INTRODUÇÃO
O Concílio Vaticano II
(1962-1965), desde seu anúncio pelo Papa João XXIII, a 25 de janeiro de 1959,
provocou profundo entusiasmo em Dom Helder Camara (1), acendendo em sua mente,
incontáveis sonhos e projetos acerca de uma igreja mais evangélica e ecumênica,
mais próxima dos pobres, empenhada no desenvolvimento dos povos e na sua mútua
compreensão, capaz de propiciar um diálogo entre o norte e o sul do mundo, de
colaborar na promoção da paz e da cooperação internacional, interlocutora dos
meios de comunicação social e da cultura moderna.
O entusiasmo inicial foi porém
mitigado pelas inumeráveis dificuldades do período preparatório, pelo pesado
manto de segredo oficial que cobriu os trabalhos desta fase, fazendo com que os
próprios bispos se sentissem à margem de tudo, até às vésperas do grande
evento.
Dom Helder, como consultor da
Comissão dos Bispos e Governo das Dioceses foi um dos sete bispos, entre os dez
brasileiros (2), que tomaram parte numa das dez comissões preparatórias ou num
dos quatro Secretariados do Concílio, criados em 5 de junho de 1960. Mas mesmo
estes bispos estavam escassamente informados, pois desconheciam o andamento das
outras comissões que trabalhavam paralelamente umas às outras, sem comunicação
entre si, e encaminhando seus resultados apenas para a Comissão Central.
Dom Helder, às vésperas do
Concílio, está inquieto e confia ao fiel amigo Manoelito, Dom Manuel Larrain,
bispo de Talca no Chile, suas apreensões e mesmo desalento:
"Vejo o Concílio
aproximar-se. Até hoje, nem sequer o Temário nos chegou. Humanamente, não há
muito como esperar [...] Mesmo assim, irei ao Concílio. Será a suprema
oportunidade, porque o Santo Padre nos mandou falar como Bispos. Na medida em
que o pudermos fazer, faremos. De julho para cá, a situação só tem piorado. O
Temário do Concílio, até hoje não chegou ao Brasil". (3)
1. DOM HELDER, ATOR CONCILIAR
Uma vez em Roma, a alocução do
Papa João XXIII de abertura ao Concílio, a Gaudet Mater Ecclesia - Alegra-se a
Mãe Igreja, na manhã do dia 11 de outubro de 1962, devolveu-lhe novamente a
esperança e o entusiasmo.
Dois dias depois, em sua primeira
Congregação Geral, a 13 de outubro, os trabalhos conciliares apenas iniciados,
foram suspensos dez minutos depois, por intervenção do Cardeal Achille Liénart,
secundado pelo Cardeal J. Frings, arcebispo de Colônia na Alemanha, falando
igualmente em nome do Cardeal Julius Döpfner de Munique e do Cardeal Franz
König de Viena, na Aústria, que se recusavam a votar a lista dos integrantes
das Comissões conciliares, sem uma consulta prévia entre os membros do Concílio
(4). Diante da perplexidade geral, o Secretário do Concílio, o Arcebispo
Pericle Felici consultou o Conselho de Presidência e o Cardeal Eugène
Tisserrant que presidia a sessão suspendeu os trabalhos por quatro dias.
A imprensa captou a
transcendência desse gesto da Assembléia que aplaudiu as intervenções, deixando
transparecer nos títulos das manchetes sua interpretação do evento:
"Terminou o predomínio da Cúria Romana"; "A Rebelião dos
Bispos"; "A Ala Renovadora impõe uma Lista Internacional";
"Os Bispos europeus rejeitam os candidatos de Ottaviani"; "Luta
feroz entre duas tendências" e assim por diante (5). De fato, saia de cena
a Cúria Romana, cujos prefeitos haviam presidido cada uma das Comissões Preparatórias
do Concílio e ocupavam o cenário novos atores, os episcopados recém-chegados a
Roma e, de modo particular, as Conferências Episcopais e o único organismo de
caráter continental em toda a Igreja, o Conselho Episcopal Latino-americano, o
CELAM.
Dom Helder, secretário da
Conferência Episcopal brasileira, a CNBB e vice-presidente do CELAM, lançou-se,
de corpo e alma, junto com Dom Manoel Larrain, seu colega na vice-presidência
do CELAM, nos esforço de articulação com as demais conferências episcopais,
para comporem a nova lista de nomes para as Comissões Conciliares, em
substituição às Comissões da fase preparatória que a Secretaria Geral do
Concílio, queria ver transformadas nas Comissões permanentes do próprio
Concílio. Isto perpetuaria o controle que a Cúria Romana havia exercido sobre
toda a etapa de preparação do Concilio.
Começava ali a singular aventura
do "Dom", como era carinhosamente chamado pelos amigos, durante os
quatro anos do Concílio Vaticano II (1962 a 1965) que o transformariam, do relativamente
pouco conhecido arcebispo auxiliar do Rio de Janeiro, num dos personagens mais
influentes na cena internacional da igreja contemporânea.
2. DOM HELDER, UM DOS
ARTICULADORES DO CONCÍLIO E O REGISTRO DE SUA AÇÃO NUM SINGULAR
"DIÁRIO": AS CARTAS CONCILIARES
Do Concílio, legou-nos Dom
Helder, uma espécie de diário íntimo, consignado em 297 cartas escritas, quase
diariamente, durante as quatro sessões do Concílio e durante a intersessão de
1963/64.
Destas, sete que foram escritas
durante a primeira sessão conciliar em 1962, encontram-se perdidas. Os
originais das demais estão depositados atualmente na Fundação "Obras de
Frei Francisco", no Recife.
Estas cartas foram dirigidas a um
pequeno grupo de colaboradores e principalmente colaboradoras do Rio de Janeiro
e depois do Recife, que Dom Helder chama de "família do São Joaquim"
(6), "família de Messejana (7)" ou ainda "família messejanense e
olindo-recifense (8)". O Concílio Vaticano II foi, para Dom Helder, a ocasião
para ingressar numa série de articulações internacionais e grupos de trabalho,
muitos das quais por ele sugeridos e animados, ganhando a partir daí uma
plataforma de ação de raio cada vez mais amplo. (9).
Dom Helder não chegou porém ao
Concílio de mãos vazias. Sua atuação como Assistente Nacional da Ação Católica
Brasileira e de todos os seus ramos especializados, colocara-o em contato
estreito com o laicato, dera-lhe uma visão geral do Brasil e de sua igreja, com
seus valores e problemas, por vezes, dramáticos; o havia inserido na rede
latino-americano e internacional estabelecida pela Ação Católica. Esta o
levaria, como assistente eclesiástico da delegação brasileira de leigos da Ação
Católica, à sua primeira viagem a Roma, durante o Ano Santo de 1950, por
ocasião do I Congresso Internacional dos Leigos.
Ali, encontrara-se com o Papa Pio
XII que o encaminhara ao seu sub-secretário de Estado, Mons. Giovanni Baptista
Montini, o futuro Papa Paulo VI, a quem submeteu, nesta e na viagem seguinte,
em 1951, sua proposta de criação de uma Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil.
Nasceu entre esses dois homens de
Igreja, mútua confiança e amizade que possibilitarão a Dom Helder dirigir-se,
muitas vezes, durante o Concílio, diretamente ao Cardeal Montini e depois ao
Papa Paulo VI, confiando-lhe sugestões e expondo-lhe temores e esperanças.
