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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Por que a Igreja Católica reza pelos mortos?


o padre Dalmo nos apresenta o que a nossa Igreja fala sobre este assunto. Acompanhe:
1. Padre Dalmo, os Evangélicos dizem que nós, os Católicos, estamos equivocados em rezar pelos mortos. Qual resposta podemos dar a esta opinião?
 Aqui se encontra o problema de muitos católicos, como não conhecem a verdade de sua fé, passam a questionar tudo, quando qualquer opinião se apresenta como contrária. Pois, bem, o costume de rezar pelos mortos não foi invenção da Igreja, na verdade encontramos os fundamentos para tal atitude nas Sagradas Escrituras. Do ponto de vista das Sagradas Escrituras, é totalmente clara e salutar tal atitude. Nossa fé é na RESSURREIÇÃO, e assim sendo, cremos que aqueles que deixaram esta vida, não foram esquecidos jamais por Deus e cremos também que um dia, o Senhor Jesus haverá de julgar os vivos e os mortos! Então, a morte não encerra a nossa ligação com aqueles que amamos, o que acontece é que até que o Senhor venha, estaremos aguardando o julgamento definitivo que a Igreja chama de Juízo Universal. E até que chegue esse momento, nós permanecemos unidos pela oração, pela Eucaristia que celebramos, pela fé e pela esperança. Os que morreram não aparecerão para nós como fantasmas, mas permanecem unidos a nós de um modo diferente, quando lembramos dos que amamos e que já não estão aqui, estamos nos relacionando com aqueles que partiram. Nos relacionando no amor. A este mistério a Igreja chama de Comunhão dos Santos, não por invenção da Igreja, mas porque (1Cor 15,20-27a) tudo brota de Cristo. Eis os passos mais importantes: 

1. “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram”. As primícias eram os primeiros frutos da terra ou do gado que, oferecidos ao Senhor, simbolizavam toda a colheita e todo o rebanho. Assim, o Cristo ressuscitado nos representa a todos e é a garantia da nossa ressurreição: nele, já ressuscitamos, nele a nossa glorificação é uma certeza!
2. “Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro lugar, Cristo, como primícias”. A frase é importante porque deixa claro que Cristo é o modelo, o princípio e a causa da nossa ressurreição: ressuscitaremos por causa dele, ressuscitaremos nele, ressuscitaremos como ele e ressuscitaremos para ele!
2. Quais passagens bíblicas podem fundamentar a oração pelos mortos?
No Antigo Testamento podemos ler em II Macabeus, 12,43-45, o seguinte:
"Depois, tendo organizado uma coleta [Judas Macabeu], enviou a Jerusalém cerca de duas mil dracmas de prata, a fim de que se oferecesse um sacrifício pelo pecado: agiu assim absolutamente bem e nobremente, com o pensamento na ressurreição. De fato, se ele não esperasse que os que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas, se considerava que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormecem na piedade, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis por que ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos do seu pecado."
Creio que não precise comentar essa passagem. Porque vai ser um texto anterior ao Cristianismo e que remonta já a fé na Ressurreição. Quem escreveu ainda não sabia o que era de fato a Ressurreição, mas esta era uma esperança e segunda esta haveria o perdão dos pecados após a morte.
Quando nós abrimos o Novo Testamento em II Timóteo, I, 18, encontramos São Paulo que reza por um amigo:
"Que o Senhor lhe conceda achar misericórdia junto ao Senhor naquele Dia."
Comparando os versículos 15 a 18 do capítulo I dessa epístola, com o versículo 19 do capítulo IV da mesma carta, vê-se que Onesíforo já era morto, porque nesses textos o Apóstolo se refere nominalmente a outras pessoas, e quando seria o caso de nomear Onesíforo, seu grande amigo e benfeitor, ele não o faz, mas só se refere "à família" de Onesíforo. Dai se conclui que ele não era mais do número dos vivos. E São Paulo reza por ele, pedindo que o Senhor tenha dele misericórdia.
Vale ressaltar que as orações pelos mortos se sustentam na fé de que seja possível uma purificação dos mortos. E a isto, a Igreja chama de Purgatório. 
3. Qual a relação entre a Oração pelos mortos e o Purgatório?
Purgatório é o lugar de purificação em que os espíritos dos justos, que não se santificaram suficientemente neste mundo, hão de completar a sua purificação, "por intervenção do fogo", para serem admitidas no Céu, "onde nada de impuro entrará" (Apocalipse 21, 27). É, pois, o "lugar" em que os justos que morrem na amizade de Deus (estado de graça), mas com alguma dívida, por culpas leves, ou por culpas graves já perdoadas, mas não suficentemente expiadas, se purificam inteiramente para entrar na visão e posse de Deus. Ali gozarão para sempre da sua perfeita felicidade na glória celeste. Agora, só a alma. E depois da ressurreição da carne, todo seu ser.
4. Existem passagens bíblicas que sustentam o que a Igreja chama de Purgatório?
Um fogo que salva - na 1º Epístola de São Paulo aos Coríntios (I Coríntios III, 11-15) lemos: "Quanto ao fundamento, ninguém pode pôr outro diverso do que foi posto: Jesus Cristo. Se alguém sobre esse fundamento constrói com ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno ou palha, a obra de cada um será posta em evidência. O Dia a tornará conhecida, pois ele se manifestará pelo fogo e o fogo provará o que vale a obra de cada um. Se a obra construída sobre o fundamento subsistir, o operário receberá uma recompensa. Aquele, porém, cuja obra for queimada perderá a recompensa. Ele mesmo, entretanto, será salvo, mas como que através do fogo."
A Igreja sempre entendeu esse texto como uma menção indireta e muitos vão opor a este texto o de Hebreus 9, 27 que afirma que logo após a morte, vem o juízo ao homem, mas este texto não pode ser lido isoladamente porque o próprio Jesus fala de perdão em outra vida. Se você ler Mateus 12, 32 vai encontrar o seguinte: "Se alguém disser uma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas se disser contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem nesta vida, nem na outra."
Tomando a sério este texto, terei que admitir que o único pecado sem perdão é aquele cometido contra o Espírito Santo, havendo, portanto, pecados que podem ser perdoados em outra vida. Isto que é a fé da Igreja fica mais claro quando Jesus fala de uma prisão temporária em Mateus 5, 25-26. 
"...para não acontecer que o adversário te entregue ao juiz e o juiz ao guarda e, assim, sejas lançado na prisão. Em verdade te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo." Este texto fala sobre a necessidade de reconciliação enquanto estamos a caminho e afirma que caso nao nos abramos a este perdão, pagaremos na outra vida. Mas se só existisse Céu e Inferno, o que significaria ficar preso até pagar o último centavo? É evidente que esta prisão temporária, lugar de perdão na outra vida, através de um fogo que purifica e salva, não pode ser o Céu, "onde nada de impuro entrará" (Apocalipse 21, 27), nem o Inferno, onde não há redenção e o fogo é eterno Mt 25, 41
Só resta que esses textos se refiram a um lugar intermediário, transitório e de expiação, que a Igreja, com toda a propriedade, chama de Purgatório, embora essa palavra não esteja na Bíblia. Sua realidade é que está. Temos de admitir, portanto, com a Sagrada Escritura, a existência desse lugar de purificação que a Sabedoria de Deus, na sua infinita bondade, criou para conciliar as exigências da sua justiça divina com as da sua misericórdia. Estão, pois, em erro os que só admitem a existência do Céu e do Inferno, e, com isso, não rezam pelos mortos.
Podemos e devemos fazer orações e sacrifícios pelos mortos em geral. Devemos rezar por todas as almas, porque não sabemos com certeza quais estão realmente precisando e em condições de receber os méritos impetrados por nossas ações em favor delas. Estas, sobretudo a Santa Missa que fizermos celebrar, não ficarão sem efeito, pois o Senhor saberá aplicá-las às almas mais necessitadas (além de que, com isso, prestamos a Deus as homenagens que Lhe devemos).