Padre Bantu Mendonça
Canção Nova
“Dize-nos: É lícito ou não pagar o imposto a César? Devemos
pagar ou não?” (Marcos 12,14).
Diante dessa provocação, Jesus simplesmente responde: “Dai a
Deus o que é de Deus, e a César o que é de César”. Jesus não fala sobre
pagar ou não pagar o tributo a César, porque, primeiro, trata-se de um poder
humano e depois temporal. Segundo, porque o homem foi criado para as coisas do
Alto, que não perecem nem envelhecem. Terceiro, porque se trabalha demais uma armadilha
fracassada.
A resposta de Jesus é um convite para que seus
interlocutores abandonem seus horizontes limitados a fim de enfrentar o
problema decisivo que era o de Deus.
Havendo falhado em denegrir a pessoa e a autoridade de
Jesus, os líderes religiosos armaram-Lhe a “cilada perfeita”: a questão do
tributo a César. Se Jesus apoiasse o tributo imperial, estaria se expondo ao
ódio dos judeus; se não o apoiasse, seria denunciado aos romanos como
revolucionário e agitador do povo judeu.
Magistralmente, Ele calou os líderes judaicos com as
célebres palavras: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.
Com isso, o Senhor estabeleceu a importante questão de que o cristão é cidadão
de dois mundos: o terrestre, com todas as obrigações a ele inerentes, e ao
mundo celeste com todas as implicações que isso lhe acarreta.
O cristão não pode viver alienado no mundo, pois é sal
e luz, vivendo para fazer uma diferença saudável na comunidade; mas sem se
esquecer de sua cidadania celestial, atuando como embaixador de Deus, na
linguagem de São Paulo, para com os que estão à sua volta, a começar pelo
marido, esposa, filhos, parentes e amigos.
Diante dos conflitos e das reivindicações do céu e da Terra,
você, meu irmão, deve sentir, dentro de si, as palavras de Jesus em Mateus
6,33: “Buscai primeiro o seu Reino e a sua justiça, e todas estas coisas
vos serão acrescentadas”. Portanto, saiba que o Reino de Deus e a Sua
justiça têm prioridade. Como disse Pedro: “Antes, importa obedecer a Deus
do que aos homens” (Atos 5,29).
Se as reclamações do mundo não se chocarem com os apelos do
Reino de Deus, então o cristão deve atender as palavras de Paulo: “A quem
tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem
honra, honra. Não podeis ter dívida de alguém, senão a dívida do amor” (Rom
13,7-8), ou melhor, “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus!”.
Escolha, pois, Deus e viverá.
Que Deus nos ensine a subordinar todas as nossas vontades ao
Seu querer e vontade, tendo-O como medida de tudo quanto existe. Aliás, dirá o
salmista: “Tudo é de Deus e nós somos de Deus”.