Veio Dom Helder ao Concílio, não
como um bispo isolado, mas como secretário geral, há exatos dez anos
(1952-1962) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a terceira
conferência mais numerosa do mundo todo, só suplantada pela italiana e a
norte-americana.
Chegava também no quadro do único
continente que contava com um organismo de articulação, a América Latina onde,
desde 1955, fora fundado o CELAM, Conselho Episcopal Latino-americano, do qual Dom
Helder era um dos dois vice-presidentes, sendo o outro Dom Manuel Larraín do
Chile. Este será eleito, logo no ano seguinte, seu presidente (1963-1966). Dom
Helder tinha profunda consciência de que a CNBB e o CELAM eram suas
"plataformas" de ação e articulação, como deixa claramente consignado
em carta de 1963, ao ser eleito Dom Larrain, presidente do CELAM e, ele mesmo,
reconduzido à primeira vice-presidência (1963-1965):
"Houve eleição no CELAM. A
América Latina inteira quis como presidente o querido Manoelito (Mons. Larraín)
e elegeu o Dom (10) para 1 º Vice. Há o consolo de ver que a dupla fraterna não
está sem cobertura. A posse, se Deus quiser, será amanhã, na presença do
Cardeal Confalonieri e de Mons. Samoré... Telegrafamos ao Santo Padre comunicando
a eleição e pedindo a benção... A eleição facilita o trabalho do Ecumênico. Se
eu saísse da CNBB e do CELAM (é claro que eu já aceitara a oferenda), em rigor
perderia a base para atuar nas reuniões de 6 ª feira [as reuniões do
Ecumênico]". (11).
Da sua formação no Seminário da
Prainha, em Fortaleza, havia herdado o domínio da língua francesa transmitida
pelos padres lazaristas franceses, além do conhecimento do latim, instrumentos
que, durante o Concílio, lhe foram essenciais, junto com o inglês meio periclitante,
para seus contatos com os outros padres conciliares, mas também com jornalistas
e a televisão.
A imediata cooperação nascida
entre Dom Helder e o Pe. Miguel (pseudônimo em suas cartas conciliares, para
Leo Joseph Suenens, o cardeal arcebispo de Malinas-Bruxelas, membro da Comissão
de Assuntos Extraordinários na primeira sessão conciliar, da Comissão de
Coordenação criada ao final da primeira sessão, um dos quatro moderadores que
passaram a presidir as Congregações Gerais, a partir do início da segunda
sessão e, certamente, um dos mais influentes padres conciliares), assim como
com o secretário do Episcopado francês, Roger Etchegaray, permitiram a Dom
Helder fazer parte do grupo seleto dos que podiam exercer alguma influência
sobre a imensa e heterogênea massa dos padres conciliares.
3. UMA ATUAÇÃO CONCERTADA VIA
GRUPOS INFORMAIS: O "ECUMÊNICO", "A IGREJA DOS POBRES", O
"OPUS ANGELI".
Gostaria de destacar, finalmente,
alguns dos grupos dos quais participou Dom Helder, ampliando seu raio de ação e
influência durante o Concílio.
3.1. O ECUMÊNICO
À raiz da bem sucedida
experiência da primeira semana no Concilio, para a constituição da lista de
nomes para as comissões conciliares, surgiu a idéia da formação de um grupo de
trabalho informal que reunisse representantes das principais conferências
episcopais, com vistas a intercambiarem informações e pontos de vista,
estabelecer uma coordenação entre si, a proporem iniciativas e a agilizarem o
próprio andamento do Concílio. A iniciativa ficou conhecida como "Grupo da
Domus Mariae" (12), do nome do local, onde se reuniam os bispos;
"Grupo da Terça-feira", mesmo que, posteriormente, suas reuniões
acontecessem na Sexta-feira; "Interconferência" devido ao fato de
congregarem representantes de conferências nacionais ou regionais (África, Ásia
e América Latina); "Grupo dos 22", do número inicial das
conferências, embora estas já fossem cerca de 30 na quarta sessão (1965) e
ainda o "ECUMÊNICO", como gostava de chamá-lo Dom Helder.
Na pesquisa de Caporale, um
jornalista norte-americano que tenta levantar, durante a segunda sessão (1963),
as figuras mais influentes do Concílio, Dom Helder surge no grupo das dezoito
personalidades de proa e o grupo da Domus Mariae, como o mais significativo:
"[...] pudemos identificar
quatro grupos informais de bispos que se encontram regularmente em diversos
lugares [...] De longe, o mais importante e eclético destes grupos informais
foi o organizado pelos bispos brasileiros na Domus Mariae... entre os
animadores deste grupo que se reunia regularmente, cada sexta-feira, estava o
arcebispo Helder Câmara". (13).
Neste intercâmbio entre
conferências episcopais, Dom Helder carregava uma preocupação mais entranhada,
a de abrir espaço para um verdadeiro diálogo e cooperação entre o norte e o sul
do mundo, entre desenvolvidos e subdesenvolvidos. Para isto, moveu céus e
terras, primeiro para atrair os episcopados da África e da Ásia e depois para
conseguir espaços institucionais para a temática do terceiro mundo como no caso
do seu apelo insistente ao Cardeal Suenens para que ajudasse a patrocinar a
criação, junto à Comissão de Assuntos Extraordinários do Concílio, de um
"Secretariado especial para as questões da Pobreza e do Terceiro
Mundo". (14).
Não esconde seu entusiasmo,
depois da conferência que convocara para o "diálogo dos dois mundos":
"19:30 do dia 29
(29-11-1962). Houve o início do diálogo entre os Dois Mundos. Foi emocionante.
Ali, estava na presidência, o sucessor e Mercier (15), que se mostrou
absolutamente à altura da missão que a Providência lhe confia... Ali estava um
resumo altamente representativo do Mundo sub-desenvolvido e do Mundo
desenvolvido. O Pe. Houtart (16) correspondeu de todo às nossas esperanças.
Abri o diálogo de que participaram interessadíssimos os dois Mundos. Mas grande
mesmo foi Suenens ao encerrar o encontro. Disse verdades fortes e de maneira
admirável." (17).
3.2. A IGREJA DOS POBRES
O outro grupo que ajudou a criar,
ao qual foi fiel até o fim e onde se sentia espiritual e humanamente em casa,
foi o da "IGREJA DOS POBRES". Na primeira sessão de 1962, havia
juntamente com ele, outros oito brasileiros que se converteriam em 16 na
terceira sessão, num total de 86 padres conciliares. Estava inspirado no
itinerário de Paul Gauthier que escrevera, a partir de sua experiência de
operário em Nazaré, o livro "Jesus, a Igreja e os Pobres".
Acompanhava-o Marie-Therèse Lescase, religiosa carmelita egressa que fora
igualmente viver pobremente em Nazaré. Gauthier conseguiu sensibilizar um grupo
importante de bispos e peritos, entre os quais o Pe. Yves Congar O.P. que
escrevera um texto provocativo e profundo como proposta eclesial: "Pour
une Église servante et pauvre", "Por uma Igreja servidora e
pobre". Ao grupo, juntaram-se bispos que estavam próximos da espiritualidade
dos Irmãos e Irmãzinhas de Charles de Foucauld, dos padres operários, da Missão
da França e bispos que vinham do terceiro mundo, angustiados com a miséria das
grandes maiorias e preocupados em encontrar saídas para sua pobreza e
desamparo.
