrifício. Muitas relíquias se guardam em relicários de prata, como a Cruz de Cristo (“lignum crucis“) e o presépio de Belém.

Santo Agostinho conta uma multidão de curas e a ressurreição de duas crianças obtidas na África do Norte pelas relíquias de S. Estevão. Já no Antigo Testamento vemos um morto ressuscitar ao contato dos ossos do profeta Eliseu (4 Reis, 13, 21).

Nada de estranho há nisso, pois ao simples tocar da veste do Messias, quantos não foram curados (Mt 9, 22)? A simples passagem da sombra de S. Pedro curava doentes (At 5, 15), ou os lenços e aventais de S. Paulo (At 19, 12). É evidente que o milagre não é produzido materialmente pelas relíquias, mas pela vontade de Deus. Não há, pois, superstição alguma nas peregrinações do povo cristão a certos lugares em que Deus obra milagres pelas relíquias ou imagens dos santos (S. Agostinho).

Lembremo-nos que o Catecismo da Igreja Católica nos ensina que: Veneração das relíquias e religiosidade popular: §1674 A RELIGIOSIDADE POPULAR: Além da liturgia sacramental e dos sacramentais, a catequese tem de levar em conta as formas da piedade dos fiéis e da religiosidade popular.

O senso religioso do povo cristão encontrou, em todas as épocas, sua expressão em formas diversas de piedade que circundam a vida sacramental da Igreja, como a veneração de relíquias,  visitas a santuários, peregrinações, procissões, via-sacra, danças religiosas, o rosário, as medalhas etc.

Fiquem com Deus.

In corde Iesu et Mariae,

Mendes Silva – Apostolado Spiritus Paraclitus