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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Mt 1, 18-24

A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo.José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo. Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: “José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”. Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco”. Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado, e aceitou sua esposa.
Mt 1, 18-24
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Começamos nossa reflexão citando as palavras do anjo a José, no que toca a concepção e, consequentemente, o nascimento de Jesus.
José depara-se com uma situação humanamente impossível: sua esposa está grávida sem que ele a tivesse conhecido. Como será isso e que procedimento seguir? Se ele a tivesse conhecido antes de viverem juntos, seria o pior vexame que teriam passado, além de correr o risco de serem apedrejados pela cultura daquele tempo; o que seria o de menos, pelo fato de terem violado a Lei. O enigmático é que, conscientemente, isso aconteceu e ela apareceu grávida.
Alguém lhe teria passado para trás ou a própria Maria o teria traído? Devido ao adjetivo a ele atribuído e sem querer difamá-la, porque era justo, José resolveu abandonar o amor da sua vida em segredo. Mas, enquanto pensava nisso, Deus veio ao seu encontro por intermédio de um anjo.
Na intervenção de Deus, neste momento de profunda angústia e confusão de José, manifesta-se o triunfo da justiça divina sobre os homens e mulheres fiéis a Ele, os quais andam observando e vivendo os Seus mandamentos. “Aos homens retos, darei alegria plena”, diz Deus. “Eu estou ao lado da justiça e julgo segundo o que vejo; não segundo as aparências”.
A atitude de silêncio interior de José pode ser entendida como o tempo da meditação, de intimidade profunda com Deus, de deixar que Ele fale por nós. Quando nós levamos as nossas preocupações a Ele, o Senhor as faz suas. Então, não somos nós que falamos, mas o Espírito do nosso Pai que fala por nós. Basta fazer a nossa parte, que consiste somente em confiar e saber esperar no Senhor que tudo pode. José não precisou falar alto nem muito com “A” ou “B”. Simplesmente, contemplando o sucedido e rezando, calou-se.
A resposta de Deus não se fez esperar. Imediatamente, agiu mandando o seu anjo que diz: “José, descendente de Davi, não tenha medo de receber Maria como sua esposa, pois ela está grávida pelo Espírito Santo. Ela terá um menino, e você porá n’Ele o nome de Jesus, pois Ele salvará o seu povo dos pecados”. Era isso que José esperava ouvir. Esclarecida a dúvida, José recebe Maria como sua esposa e toca a vida.
Muitas são as simbologias que podemos encontrar neste texto. Veja por exemplo: com a escolha do homem da casa de Davi, o Evangelho de Mateus quer, teologicamente, inserir Jesus na genealogia davídica para harmonizar a concepção virginal de Maria com a acolhida de José. O estranho é que, só depois de José sofrer profundamente ao perceber, progressivamente, a gravidez da mulher amada, o anjo é enviado a ele, dissipando a terrível dúvida acumulada.
Teologicamente, José, apresentado como inserido na genealogia davídica, representa o antigo Judaísmo. De Maria, que está fora desta genealogia, nascerá Jesus. Maria representa a novidade de Jesus nas comunidades cristãs. Alguém que não pertence à raça, à estirpe, à tribo. Porém, o novo que se manifesta em Maria escapa à compreensão de José. Era necessário que, do Alto, viesse a luz e José fosse advertido pelo anjo. E então, ele acolhe Maria para dizer que os judeus devem aceitar as novas comunidades cristãs, vendo nelas a obra de Deus.
Este “judeu” pode ser eu e pode ser você, meu irmão, quando, diante dos pecadores públicos, dos criminosos, consideramo-nos justos e sem pecados. Por isso, queremos nos manter distantes dos leprosos e dos pecadores.
José, o homem justo, fiel e humilde, compreendeu o desígnio do Pai para com a humanidade e colaborou para que ele fosse realizado. Em que ponto você está? Assim como aconteceu com José ontem, hoje a Palavra continua sendo dirigida a nós. Não tenha medo de receber o estrangeiro, o pobre, a viúva, o órfão, o viciado, o doente. Ame-os! Assim, você transformará a sua vida e salvará sua alma da morte eterna e, assim, celebrará o verdadeiro Natal.
Padre Bantu Mendonça