Dom Antônio Fragoso, bispo
emérito de Crateús, deixou-nos um depoimento sobre o grupo que se reunia no
Colégio Belga:
"O grupo começou na primeira
sessão. Tínhamos como secretários Paul Gauthier e Marie-Therèse Lescase. O tema
era a Igreja e os Pobres, começando pela identidade entre Jesus e os pobres.
Lembro-me do argumento central: quando afirmamos a identidade entre Jesus e o
pão consagrado: ‘isto é meu corpo’, nós [o] adoramos e tiramos conseqüências
para nossa espiritualidade, liturgia e tudo o mais. Quando [se] afirma a
identidade entre ele e os que não tem pão, casa, nós não tiramos as
conseqüências para a espiritualidade, liturgia, ação pastoral. Lembro-me de
que, na sessão final, fomos celebrar, numa das Catacumbas, a eucaristia final.
Assinamos um compromisso nosso com os pobres: dar uma atenção prioritária aos
pobres (não ter dinheiro em banco, patrimônio), e este compromisso chegou a ser
assinado por 500 bispos".
Mas o mesmo Dom Fragoso
constatava com uma ponta de tristeza:
"[O Concílio] permitiu-me
descobrir que os pobres não estavam no coração e no horizonte dos bispos. Por
isto, o Concílio não deu maior atenção ao tema. O Concílio permitiu-me sair
daquele pessimismo sobre a natureza e dar-me alegria, mas não o vi se
reconciliando com os pobres". (18).
Pode-se reconhecer que o grupo
não alcançou o que esperava institucionalmente do Concílio, mas teve uma
profunda repercussão espiritual e profética, espelhada no Pacto das Catacumbas,
onde estão arrolados os compromissos que assumiam os seus signatários, na sua
vida quotidiana e no seu trabalho pastoral, em relação aos pobres e a uma vida
pessoal de pobreza. (19).
Com Helder, consciente de que o
Concílio não respondera, nem mesmo com a Gaudium et Spes, às necessidades e
expectativas do Terceiro Mundo, arrancara de Paulo VI, a promessa de uma
encíclica que tratasse do "desenvolvimento dos povos", que se
concretizou na divulgação da Populorum Progressio, em 1967.
Consciente também de que o sonho
de João XXIII de uma "Igreja dos Pobres" não conseguira empolgar o
Concílio, lutará para que, na América Latina, esta se tornasse a questão
eclesial mais importante. De fato, em 1968, na II Conferência Geral do
Episcopado Latino-americano, o documento 14, consagrado à eclesiologia, terá
como título e conteúdo "Pobreza na Igreja". (20).
3.3. O OPUS ANGELI
Outro feito decisivo de D. Helder
Camara no Concílio foi conseguir que os melhores teólogos e peritos ali
presentes começassem a trabalhar em conjunto e em estreita colaboração com os
bispos reunidos no "Ecumênico" e na "Igreja dos Pobres".
Esse mesmo grupo de teólogos prestou inestimável serviço aos bispos do Brasil,
por meio das conferências da Domus Mariae, que na soma das três últimas sessões
alcançaram o respeitável número de 84, às quais devem ser acrescentadas outras
dez da primeira sessão (21). A essa força tarefa, já esboçada entre Dom Helder,
Larrain e o Pe. François Houtart (22) de Lovaina na Bélgica, que desempenhou o
papel de seu secretário, foi dado o nome de "OPUS ANGELI", a Obra dos
Anjos. Esta trabalhou durante as sessões, mas também nas inter-sessões, no
sentido de oferecer textos alternativos aos esquemas provindos da etapa
preparatória do Concílio, de preparar intervenções para serem lidas na aula
conciliar, de assessorar os bispos nas questões mais complexas, de elaborar
"modos" substitutivos para determinadas passagens dos esquemas
submetidos a votação. Um dos teólogos mais importantes deste século, o Pe. Yves
Congar e que colaborou estreitamente com Dom Helder e com os grupos por ele animados,
tornando-se um pouco o coordenador do "Opus Angeli", percebeu logo no
primeiro encontro entre ambos, a importância de Dom Helder e de sua liderança
que aportava ao Concílio algo mais que faltava aos outros: uma
"visão", no sentido do visionário, daquele que enxerga longe e com
largueza de vistas. Congar anota no seu diário a 21 de outubro de 1962:
"Puis arrive Helder Câmara,
secretaire du CELAM (23). C’est extraordinaire: aujourd’hui même, à midi, ils
ont parlé de moi et ont dit qu’il faudrait me faire venir. Après avoir bavardé
un bon moment, nous allons dans une salle, où se réunissent avec nous une
douzaine de jeunes évêques. Ils m’interrogent. Mgr. Helder même: un homme non
seulement très ouvert, mas plein d’idées, d’imagination et d’enthousiasme. Il a
ce qui manque à Rome: la ‘vision’ (24).
Dias depois, em circular à sua
"família" de colaboradores no Rio de Janeiro, Dom Helder comentando
sobre as pessoas que mais o haviam impressionado como homens de Deus em Roma,
chega ao teólogo dominicano:
"- o Pe. Yves Congar, cuja
visão da Igreja, cujo ecumenismo, cuja caridade e cuja cultura extraordinária,
brilham ainda mais pela humildade que ele encarna." (25).
4. AULA CONCILIAR x TRIBUNA DOS
MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Dom Helder, finalmente, alcançara
um agudo senso de que mais do que as palavras e documentos, o que realmente
chegava às pessoas e as tocava, eram determinados gestos e símbolos e que era
pelas imagens que se fixava no povo o sentido do Concílio.
Estava sempre em busca destes
gestos que pudessem causar impacto. Ao Papa João XXIII, havia proposto uma
celebração final que abandonasse o fasto barroco da Roma pontifícia e primasse
pela simplicidade e profundidade dos gestos. Repete a mesma proposta ao Papa
Paulo VI e exulta quando alguns destes sinais são por ele incorporados à
celebração de encerramento do Concílio.
Possuía clara consciência de que
o Concílio operava em várias plataformas distintas:
- os debates durante as
Congregações Gerais e, para tanto, empenhava-se, via Ecumênico, Igreja dos
Pobres, CNBB, CELAM, que chegassem à Aula Conciliar intervenções vigorosas e
norteadoras para os trabalhos conciliares, de preferência intervenções
coletivas e que apontavam para um amplo consenso prévio;
- nas Comissões de Trabalho onde
os textos eram elaborados, refeitos e limados para serem submetidos à votação e
foi ali operoso, dando sua contribuição sucessivamente nas Comissões dos Bispos
e Governo das Dioceses, na do Apostolado dos Leigos e na do Esquema XIII,
convertido na Gaudium et Spes;
- na conversão dos corações e das
mentes e, neste particular, cuidou para que o episcopado, tanto brasileiro como
o latino-americano, estivessem em contato com as correntes espirituais e
teológicas que moviam o Concílio. O melhor exemplo deste empenho foram as
Conferências da Domus Mariae, em número de 94, ao longo das quatro sessões
conciliares, promovidas pelo Episcopado brasileiro e o ciclo de conferências
organizado pelo CELAM, embora em menor número e sem o caráter sistemático e a
mesma repercussão alcançada pelas da Domus Mariae (26).
