No Sábado Santo, Com a chegada da noite, entramos no coração
das celebrações da Semana Santa!
É a hora da Grande Vigília, a Vigília Pascal, que Santo
Agostinho (+ 430 d.C.) chamava a Mãe de todas as Vigílias!
Para os primeiros Cristãos, a Páscoa não era apenas uma
Festa entre tantas outras, mas era a Festa das Festas! É assim que é até hoje!
A maior Festa da Igreja Católica não é a Festa do Padroeiro (a), mesmo de Nossa
Senhora! Não é a Festa do Natal, que é o começo de nossa Salvação! Não é a
Festa de Pentecostes, que é complemento da Páscoa!
A maior Festa da Igreja Católica é a Festa da Páscoa! Somos
uma Igreja Pascal!
A Liturgia da Vigília Pascal, riquíssima, divide-se em
quatro partes:
1) Bênção do Fogo e do Círio Pascal, que simbolizam o Cristo
ressuscitado;
2) Liturgia da Palavra, com cinco leituras, que resumem a
História da Salvação;
3) Liturgia Batismal: na Igreja Primitiva, o Batismo dos
Catecúmenos Adultos se dava na Vigília Pascal, depois de longa preparação;
4) Liturgia Eucarística: segue-se, então a Missa com
procissão das Ofertas.
Eis uma pergunta que sempre fazem: Por que a Festa da Páscoa
é móvel, não cai sempre no mesmo dia de um mês? A resposta: É porque os
Cristãos herdaram dos Judeus a data da Páscoa, que é no Domingo depois da primeira
Lua Cheia da Primavera (na Europa e no Ocidente). