Fonte: Lista Católicos Perguntam
Autor: José Luiz Borges
Quero dar uma palavra sobre os famosos "tischreden", as conhecidas palestras particulares de Lutero.
Em tal sentido, cuidando da existência dos "tischreden", das famosas conversas do reformador, esclarece o conhecido escritor paulista Fernando Jorge que foram elas colhidas pelos seus amigos.
Esses escritos são também, chamados de Table-talk, Propos de table, Ditos de mesa, Palestras à mesa e Colloquia mensalia. Diz Fernando Jorge:
"Uma das primeiras compilações dessas frases de Lutero, colhidas no decorrer das conversas, foi lançada em Eisleben, no ano de 1566, por Johann Aurifeber, que esteve ao lado do reformador nos últimos tempos de sua vida. Com o fluir dos anos, os tischereden se enriqueceram. Na edição de Forstesmann e Bindseil, distribuída entre 1844 e 1848, o texto já se compõe de quatro volumes. Constitui uma seção à parte, formada de seis grandes volumes in-folio, na edição crítica dos escritos de Lutero, publicados em Weimar, entre 1912 e 1921, por Ernst Krone. Apareceu, no ano de 1930, uma excelente coletânea dos Tischreden, devido a iniciativa de Otto Clemens. O valor dessa obra, como elemento de análise da personalidade de Lutero, foi salientado numa frase incisiva, na página 810 do volume V do Larousse du XX siècle: Nenhum livro é mais próprio para fornecer uma ideia tão completa do que era Lutero na intimidade."Isto explica por que Michelet, um dos maiores historiadores da França socorrendo-se do Propos de table, escreveu as Memoires de Luther, publicadas em dois volumes no ano de 1837.
A importância fundamental das conversações do reformador foi assinalada por T.F.Aubier, Charles Gidel, Fréderic Lollié, Roger Pitrou, Jared Wicks, Louis-Gustave Vapereau, e inclusive por historiadores protestantes, como Vicente Themudo Lessa, Funck-Bretano e Jacques-Noël Pères.
O primeiro não se esqueceu de frisar: "Certos momentos essenciais da vida interior de Lutero permaneceriam obscuros, se não existisse esta obra. Ele é básica" - informa Charles Gidel - um autor premiado duas vezes pela Academia Francesa - , no que tange aos segredos da existência particular do reformador, às sua "extravagâncias". Às suas "prostrações intermitentes", às suas qualidades e defeitos.
Na opinião de Roger Pitrou, professor honorário da Faculdade de Letras de Bordéus, os Tischreden são uma "curiosa mescla de azedume e de bom senso". Jared Wicks, por seu turno, professor de teologia fundamental na Universidade Gregoriana de Roma, numa entrevista sobre Lutero, publicada no número três da Cittá di Vita, de 1983, não vacilou no seu julgamento:
- Notáveis são também os Tischreden ("Palestras à mesa").
O Pastor protestante Vicente Themudo Lessa, professor de teologia e história eclesiástica, no capítulo 48 da sua biografia de Lutero, enumera alguns registradores das palestras do ex-monge agostiniano. Dietrich, Lauterbach, Matésio, Aurifaben, Conrado Cordato.
E no seu artigo "Educar para a vida", inserido no número doze de O Correio da Unesco, de dezembro de 1983, outro pastor protestante, o citado Jacques-Nöel Pères, membro na França da Igreja Evangélica Luterana e Presidente do Centro Cultural Luterano de Paris, ao evocar a formação cultural do reformador, citou os Tischreden, isto é, " admitiu o valor desta obra como fonte de consulta." (Lutero e a Igreja do Pecado, Editora Mercuryo, 1992,São Paulo, páginas 172 e 173)
A obra de Fernando Jorge que menciono não deve ser difícil de encontrar em livrarias ou sebos, mesmo porque o autor ainda está vivo. Dias atrás assisti uma entrevista sua, salvo engano, no canal de TV Comunitária.
Nota do autor do site:
O Livro citado Conversas a Mesa que fala sobre Lutero é a mesma citada nos dois artigos deste site, as blasfêmias de Lutero e as blasfêmias de Lutero 2. Para quem se interessa adquirir este livro passo aqui seu raio x:
Funk Brentano,Conversas a Mesa Martim Lutero, Casa Editora Vecchi - 1956 - R.J.- Propos de Tables - no. 1472, ed. De Weimar II.107
Muitos protestantes acham que este é um livro católico feito para atacar o heresiarca do protestantismo, mais como já sabemos é escrito por seguidores de Lutero que o conheciam intimamente, anotando todos seus discursos pessoais e neste artigo revela também que pastores protestantes dão como boa fonte de pesquisa sobre Lutero.
Assim sendo é bom pensarmos bem mesmo sobre a idoneidade deste Lutero tão seguido pelos protestantes.
Obs: as frases em vermelho e itálico foram grifadas por mim para melhor perceber as citações sobre o livro.
Rogério SacroSancttus