Ainda que não tenha falado
nenhuma vez na Aula Conciliar, Dom Helder preparou algumas intervenções
notáveis depositadas por escrito na Secretaria Geral. Nelas transparece
claramente sua preocupação com os rumos do Concílio, com seu método de
trabalho. Deixa patente em todas elas sua visão de caráter mais abrangente e
estratégico frente aos grandes problemas contemporâneos e às responsabilidades
e missão da Igreja (27).
4.1. O "VOTUM" E AS
INTERVENÇÕES POR ESCRITO DE DOM HELDER
Logo que o Secretário de Estado,
Cardeal Domenico Tardini, escreveu a 18 de junho de 1959, em nome de João
XXIII, a todos os bispos e prelados do orbe católico, solicitando suas
sugestões para a agenda conciliar, Helder Camara aprestou-se a enviar sua
resposta, com data de 15 de agosto de 1959 (28).
Trata-se de um texto conciso de
duas páginas e meia, mas que difere extraordinariamente do estilo de respostas
enviadas pela maioria do episcopado mundial.
Em primeiro lugar, Dom Helder
expressa-se com liberdade e ousadia, propondo logo de início que o latim não
seja a única língua do Concílio, pois fora do círculo estreito da Cúria e das
Universidades Romanas o idioma de Virgílio não era mais de uso corrente. Afirma
que dentre os bispos do Brasil apenas uns 5% seriam capazes de se expressar com
fluência, oralmente ou por escrito, em latim e que o panorama não deveria ser
muito diverso em outras partes do mundo.
Inquieta-se com a mole imensa de
propostas que certamente chegariam às mãos dos encarregados da preparação do
Concílio e com um bom método para navegar neste grande mar de temas e
problemas. Adianta a sugestão de que várias comissões se ocupassem dos
distintos problemas e sob o título de "Por uma situação mais feliz do
mundo", propõe que a matéria conciliar fosse agrupada em seis grandes
áreas: economia, artes (belas artes), ciências, política, questões sociais e,
finalmente, religiosas.
Sua preocupação maior entretanto
é com o enfoque das questões. Para ele, o que deve presidir a reflexão e a ação
dos padres conciliares é a situação dos povos e pessoas menos cultos,
refletindo a mesma preocupação do bispo Agostinho, quando escrevia o seu De
cathechisandibus rudibus.
Enquanto muitos falam do conflito
entre as grandes potências do Oriente e do Ocidente no quadro da guerra fria,
Dom Helder propõe que o Concílio volte sua atenção para os 2/3 da humanidade
que estão submersos na fome e na miséria. Pergunta-se qual a força que poderia
vir em socorro desta humanidade sofredora e desamparada: o cristianismo ou o
comunismo? Pensa que na América Latina, a Igreja, por intermédio do CELAM,
poderia ter uma atuação mais eficaz do que a própria Operação Pan-americana
proposta pelos chefes de Estado do continente, para ir de encontro aos seus
problemas. Propõe que as igrejas situadas nos países mais ricos do hemisfério
(Canadá e Estados Unidos) se empenhassem numa ação conjunta com os demais
países da América e do Caribe para superar a grave situação do continente.
Pensa, entretanto, que a mesma preocupação devia estender-se aos povos
empobrecidos da Ásia e da África, pelas mesmas razões positivas que levaram a
Igreja, no passado, a se dirigir aos pagãos e aos bárbaros, e não simplesmente
para se opor ao comunismo.
Por conta de suas funções no
CELAM expressa ainda o seu compromisso de dedicar-se, de corpo e alma, para
melhorar situação de todos os povos da América Latina e do Caribe,
compreendidos dentro do raio de ação do Conselho.
Esse respiro amplo, que
ultrapassa os limites da Arquidiocese do Rio de Janeiro, onde era arcebispo
auxiliar (1952-1964), ou da Arquidiocese de Olinda e Recife da qual se tornou
arcebispo em 1964; os limites do Brasil de cuja conferência episcopal era o
secretário geral; os limites da América Latina, de cujo principal organismo
eclesial, o CELAM, era um dos vice-presidentes, dilata-se em direção às outras
regiões do Terceiro Mundo e à humanidade em seu todo. O seu votum já anuncia,
em estado nascente, mas com firme convicção, o norte que guiará a sua atuação
no Concílio, o da mesma paixão que animava o apóstolo Paulo, a sollicitudo
omnium ecclesiaram, a "solicitude por todas as Igrejas".
Dentre as dez intervenções por
escrito de Dom Helder, selecionamos algumas que estão voltadas para os rumos
gerais do Concílio.
Em 21 de novembro de 1962, quando
chegava ao fim o I período conciliar e que a Assembléia buscava afanosamente
definir a pauta dos trabalhos e encontrar um eixo orientador para o Concílio,
Dom Helder, soma-se a outros doze bispos da Europa, Oriente Médio, África, Ásia
e América Latina (29), para solicitar a João XXIII que, imediatamente depois da
discussão sobre a Igreja, Lumen Gentium, o Concílio se voltasse para as grandes
questões que afligem a humanidade e que poderiam ser agrupadas em quatro
vertentes principais:
a) Problemas relativos ao
exercício da justiça e da caridade fraterna, tanto pessoal quanto social,
principalmente em relação aos povos em vias de desenvolvimento. Os subscritores
evocam a preocupação de João XXIII, expressa na sua alocução radiofônica
pronunciada um mês antes da abertura do Concílio: "La Chiesa se presenta
quale è, e vuole essere, come la Chiesa di tutti, e particularmente la Chiesa
dei poveri" (30).
b) Problemas relativos à paz e à
união de todos os povos que formam a grande família humana, insistindo não só
na superação dos conflitos armados, mas nas exigências positivas da paz (31).
c) Evangelização dos pobres e dos
que se encontram longe da Igreja (32).
d) Exigências de renovação
evangélica tanto nos pastores como nos fieis da Igreja, com especial atenção
aos conselhos evangélicos e à pobreza que não pode limitar-se a palavras e
discursos (33).
Os subscritores pedem finalmente
que seja constituída uma Comissão ou Secretariado especial para lidar com essas
questões, ainda antes do fim da primeira sessão conciliar, como sinal de que a
Igreja está firmemente comprometida a enfrentar, de maneira séria e eficaz, os
problemas do mundo moderno, empenhando-se em sua superação (34). Este
Secretariado não foi criado naquele momento, mas logo depois do Concílio, Paulo
VI instituiu a Pontifícia Comissão Justiça e Paz, voltada toda ela para cumprir
os objetivos esboçados na proposta de Dom Helder em 1962.
Trata-se a nosso ver da primeira
iniciativa concreta que irá desembocar na elaboração do esquema XVII,
convertido em esquema XIII e por fim na Constituição Pastoral Gaudium et Spes e
no seu posterior complemento, a encíclica Populorum Progressio de Paulo VI.
Outra intervenção, encabeçada por
Dom Helder Câmara, redigida em francês e subscrita por representantes de 23
conferências episcopais, pede ao Papa Paulo VI que, tendo em conta a crucial
relevância do esquema sobre a "Igreja no Mundo de Hoje" e a
dificuldade em aprofunda-lo no decorrer do exíguo tempo que restava da III
sessão conciliar, previsse um novo período conciliar para o ano seguinte, em
1965 (35).
Numa intervenção semelhante
redigida em inglês, provavelmente no mesmo dia e subscrita por praticamente os
mesmos bispos, pede-se que o Concílio centre sua atenção nos problemas da pobreza
no mundo e empenhe-se na formação da consciência dos cristãos nos países mais
ricos. Pede-se ademais que seja um leigo, perito no tema, que exponha aos
bispos, na Aula Conciliar, o estado da questão do mundo; que se forme uma
comissão de especialistas que delineie o tipo de instituições, as formas de
cooperação, de contatos e de políticas que a Igreja pode adotar para assegurar
sua plena participação num ataque em escala mundial para a erradicação da
pobreza (36).
4.2. ATUAÇÃO VOLTADA PARA A
OPINIÃO PÚBLICA
Se Dom Helder empenhou-se com
todas suas forças para atuar em todas as instâncias da máquina conciliar, tinha
por outro lado clareza, de que o Concílio que chegava realmente à opinião
pública, era aquele filtrado pelos jornalistas e transmitido ao mundo, a cada
dia, pela imprensa escrita, falada e televisiva.
Por isso, o mesmo Dom Helder, que
se aplicava a articular a ação dos bispos e peritos, a coordenar as
conferências episcopais, mas que nunca interveio na Aula Conciliar, era pródigo
em atender à solicitação dos jornalistas para entrevistas, programas de
televisão e conferências de imprensa. Via a imprensa não apenas como
instrumento para transmitir, de modo compreensível, o que se passava no
Concílio, mas igualmente como veículo para lançar novas idéias e para exercer
indiretamente pressão sobre a Assembléia Conciliar, fazendo chegar recados às
mais altas autoridades da Igreja, interpelando intelectuais e governantes,
entusiasmando jovens e formadores de opinião. Preparava acuradamente suas conferências
e sermões, submetendo o rascunho de suas idéias e intuições à família
Messejanense, a peritos do Concílio, a técnicos e economistas amigos e mesmo à
Secretaria de Estado e até mesmo ao Papa, quando abordava temas delicados.
Valha como exemplo dessa complexa
avaliação que Dom Helder fazia do papel dos meios de comunicação e da
importância da opinião pública, o que escreve, logo depois de uma sua
concorridíssima conferência em Roma sobre "Perspectivas de novas
estruturas na Igreja", com o auditório cheio de teólogos e dos
observadores não católicos:
"Em que dará minha palestra?
Haverá forte reação da extrema direita? A Cúria Romana reagirá?
Que pensará a respeito o Santo
Padre?
Agi tranqüilamente. Deus sabe
que, nem por sombra, se trata da vaidade de ter intuições, de pensar que sou
mesmo profeta.
Agi e agirei e agiria:- por estar
convicto de que meu papel no Concílio é o de agir no Ecumênico e de falar
extra-Basílica (talvez, um dia, também falarei na Basílica);
- pela necessidade de ajudar o
Santo Padre (um risco e uma loucura como os de ontem, com repercussão na
imprensa, em última análise, ajudam o Papa);
- pela necessidade de encorajar
os Peritos, os observadores e a imprensa;
- pela necessidade de ajudar toda
a geração de amanhã (jovens clérigos e leigos, ansiosos por ver a
super-prudência contrabalançada por uma ponta de audácia);
- pela convicção de ter recebido
o sopro de Deus, através de José (37)..." (38)
O falar franco e direto, crítico
e esperançoso de Dom Helder encantava os jornalistas que o assediavam para
entrevistas e reportagens.
Sua grande tribuna no Concílio,
não foi a Aula Conciliar na Basílica de São Pedro, mas sim a imprensa de uma
parte e, de outra, o incansável esforço de articulação cumprido por meio da
CNBB, do CELAM, do Opus Angeli, do Ecumênico, do Grupo da Igreja dos Pobres, da
rede de amigos e colaboradores que soube conquistar para suas causas, a dos
pobres e a da Igreja servidora dos pobres, aliado ao trabalho escondido nos
bastidores, por intermédio de encontros pessoais, cartas, circulares.
Para todo este imenso trabalho,
valia-se sempre da oração contemplativa e do fiel grupo de amigas e amigos,
provindos de seu tempo de Ação Católica que, no Rio de Janeiro, no Recife e em
outras partes do mundo, lhe serviam de retaguarda, alento e apoio.
Pe. José Oscar Beozzo
Rua Oliveira Alves, 164
São Paulo SP
04210-060
BRASIL
Notas:
(1) Dom Helder Pessoa Camara, bispo e depois arcebispo auxiliar do Rio de Janeiro (1952-1964) e, em seguida arcebispos de Olinda e Recife (1964-1985), nasceu no Ceará em 1909, completou noventa anos a 7 de fevereiro de 1999, falecendo a 27 de agosto deste mesmo ano. Foi vice-assistente nacional da Ação Católica Brasileira e o fundador, em 1952, da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), seu secretário geral de 1952 a 1964, tendo tido destacada atuação no Concílio Vaticano II (1962-1965). Jornalista, conferencista, escritor e poeta exerceu profunda influência na vida cultural, social e religiosa do país, com irradiação no continente latino-americano e também na Europa e na América do Norte.
(2) Na fase preparatória quatro representantes do Brasil foram nomeados membros de comissões: o card. Arcebispo do Rio de Janeiro-RJ, Jaime. de Barros Câmara, para a Comissão Central (Sub-Comissão para o Regulamento); o arcebispo de Porto Alegre-RS, Alfredo Vicente Scherer, para a Comissão Teológica; o bispo auxiliar de São Paulo-SP, Antônio Alves de Siqueira, para a Comissão dos Sacramentos e mons. Joaquim Nabuco, para a Comissão Litúrgica. Outros seis foram nomeados consultores: o arcebispo auxiliar do Rio de Janeiro-RJ, Helder Pessoa Camara e o bispo de Londrina-PR, Geraldo Fernandes Bijos, CMF, para a Comissão dos Bispos; o arcebispo de Aracaju, José Vicente Távora, para o Secretariado de Imprensa; o prelado nullius de Pinheiros-MA, Afonso M. Ungarelli, MSC, para a Comissão dos Sacramentos; Frei Boaventura Kloppenburg, OFM, para a Comissão Teológica e Pe. Estevam Bentia (professor da Faculdade de Teologia N. S. da Assunção), para a Comissão das Igrejas Orientais. Cf. MARQUES, Luiz Carlos Luz, Il Carteggio Conciliare di Mons. Helder Pessoa Camara, Bologna, 1998, p. 754 (tese de doutorado apresentada à Universidade de Bologna, não publicada).
(3) Carta de D. Helder Câmara a D. Manuel Larrain, agosto 1962, Arquivo da CNBB - Secretaria Geral
(4) Para a crônica desta primeira congregação geral decisiva para a marcha posterior do Concílio e do impacto que causou, cfr. CAPRILE, Giovanni, Il Concilio Vaticano II. Il Primo período: 1962-1963. Roma: Civiltà Cattolica, 1968, pp. 20-24; KLOPPENBURG, Boaventura, Concílio Vaticano II - Vol. II. Primeira sessão (Set.-Dez. 1962). Petrópolis: Vozes, 1963, pp. 77-79.
