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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O Católico não pode negar sua cruz


O censo demográfico 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – mostra que “a proporção de católicos seguiu a tendência de redução observada nas duas décadas anteriores, embora tenha permanecido majoritária” e que “em paralelo, consolidou-se o crescimento da população evangélica”. (http://www.ibge.gov.br)

Muito já se discutiu sobre esta “migração” de “fieis” da Igreja Católica para as muitas seitas espalhadas pelo Brasil. Muitos já se manifestaram alegando que a Igreja Católica não perdeu fieis; perdeu, sim, os infieis. Porque se fieis, permaneceriam firmes na Igreja de Cristo.

Mas o que quero abordar é que muitos infieis não saíram da Igreja, ainda permanecem nela e bradam “eu sou Católico” repetidamente. Até aí tudo ótimo. O problema é quando resolvem acrescentar um “mas...”, “porém...”.


Exemplifico: dizem “eu sou católico, mas sou a favor do aborto nos casos de ...”. Ou então: “eu sou católico, porém acho que o papa deve rever a questão do uso de camisinhas”. E começam a chover teorias disto e daquilo, vomitando palavras sem nexo e demonstrando um imenso desconhecimento do que é ser Igreja.

A maioria esmagadora destes que contestam o posicionamento da Igreja nunca leu uma linha sequer dos documentos papais e fala sem embasamento. Aliás, não sabem nem os dez mandamentos. Então pergunto: por que continuam a ser Católicos? A Igreja não está interessada em quantidade. Ela não recebe por ingresso vendido para as missas e nem obriga ninguém a ser dizimista.

O que a Igreja quer é lhe oferecer a Salvação, Ela se preocupa em se manter fiel a Jesus Cristo. O Evangelho não mudou, as doutrinas não mudaram, logo a Igreja não vai mudar a sua mensagem. Quem não entende a mensagem que procure entendê-la, lendo a Bíblia, para começar.

Quem quiser continuar Católico e, também, continuar abortando, se prostituindo, praticando adultério, frequentando prostíbulos etc, pode até enganar os irmãos e o padre; mas enganar Deus... Mas tem como opção fundar uma seita e pregar o que quiser. O problema é que terá que se explicar com Deus da mesma forma.

No Evangelho de São João os discípulos afirmam a Jesus que “essa palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” (Jo 6, 60) Jesus não muda o tom nem o conteúdo de sua pregação e muitos o abandonam: “A partir daquele momento muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele.” (Jo 6, 66) E o que fez Jesus? Mudou o discurso receoso de que ocorresse uma debandada? Adaptou-se aos discípulos e deu uma “amolecida” nas palavras? Fez uma pesquisa de mercado e passou a falar apenas o que as pessoas queriam ouvir?

Nada disso.

Manteve-se firme em sua missão porque falava e agia com a autoridade de Deus. Os que o reconheciam mantiveram-se fieis: “A quem iremos, Senhor? Tu tens Palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o santo de Deus.” (Jo 6, 68-69)

Podemos refletir que Jesus não se preocupou com aqueles que foram embora porque não suportaram conviver com a Verdade. A Verdade Continua muito dura, porque, trazendo para a nossa realidade, a Igreja não está prometendo riquezas materiais, prometendo recompensas financeiras pela conversão das pessoas. Você não ouvirá de nenhum sacerdote a promessa de que “fique na Igreja Católica e você ganhará um emprego, uma casa na orla e um carro modelo 2013 quitado e com vidros fumê.”

A Igreja de Cristo não mudará para, assim, encher seus templos. O pragmatismo não assumirá o comando das ações evangélicas. A Igreja age movida pelo Espírito Santo e Ele não erra.

O que a Igreja prega é que problemas sempre existiram, existem e continuarão a existir na vida de qualquer pessoa. Mas quando estamos unidos em Cristo adquirimos a força necessária para ultrapassar qualquer obstáculo. Nos tornamos mais prudentes, mais pacientes e convictos estamos que nenhum problema é maior que Deus.

Nós, Católicos, aprendemos que temos que carregar, também, a nossa cruz, por ser ela necessária para nos levar à Salvação. A cruz é pesada mas temos que carregá-la, não tem outro meio de atingirmos nosso objetivo. Ao negar nossa cruz estamos negando Cristo.

A Igreja não prega que aquele que crê não mais sofrerá. Se alguém prega isto está mentindo, e de maneira desavergonhada. O sofrimento faz parte do processo de Salvação. É necessário para nossa purificação. A Igreja nunca esconderá esta verdade para manter-se lotada.

O CIC (Catecismo da Igreja Católica) nos ensina: “Por sua paixão e morte na cruz, Cristo deu um novo sentido ao sofrimento, que doravante pode configurar-nos com Ele e unir-nos à sua paixão redentora”. (1505) O sofrimento nos aproxima de Cristo.

Se bastasse para os Cristãos apenas se converter para obter a promessa feita por Cristo, porque tantos se alegraram por receber o martírio? Então os apóstolos que foram torturados, os mártires ao longo da História estavam todos errados, sofreram e morreram em vão?

Ora, quem não suporta a sua cruz e a larga no caminho não merece ser chamado de cristão.

E quem não suporta a dureza das palavras e da Verdade que esvazie o banco da igreja e dê lugar a um Católico verdadeiro. Este sim, entende que problemas fazem parte da vida.