"Se o Senhor é tão poderoso
como eu sei e como eu vejo; se os demônios não passam de escravos, e isso a
minha fé não me permite duvidar, que mal me podem eles fazer se eu sou a
servidora desse Senhor e Rei? Então porque é que não me hei – de sentir
suficientemente forte para enfrentar o inferno inteiro?
Agarrei uma cruz entre as mãos e
parecia que Deus me dava a coragem necessária. Em pouco tempo, vi-me de tal
modo transformada que já não tinha medo de descer à arena para lutar contra
todos eles, e gritei-lhes: ”Venham cá agora que, sendo eu a servidora do
Senhor, quero ver o que vocês me podem fazer!”.
E parece que tiveram mesmo medo
de mim porque me deixaram tranqüila. Daí para a frente aquela angústia não me
voltou a preocupar e já não tive mais medo dos demônios, a ponto de, quando
eles me apareciam, como explicarei mais à frente não só já não tinha medo deles
mas tinha verdadeiramente a impressão de que eles é que tinham medo de mim.
O Mestre soberano de todas as
coisas deu-me sobre eles uma tal soberania que hoje, já não me metem mais medo
do que as moscas. São de tal forma covardes que, quando se vêem desprezados,
perdem a coragem.
Só atacam frontalmente os que
vêem que se lhes rendem facilmente, ou então quando o Senhor permite a fim de
que, com as lutas perseguições, os seus servidores ganhem méritos.
Agrada a Sua Majestade, que só
tenhamos medo daquilo que convém ter medo, tendo presente que um só pecado
venial nos prejudica mais do que o inferno inteiro; essa é que é a verdadeira
realidade.
Vocês sabem quando é que os
demônios se manifestam e nos devem causar pavor? Quando nos preocupamos com as
honras, os prazeres e as riquezas deste mundo.
Ora nós, amando e procurando
aquilo que devíamos aborrecer, pomos nas suas mãos as armas com as quais nós
poderíamos defender, e incentivamo-lo a combater contra nós próprios, para
nossa maior perdição. Dá-me pena pensar nisto porque, bastaria agarrarmo-nos
firmemente à cruz e desprezar todas as coisas por amor a Deus, para que Satanás
fugisse destas práticas, mais do que nós fugimos da peste.
Amigo da mentira e sendo ele
próprio a Mentira, o Maligno nunca se dá bem com aquele que segue o caminho da
verdade. Mas se vê que o espírito está obscurecido, faz tudo o que pode para o
cegar completamente; quando ele se apercebe que uma pessoa está tão cega a
ponto de se contentar com as coisas do mundo, que são tão fúteis e vãs como
brincadeiras infantis, convence-se que está a lidar com uma criança, trata-a
como tal e diverte-se a atacar e a voltar a atacar.
Queira Deus que eu não seja
assim, mas que, apoiada pela graça, repouse quando é ocasião para repousar,
honre o que é digno de honra, me alegre com o que é a verdadeira alegria e não
ao contrário.
Assim, poderei ser eu a mostrar
os cornos a todos os demônios, que fugirão espavoridos. Não compreendo o medo
dos que gritam: “demônio! demônio!“ deviam era gritar: “Deus! Deus!” e assim
encher o inferno de pavor.
Não sabemos que os demônios não
podem nem mover-se sem a permissão de Deus? Então para que é que são os vãos
temores? Quanto a mim os indivíduos apavorados pelo diabo fazem-me mais medo
que o próprio diabo, pois este não me pode fazer nada enquanto os outros
principalmente se trata de maus confessores enchem a alma de inquietação.
Por causa deles passei muitos
anos de tormentos e ainda me admiro de ter conseguido suportar. Bendito seja o
Senhor que me trouxe a Sua ajuda preciosa."
Sta. Teresa de Ávila
Fonte: Extraído do Livro “Um Exorcista Conta-nos” – Pe.
Gabriele Amorth