(5) KLOPPENBURG, o.cit. p. 78
(6) O Palácio São Joaquim, residência do Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, abrigava também as modestas salas onde funcionava a CNBB, desde o Congresso Eucarístico Internacional do Rio de Janeiro, até ser de lá desalojada pelo Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara depois do golpe militar de 31 de março de 1964 e a ida de Dom Helder Camara para o Recife, e passar para uma sede própria, a Vila Venturosa, no bairro da Glória, em 1964.
(7) Messejana era um bairro aprazível da cidade de Fortaleza, no Ceará, onde havia nascido Dom Helder Camara.
(8) Depois que toma posse como Arcebispo de Olinda e Recife em abril de 1964, Dom Helder acrescenta aos destinatários do Rio de Janeiro, seus novos colabores na arquidiocese pernambucana.
(9) cfr. MARQUES, Luiz C. L., "Um tesouro ainda escondido", in O POVO - Personalidades do Século, Fortaleza, 07-02-99, p. 5
(10) O "Dom", era a maneira simples e familiar, como era chamado e conhecido Dom Helder.
(11) Circular 51/63, 25/26 de novembro de 1963
(12) A Domus Mariae, uma ampla casa de tijolos à vista, situada em meio a um parque na Via Aurélia 480, era a sede da Ação Católica Italiana Feminina e hospedou durante o Vaticano II, o episcopado brasileiro, juntamente com o da Hungria e de alguns outros países da África.
(13) CAPORALE, R., Vatican II: Les Hommes du Concile. Étude sociologique sur Vatican II, Paris, 1965, p. 88. Citado por MARQUES, o.cit., 51. Sobre o Grupo, cfr. ainda J. GROOTAERS, Une forme de concértation épiscopale au Concile Vatican II - "La Conférence des Vingt-Deux" (1962-1965), in "Revue d’Histoire Ecclésiastique"91 (1966), pp. 66-112; P. C. Noël, Gli incontri delle conferenze episcopali durante il concilio. Il "Gruppo dela Domus Mariae", in FATTORI, Maria Teresa e A. MELLONI, L’Evento e le Decisioni - Studi sulle dinamiche del Concilio Vaticano II, Il Mulino, Bologna, 1997, pp. 95-133; "Le travail post-conciliaire. Les attentes du groupe de la Domus Mariae et l’organisation du l’après Concile", pp. 1-28, relação apresentada no Colóquio "Vatican II, au but", Strasbourg, 11-13 de março de 1999 (datilografado).
(14) Rascunho de carta ao arcebispo de Malinas-Bruxelas, Cardeal Leo Joseph Suenens, datado de 23 novembro de 1962 e anexado à sua Circular 39/62 de 19/20 novembro de 1962.
(15) Desiré Mercier (1851-1926), antigo professor de filosofia da Universidade de Lovaina, na Bélgica, um dos animadores da renovação filosófica e teológica do neo-tomismo, em diálogo com as ciências e a filosofia modernas, foi Cardeal Arcebispo de Malinas-Bruxelas, antecessor do Cardeal Leo Joseph Suenens, nesta prestigiosa sede cardinalícia, e um dos responsáveis pela retomada do diálogo entre católicos e anglicanos, nas célebres "Conversações de Malinas".
(16) François Houtart, professor de sociologia da religião na Universidade de Lovaina, um dos fundadores do FERES, órgão articulador dos institutos e centros de pesquisas sócio-religiosas da Europa e América Latina, tornou-se o secretário do Opus Angeli, a articulação dos teólogos progressistas do Concílio que se colocou a serviço do episcopado brasileiro e também dos episcopados de outros países da América Latina e, de modo especial, do CELAM.
(17) Circular 46/62, 28/29 de novembro de 1962.
(18) Entrevista de Dom Antônio Fragoso ao autor em Ibiúna, a 23-10-1996
(19) KLOPPENBURG, Concílio Vaticano II - 4 ª Sessão (1965) V, 1996, 526-528
(20) CELAM, II Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, A Igreja na atual transformação da América Latina à luz do Concílio, Petrópolis, 1969, Doc. 14, pp. 145-149
(21) Sobre as Conferências da Domus Mariae, cfr. BEOZZO, José Oscar, A Igreja do Brasil no Concílio Vaticano II; 1959-1965. São Paulo: Paulinas, 2005, pp. 195-209.
(22) A 23 de setembro de 1999, recebi do Pe. Hourtart, alguns comentários sobre o presente texto:
Querido José Oscar,
Gracias por tu carta y por el texto sobre Don Helder. Es realmente excelente. Me ha traído muchos recuerdos, especialmente del concilio, donde he trabajado con él casi diariamente en lo que el llamaba el Opus Angeli. Siempre me recuerdo también que es gracias a él que he podido organizar el estudio socio religioso de América latina entre 1958 y 1962 y finalmente hacer una síntesis para todos los obispos del concilio en francés, inglés y castellano. Cuando llegué a Rio de Janeiro para una primera reunión de coordinación de los que iban a trabajar en este estudio que duró 4 años, él me aviso que la santa sede había escrito a todos los nuncios para avisarles de cuidarse frente a toda encuesta de sociología religiosa. Don Helder, inteligente como siempre me ha dicho: yo tengo una solución. Él me pidió, en tanto que secretario de la Conferencia Episcopal, de hacer el trabajo para la conferencia. De esta manera, no había ninguna posibilidad de interferencia de Roma. Eso fue una luz para todo el trabajo y en todos los países latinoamericanos he propuesto a las conferencias episcopales de hacer un trabajo para ellos y eso fue aceptado prácticamente en todas partes. Es realmente el que salvo esta operación, que si no, habría sido extremamente difícil.
Gracias por haber enviado tu texto y muy cordial saludo.
F. HOUTART
François Houtart
CETRI
(23) Há aqui evidentemente um engano de Congar. Dom Helder era sim secretário mas da CNBB e vice-presidente do CELAM.
(24) Y.-M. CONGAR, Mon Journal du Concile, p. 87, citado por MARQUES, o. cit. 50, nota 6. Segue a tradução do autor do original de Congar: "Chega, em seguida, Helder Câmara, secretário do CELAM. Coisa extraordinária: hoje mesmo, ao meio dia, falaram de mim, dizendo que era preciso que me fizessem vir. Depois de ter conversado durante um bom tempo, fomos para uma sala, onde se reuniram conosco uns doze bispos jovens. Eles me interrogam. Dom Helder também: um homem não somente muito aberto, mas cheio de idéias, de imaginação, de entusiasmo. Ele tem o que falta em Roma: a ‘visão’ ".
(25) Circular 15/62, 29 de outubro de 1962.
