O censo demográfico 2010,
realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – mostra
que “a proporção de católicos seguiu a
tendência de redução observada nas duas décadas anteriores, embora tenha permanecido
majoritária” e que “em paralelo,
consolidou-se o crescimento da população evangélica”. (http://www.ibge.gov.br)
Muito já se discutiu sobre esta
“migração” de “fieis” da Igreja Católica para as muitas seitas espalhadas pelo
Brasil. Muitos já se manifestaram alegando que a Igreja Católica não perdeu
fieis; perdeu, sim, os infieis. Porque se fieis, permaneceriam firmes na Igreja
de Cristo.
Mas o que quero abordar é que
muitos infieis não saíram da Igreja, ainda permanecem nela e bradam “eu sou
Católico” repetidamente. Até aí tudo ótimo. O problema é quando resolvem
acrescentar um “mas...”, “porém...”.
Exemplifico: dizem “eu sou
católico, mas sou a favor do aborto nos casos de ...”. Ou então: “eu sou
católico, porém acho que o papa deve rever a questão do uso de camisinhas”. E
começam a chover teorias disto e daquilo, vomitando palavras sem nexo e
demonstrando um imenso desconhecimento do que é ser Igreja.
A maioria esmagadora destes que
contestam o posicionamento da Igreja nunca leu uma linha sequer dos documentos
papais e fala sem embasamento. Aliás, não sabem nem os dez mandamentos. Então
pergunto: por que continuam a ser Católicos? A Igreja não está interessada em
quantidade. Ela não recebe por ingresso vendido para as missas e nem obriga
ninguém a ser dizimista.
O que a Igreja quer é lhe
oferecer a Salvação, Ela se preocupa em se manter fiel a Jesus Cristo. O
Evangelho não mudou, as doutrinas não mudaram, logo a Igreja não vai mudar a
sua mensagem. Quem não entende a mensagem que procure entendê-la, lendo a
Bíblia, para começar.
Quem quiser continuar Católico e,
também, continuar abortando, se prostituindo, praticando adultério,
frequentando prostíbulos etc, pode até enganar os irmãos e o padre; mas enganar
Deus... Mas tem como opção fundar uma seita e pregar o que quiser. O problema é
que terá que se explicar com Deus da mesma forma.
No Evangelho de São João os
discípulos afirmam a Jesus que “essa
palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” (Jo 6, 60) Jesus não muda o tom
nem o conteúdo de sua pregação e muitos o abandonam: “A partir daquele momento muitos discípulos voltaram atrás e não andavam
mais com ele.” (Jo 6, 66) E o que fez Jesus? Mudou o discurso receoso de
que ocorresse uma debandada? Adaptou-se aos discípulos e deu uma “amolecida”
nas palavras? Fez uma pesquisa de mercado e passou a falar apenas o que as
pessoas queriam ouvir?
Nada disso.
Manteve-se firme em sua missão
porque falava e agia com a autoridade de Deus. Os que o reconheciam
mantiveram-se fieis: “A quem iremos,
Senhor? Tu tens Palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos
que tu és o santo de Deus.” (Jo 6, 68-69)
Podemos refletir que Jesus não se
preocupou com aqueles que foram embora porque não suportaram conviver com a
Verdade. A Verdade Continua muito dura, porque, trazendo para a nossa
realidade, a Igreja não está prometendo riquezas materiais, prometendo
recompensas financeiras pela conversão das pessoas. Você não ouvirá de nenhum
sacerdote a promessa de que “fique na Igreja Católica e você ganhará um
emprego, uma casa na orla e um carro modelo 2013 quitado e com vidros fumê.”
A Igreja de Cristo não mudará
para, assim, encher seus templos. O pragmatismo não assumirá o comando das
ações evangélicas. A Igreja age movida pelo Espírito Santo e Ele não erra.
O que a Igreja prega é que
problemas sempre existiram, existem e continuarão a existir na vida de qualquer
pessoa. Mas quando estamos unidos em Cristo adquirimos a força necessária para
ultrapassar qualquer obstáculo. Nos tornamos mais prudentes, mais pacientes e
convictos estamos que nenhum problema é maior que Deus.
Nós, Católicos, aprendemos que
temos que carregar, também, a nossa cruz, por ser ela necessária para nos levar
à Salvação. A cruz é pesada mas temos que carregá-la, não tem outro meio de
atingirmos nosso objetivo. Ao negar nossa cruz estamos negando Cristo.
A Igreja não prega que aquele que
crê não mais sofrerá. Se alguém prega isto está mentindo, e de maneira
desavergonhada. O sofrimento faz parte do processo de Salvação. É necessário
para nossa purificação. A Igreja nunca esconderá esta verdade para manter-se
lotada.
O CIC (Catecismo da Igreja
Católica) nos ensina: “Por sua paixão e
morte na cruz, Cristo deu um novo sentido ao sofrimento, que doravante pode configurar-nos
com Ele e unir-nos à sua paixão redentora”. (1505) O sofrimento nos
aproxima de Cristo.
Se bastasse para os Cristãos
apenas se converter para obter a promessa feita por Cristo, porque tantos se
alegraram por receber o martírio? Então os apóstolos que foram torturados, os
mártires ao longo da História estavam todos errados, sofreram e morreram em
vão?
Ora, quem não suporta a sua cruz
e a larga no caminho não merece ser chamado de cristão.
E quem não suporta a dureza das
palavras e da Verdade que esvazie o banco da igreja e dê lugar a um Católico
verdadeiro. Este sim, entende que problemas fazem parte da vida.