Nice Affonso
Editora do Portal da Arquidiocese do Rio de Janeiro
Mas por que não noticiar
que no coração daqueles jovens havia uma nova proposta revolucionária? Sim, ali
era possível perceber uma revolução diferente, que não é feita por violência e
não conta com armamentos. Algo silencioso, por partir do interior, mas ao mesmo
tempo barulhento e cheio de vida, como é próprio da juventude.
A grande imprensa não viu o
centro da cidade ser tomado por cinco mil rapazes e moças, com sorriso
estampado no rosto e uma alegria contagiante por participarem de uma procissão,
em plena noite de um final de semana! E perdeu o foco da beleza de atitudes
cheias de amor e acolhimento, que partiram desses jovens, ao longo do percurso...
A grande imprensa perdeu o fato e também a sutileza dos detalhes belos que
compõem a personalidade da juventude católica carioca, que irá acolher
peregrinos do mundo inteiro em julho de 2013.
... Mas eu vi, ouvi e senti.
A badalada noite carioca em
um dos seus principais points, a Lapa, foi marcada por um momento inusitado para
os seus frequentadores e também para os muitos turistas presentes: tendo à
frente banners (representando os patronos e intercessores da JMJ Rio 2013), o Arcebispo
Metropolitano, Dom Orani João Tempesta, bispos auxiliares e diversos
sacerdotes, a juventude testemunhou a alegria da sua fé.
Em meio a olhares surpresos
e questionadores do motivo pelo qual aquela multidão feliz passava com um trio elétrico
e membros do clero pela madrugada carioca, os que na Lapa estavam foram
primeiramente atraídos por terem sido surpreendidos e, em seguida, pela
animação que os jovens transmitiam.
E quem estava lá pôde ver.
E eu vi... Vi jovens saírem ao encontro de pessoas que nem conheciam para falar
do amor de Deus... Pra dizer que “rezar é legal”.
Vi um turista americano perguntar
quantas cervejas uns rapazes da procissão tinham bebido para estarem tão alegres.
E ouvi a simples resposta: “A gente não precisa de álcool e nem de drogas para
ficar alegre. A gente tem Jesus no coração!”...
Vi um rapaz abraçar uma
garota de programa e olhar para ela nos olhos. E, por leitura labial, entendi
que ele dizia que ela era muito bonita, mas que a beleza mais importante nela
era o coração e que ela precisava entrega-lo para Jesus para ter uma vida nova.
E ela ficou emocionada...
Vi gente que, de oba-oba,
entrou no meio da procissão só para zoar, fazer algazarra, e que ficou quebrada
porque ainda assim foi acolhida com um abraço e com expressões como “seja
bem-vindo”, “se alegre com a gente porque ser de Deus vale a pena”... E notei
que essas pessoas acompanharam a procissão até o Santuário Nacional de Adoração
Perpétua, onde os jovens se mantiveram em vigília de oração até 6h da manhã de sábado.
Vi muita gente parando de
cantar os ritmos seculares para rezar algumas vezes, junto com a procissão, a
Ave- Maria...
E teve até uma senhora,
que, com os olhos cheios d´água, tocou no meu ombro e me perguntou: “vocês são católicos?”
Ao ter certeza do que já imaginava exclamou: “Meu Deus, eu já tive uma fé viva
assim, era praticante... O que aconteceu comigo?” E antes que eu pudesse responder,
uma menina que estava próxima de nós, prestando atenção à conversa, a convidou:
“Volta! Sempre é tempo!”...
Vi jovens falando por
gestos sobre o amor de Deus até mesmo para quem estava na sacada dos prédios...
Em uma hora e vinte minutos
de caminhada, vi uma juventude incansável, pró-ativa, feliz e desejosa de evangelizar...Vi
a vivacidade da igreja jovem carioca...
Vi que naqueles lábios e
naquela forma de expressão tão jovem e simples da fé a Igreja estava sendo
atraente aos que estão fora dos seus muros. Atraente de um jeito talvez não
compreensível... Mas nem por isso menos importante ou menos belo...
Aquela alegria e empolgação
marcaram muito positivamente a noite carioca da Lapa. E não posso negar que me
senti privilegiada por não ser da grande imprensa... Porque eu vi! E ouvi! E senti!