(26) Apenas dois bispos latino-americanos estiveram entre os preletores das Conferências da Domus Mariae, sendo um deles justamente Dom Sérgio Mendez Arceo, bispo de Cuernava, no México que falou no dia 16 de setembro de 1965, sobre o tema: "Aspectos do Celibato Eclesiástico", seguido por Mons. Ramón Argaña Bogarin, Bispo de San Juan Bautista de las Misiones no Paraguai, no dia 6 de outubro de 1965, além do casal mexicano, auditores do Concílio, José e Luz Alvarez Icaza, presidentes do Secretariado para a América Latina do Movimento Familiar Cristão (MFC), cujo tema foi "Investigaciones sobre la actitud de la familia ante el Concilio", no dia 29 de outubro de 1965. As conferências foram também um espaço importante para a tomada de consciência sobre o tema do ecumenismo e para o encontro pessoal entre os bispos e teólogos, monges e autoridades eclesiásticas vindas da ortodoxia ou do protestantismo. Estiveram entre os conferencistas, alguns várias vezes seguidas, o Pastor Roger Schutz e o teólogo Max Thurian da Comunidade de Taizé na França, Oscar Cullman, o conhecido biblista e teólogo reformado suíço; Andrej Scrima, enviado pessoal de Atenagoras do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla.
(27) As intervenções de Dom Helder, em número de dez, encontram-se nos seguintes volumes das Atas Sinodais: AS VI/1 (Periodus I - 1962), 294-98; AS VI/1 (Periodus I - 1962), 298-99; AS II/5, 150-52; AS III/5, 509-10; AS III/7, 941-43; AS III/8, 1039-42; AS IV/2, 893-901; AS IV/III, 860-61; AS IV/3, 350-53; AS IV/3, 496-99
(28) ADA II/7, p. 325-327
(29) Os bispos que subscrevem a petição são, além de Helder Camara, foram C.M. Himmer, N. Edelby, Manuel Larrain, Alfred Ancel, Iulius Angerhausen, Laurentius Satoshi Nagae, Philippe Nguyen-Kim-Dien, Alessandro Olalia, Marcos Mc Grath, Thomas Cooray, Raphael Moralejos, Bernardo Yago, Georgius Mercier.
(30) AS VI/1, p. 295
(31) ibidem, p. 296
(32) ibidem, p. 296
(33) ibidem, p. 297
(34) ibidem, p. 298
(35) AS III/5, pp. 508-509
(36) AS III/5, pp. 509-510
(37) "José", era o nome que Dom Helder dava ao seu anjo da guarda e às vezes a si próprio quando estava inspirado.
(38) Circular 76/63, 18/19 de novembro de 1963.
José Oscar Beozzo é teólogo, diretor do CESEP, repórter especial de Adital na V CLAI
Fonte: ADITAL
(1) Dom Helder Pessoa Camara, bispo e depois arcebispo auxiliar do Rio de Janeiro (1952-1964) e, em seguida arcebispos de Olinda e Recife (1964-1985), nasceu no Ceará em 1909, completou noventa anos a 7 de fevereiro de 1999, falecendo a 27 de agosto deste mesmo ano. Foi vice-assistente nacional da Ação Católica Brasileira e o fundador, em 1952, da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), seu secretário geral de 1952 a 1964, tendo tido destacada atuação no Concílio Vaticano II (1962-1965). Jornalista, conferencista, escritor e poeta exerceu profunda influência na vida cultural, social e religiosa do país, com irradiação no continente latino-americano e também na Europa e na América do Norte.
(2) Na fase preparatória quatro representantes do Brasil foram nomeados membros de comissões: o card. Arcebispo do Rio de Janeiro-RJ, Jaime. de Barros Câmara, para a Comissão Central (Sub-Comissão para o Regulamento); o arcebispo de Porto Alegre-RS, Alfredo Vicente Scherer, para a Comissão Teológica; o bispo auxiliar de São Paulo-SP, Antônio Alves de Siqueira, para a Comissão dos Sacramentos e mons. Joaquim Nabuco, para a Comissão Litúrgica. Outros seis foram nomeados consultores: o arcebispo auxiliar do Rio de Janeiro-RJ, Helder Pessoa Camara e o bispo de Londrina-PR, Geraldo Fernandes Bijos, CMF, para a Comissão dos Bispos; o arcebispo de Aracaju, José Vicente Távora, para o Secretariado de Imprensa; o prelado nullius de Pinheiros-MA, Afonso M. Ungarelli, MSC, para a Comissão dos Sacramentos; Frei Boaventura Kloppenburg, OFM, para a Comissão Teológica e Pe. Estevam Bentia (professor da Faculdade de Teologia N. S. da Assunção), para a Comissão das Igrejas Orientais. Cf. MARQUES, Luiz Carlos Luz, Il Carteggio Conciliare di Mons. Helder Pessoa Camara, Bologna, 1998, p. 754 (tese de doutorado apresentada à Universidade de Bologna, não publicada).
(3) Carta de D. Helder Câmara a D. Manuel Larrain, agosto 1962, Arquivo da CNBB - Secretaria Geral
(4) Para a crônica desta primeira congregação geral decisiva para a marcha posterior do Concílio e do impacto que causou, cfr. CAPRILE, Giovanni, Il Concilio Vaticano II. Il Primo período: 1962-1963. Roma: Civiltà Cattolica, 1968, pp. 20-24; KLOPPENBURG, Boaventura, Concílio Vaticano II - Vol. II. Primeira sessão (Set.-Dez. 1962). Petrópolis: Vozes, 1963, pp. 77-79.
(5) KLOPPENBURG, o.cit. p. 78
(6) O Palácio São Joaquim, residência do Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, abrigava também as modestas salas onde funcionava a CNBB, desde o Congresso Eucarístico Internacional do Rio de Janeiro, até ser de lá desalojada pelo Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara depois do golpe militar de 31 de março de 1964 e a ida de Dom Helder Camara para o Recife, e passar para uma sede própria, a Vila Venturosa, no bairro da Glória, em 1964.
(7) Messejana era um bairro aprazível da cidade de Fortaleza, no Ceará, onde havia nascido Dom Helder Camara.
(8) Depois que toma posse como Arcebispo de Olinda e Recife em abril de 1964, Dom Helder acrescenta aos destinatários do Rio de Janeiro, seus novos colabores na arquidiocese pernambucana.
(9) cfr. MARQUES, Luiz C. L., "Um tesouro ainda escondido", in O POVO - Personalidades do Século, Fortaleza, 07-02-99, p. 5
(10) O "Dom", era a maneira simples e familiar, como era chamado e conhecido Dom Helder.
(11) Circular 51/63, 25/26 de novembro de 1963
(12) A Domus Mariae, uma ampla casa de tijolos à vista, situada em meio a um parque na Via Aurélia 480, era a sede da Ação Católica Italiana Feminina e hospedou durante o Vaticano II, o episcopado brasileiro, juntamente com o da Hungria e de alguns outros países da África.
(13) CAPORALE, R., Vatican II: Les Hommes du Concile. Étude sociologique sur Vatican II, Paris, 1965, p. 88. Citado por MARQUES, o.cit., 51. Sobre o Grupo, cfr. ainda J. GROOTAERS, Une forme de concértation épiscopale au Concile Vatican II - "La Conférence des Vingt-Deux" (1962-1965), in "Revue d’Histoire Ecclésiastique"91 (1966), pp. 66-112; P. C. Noël, Gli incontri delle conferenze episcopali durante il concilio. Il "Gruppo dela Domus Mariae", in FATTORI, Maria Teresa e A. MELLONI, L’Evento e le Decisioni - Studi sulle dinamiche del Concilio Vaticano II, Il Mulino, Bologna, 1997, pp. 95-133; "Le travail post-conciliaire. Les attentes du groupe de la Domus Mariae et l’organisation du l’après Concile", pp. 1-28, relação apresentada no Colóquio "Vatican II, au but", Strasbourg, 11-13 de março de 1999 (datilografado).
