Aniceto (Anicetus,
em latim ) foi o décimo primeiro papa católico, cujo papado
durou 11 anos durante o século II, sucedendo a São Pio I. Nesta época os
papas eram provenientes de famílias humildes da população e ser eleito para
este serviço era ser encaminhado para o martírio.
Etimologicamente
seu nome, de origem grega, significa homem de grande força.
Provavelmente
nasceu em Emesa, atualmente Hims, na Síria. O governo deste Pontífice coincide
com o governo do imperador romano Antônio. Apesar de ignorar-se
mais detalhes da sua vida pregressa, da mesma forma que a maioria dos papas dos
primeiros séculos cristãos, tradicionalmente ele é considerado de perfeita
inteligência e santidade de vida.
Em seu papado
combateu firmemente várias doutrinas heréticas que chegaram a ameaçar a
existência da Igreja. Também ocorreram cismas internos que abalaram o
cristianismo. Embora a Igreja seja edificada sobre um rochedo, muitos
foram os fiéis que abandonaram a verdadeira fé, em busca da ilusão
de seitas heréticas.
Montanismo: Heresia dos séculos I e II, formada
por seguidores de Montano. Montano começou sua pregação no ano 172,
apresentando-se como um iluminado com o dom da profecia, enviado por Deus.
Entre seus discípulos estavam figuras de prestígio, como Tertuliano, que o
consideravam como o Paráclito prometido por Cristo, título este que o próprio
Montano se autoconcedeu. Afirmava que Jesus Cristo não havia revelado tudo aos
homens, mas que tinha dito aos Apóstolos que teria muitas outras coisas a
ensinar-lhes, pois não estavam capacitados para entendê-las; essa tarefa tinha
sido, assim, conferida a ele, Montano. Os primeiros montanistas não alteraram a
doutrina católica, porém foram aos poucos caindo em excessos tais como: a
negação da absolvição aos que tinham cometido pecados graves (p.ex.: apostasia
e adultério); rejeição do matrimônio e das relações conjugais (considerando que
apartavam das visões proféticas; Tertuliano chega mesmo a condenar as segundas
núpcias); condenação, como diabólico, do parto das mulheres; rejeição da
filosofia, artes e letras.
Combateu o Gnosticismo,
o racionalismo cristão, doutrina que pregava uma supervalorização do
conhecimento, considerando-o isso o bastante para se alcançar a Salvação. Desta
forma, os méritos de Cristo, os sacramentos e a graça do Senhor eram
desprezados.
Também lutou
incessantemente contra o herege Valentim, que causou um enorme prejuízo ao
rebanho de Cristo.
Os gnósticos valentinianos foram seguidores de Valentim, que ensinou
em Roma entre os anos 138 e 158. Os valentinianos tinham uma visão negativa da
criação, negavam a encarnação, a morte e a ressurreição de Cristo e defendiam a
substituição dos sacramentos por ritos gnósticos mágicos.
Aniceto ainda combateu
outros inimigos da Santa Igreja, como os integrantes da seita dos
Carpocratitas, fundada por Marcelina, a qual levou muitas pessoas a
apostasia; outro era Marción, herege com dons de publicitário, que pregava
a heresia entre os cristãos durante muito tempo.
É
possível que Marcião (Marción) fosse
filho de um dos primeiros bispos de Sinope, uma diocese da Ásia Menor, de onde
Marcião era originário. Há quem suponha (baseando-se na conhecida habilidade de
Marcião para citar as Escrituras) que ele fosse um bispo renegado pela Igreja.
Qualquer que fosse o caso, o certo é que Marcião deu origem a uma das mais
persistentes heresias de seu tempo e, para isso, fez uso, pela primeira vez, de
certas armas que todos os cristãos dissidentes empregariam no futuro até os
nossos dias. Marcião sustentava, como muitos vieram a fazer desde então, que o
Deus do Antigo Testamento era vingativo e colérico, que não podia corresponder
à mansa e amorosa pessoa de Jesus. A partir de então, desenvolveu uma doutrina
dualista que sustentava a existência de duas divindades, uma má (a do Antigo
Testamento) e outra boa (a do Novo Testamento).
Apostasia:
enfraquecimento ou perda da fé gerando confusão e divisão.
Todos eles formaram
seitas paralelas dentro do catolicismo, dividindo e confundindo os fiéis e até
colocando-os contra a autoridade do papa, desrespeitando a Igreja de Roma.
O Papa Aniceto
envidou todos os esforços para impedir o progresso da obra do inimigo
e reconduzir todos os cristãos iludidos pelos discursos dos heréticos ao seio
da Igreja.
No embate contra
estas doutrinas racionalistas contou com a ajuda, além do apoio divino, do
filósofo cristão São Justino e do bispo Policarpo, discípulo de São João
Evangelista.
Nesta oportunidade,
em que Policarpo estava em Roma, foram discutidos aspectos disciplinares que atormentavam
a unidade da Igreja.
Uma divergência ocorreu
entre Policarpo e Aniceto quanto ao tempo da celebração da Páscoa. Os cristãos
do Oriente comemoravam a Páscoa com os Judeus, seguindo a tradição
joanina. Os cristãos do ocidente pretendiam continuar a tradição de Pedro. Policarpo
queria que se adotasse o uso da Igreja asiática, mas não conseguiu esta padronização.
Aniceto era de opinião que não devia ser abolido um costume introduzido por S.
Pedro. Entretanto, deixou aos cristãos orientais toda a liberdade na
celebração da Festa da Páscoa como era costume desde os dias de São
João Evangelista.
Santo Hegesipo foi outro
auxiliar de Aniceto, que dirigiu forte campanha contra as heresias. Em um
livro por ele escrito sobre a tradição, provou que a doutrina foi conservada e
ensinada, sem a mínima alteração, desde o tempo dos Apóstolos até o Papa
Aniceto. Esta constatação irrefutável foi motivo de conversão de muitos
hereges.
Aniceto proibiu
ainda os padres de deixar crescer o cabelo, para este não ser um motivo de
vaidade.
Acredita-se que
Aniceto tenha sido martirizado, mas não há provas históricas do evento. Certo é
que sofreu inúmeras e incessantes perseguições do império. Mas, como foram
tantos os sofrimentos e aflições pela causa de Cristo, que a
Igreja lhe conferiu o título honroso de mártir.
Santo Aniceto como
Santo Papa, logo Pastor Fiel do Povo de Deus, procurou através do ensino da Sã
Doutrina encaminhar a todos para a Verdade.
A data de sua morte
também é incerta, mas atribui-se que seja no dia 16, 17 ou 20 de Abril do ano
de 166. Oficialmente, sua comemoração é no dia 17 de Abril. O seu corpo foi
sepultado nas escavações que depois se transformaram nas catacumbas de São
Calisto, na Itália. Esta foi a primeira vez que este fato ocorreu com um bispo
de Roma.
A relíquia de sua
cabeça foi entregue ao arcebispo de Munique, Minucius, em 1590, e é venerada na
igreja dos jesuítas na cidade. O restante continua no sarcófago do altar
principal da capela do Pontifício Colégio Espanhol em Roma, desde 1910. Na
abóbada está pintada guirlandas entre querubins a apoteose de Santo Aniceto subindo
para o céu.
Foi substituído
pelo napolitano São Sóter ou Sotero (166-175).
Sites
consultados:
http://www.es.catholic.net