(14) Rascunho de carta ao arcebispo de Malinas-Bruxelas, Cardeal Leo Joseph Suenens, datado de 23 novembro de 1962 e anexado à sua Circular 39/62 de 19/20 novembro de 1962.
(15) Desiré Mercier (1851-1926), antigo professor de filosofia da Universidade de Lovaina, na Bélgica, um dos animadores da renovação filosófica e teológica do neo-tomismo, em diálogo com as ciências e a filosofia modernas, foi Cardeal Arcebispo de Malinas-Bruxelas, antecessor do Cardeal Leo Joseph Suenens, nesta prestigiosa sede cardinalícia, e um dos responsáveis pela retomada do diálogo entre católicos e anglicanos, nas célebres "Conversações de Malinas".
(16) François Houtart, professor de sociologia da religião na Universidade de Lovaina, um dos fundadores do FERES, órgão articulador dos institutos e centros de pesquisas sócio-religiosas da Europa e América Latina, tornou-se o secretário do Opus Angeli, a articulação dos teólogos progressistas do Concílio que se colocou a serviço do episcopado brasileiro e também dos episcopados de outros países da América Latina e, de modo especial, do CELAM.
(17) Circular 46/62, 28/29 de novembro de 1962.
(18) Entrevista de Dom Antônio Fragoso ao autor em Ibiúna, a 23-10-1996
(19) KLOPPENBURG, Concílio Vaticano II - 4 ª Sessão (1965) V, 1996, 526-528
(20) CELAM, II Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, A Igreja na atual transformação da América Latina à luz do Concílio, Petrópolis, 1969, Doc. 14, pp. 145-149
(21) Sobre as Conferências da Domus Mariae, cfr. BEOZZO, José Oscar, A Igreja do Brasil no Concílio Vaticano II; 1959-1965. São Paulo: Paulinas, 2005, pp. 195-209.
(22) A 23 de setembro de 1999, recebi do Pe. Hourtart, alguns comentários sobre o presente texto:
Querido José Oscar,
Gracias por tu carta y por el texto sobre Don Helder. Es realmente excelente. Me ha traído muchos recuerdos, especialmente del concilio, donde he trabajado con él casi diariamente en lo que el llamaba el Opus Angeli. Siempre me recuerdo también que es gracias a él que he podido organizar el estudio socio religioso de América latina entre 1958 y 1962 y finalmente hacer una síntesis para todos los obispos del concilio en francés, inglés y castellano. Cuando llegué a Rio de Janeiro para una primera reunión de coordinación de los que iban a trabajar en este estudio que duró 4 años, él me aviso que la santa sede había escrito a todos los nuncios para avisarles de cuidarse frente a toda encuesta de sociología religiosa. Don Helder, inteligente como siempre me ha dicho: yo tengo una solución. Él me pidió, en tanto que secretario de la Conferencia Episcopal, de hacer el trabajo para la conferencia. De esta manera, no había ninguna posibilidad de interferencia de Roma. Eso fue una luz para todo el trabajo y en todos los países latinoamericanos he propuesto a las conferencias episcopales de hacer un trabajo para ellos y eso fue aceptado prácticamente en todas partes. Es realmente el que salvo esta operación, que si no, habría sido extremamente difícil.
Gracias por haber enviado tu texto y muy cordial saludo.
F. HOUTART
François Houtart
CETRI
(23) Há aqui evidentemente um engano de Congar. Dom Helder era sim secretário mas da CNBB e vice-presidente do CELAM.
(24) Y.-M. CONGAR, Mon Journal du Concile, p. 87, citado por MARQUES, o. cit. 50, nota 6. Segue a tradução do autor do original de Congar: "Chega, em seguida, Helder Câmara, secretário do CELAM. Coisa extraordinária: hoje mesmo, ao meio dia, falaram de mim, dizendo que era preciso que me fizessem vir. Depois de ter conversado durante um bom tempo, fomos para uma sala, onde se reuniram conosco uns doze bispos jovens. Eles me interrogam. Dom Helder também: um homem não somente muito aberto, mas cheio de idéias, de imaginação, de entusiasmo. Ele tem o que falta em Roma: a ‘visão’ ".
(25) Circular 15/62, 29 de outubro de 1962.
(26) Apenas dois bispos latino-americanos estiveram entre os preletores das Conferências da Domus Mariae, sendo um deles justamente Dom Sérgio Mendez Arceo, bispo de Cuernava, no México que falou no dia 16 de setembro de 1965, sobre o tema: "Aspectos do Celibato Eclesiástico", seguido por Mons. Ramón Argaña Bogarin, Bispo de San Juan Bautista de las Misiones no Paraguai, no dia 6 de outubro de 1965, além do casal mexicano, auditores do Concílio, José e Luz Alvarez Icaza, presidentes do Secretariado para a América Latina do Movimento Familiar Cristão (MFC), cujo tema foi "Investigaciones sobre la actitud de la familia ante el Concilio", no dia 29 de outubro de 1965. As conferências foram também um espaço importante para a tomada de consciência sobre o tema do ecumenismo e para o encontro pessoal entre os bispos e teólogos, monges e autoridades eclesiásticas vindas da ortodoxia ou do protestantismo. Estiveram entre os conferencistas, alguns várias vezes seguidas, o Pastor Roger Schutz e o teólogo Max Thurian da Comunidade de Taizé na França, Oscar Cullman, o conhecido biblista e teólogo reformado suíço; Andrej Scrima, enviado pessoal de Atenagoras do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla.
(27) As intervenções de Dom Helder, em número de dez, encontram-se nos seguintes volumes das Atas Sinodais: AS VI/1 (Periodus I - 1962), 294-98; AS VI/1 (Periodus I - 1962), 298-99; AS II/5, 150-52; AS III/5, 509-10; AS III/7, 941-43; AS III/8, 1039-42; AS IV/2, 893-901; AS IV/III, 860-61; AS IV/3, 350-53; AS IV/3, 496-99
(28) ADA II/7, p. 325-327
(29) Os bispos que subscrevem a petição são, além de Helder Camara, foram C.M. Himmer, N. Edelby, Manuel Larrain, Alfred Ancel, Iulius Angerhausen, Laurentius Satoshi Nagae, Philippe Nguyen-Kim-Dien, Alessandro Olalia, Marcos Mc Grath, Thomas Cooray, Raphael Moralejos, Bernardo Yago, Georgius Mercier.
(30) AS VI/1, p. 295
(31) ibidem, p. 296
(32) ibidem, p. 296
(33) ibidem, p. 297
(34) ibidem, p. 298
(35) AS III/5, pp. 508-509
(36) AS III/5, pp. 509-510
(37) "José", era o nome que Dom Helder dava ao seu anjo da guarda e às vezes a si próprio quando estava inspirado.
(38) Circular 76/63, 18/19 de novembro de 1963.
José Oscar Beozzo é teólogo, diretor do CESEP, repórter especial de Adital na V CLAI
Fonte: ADITAL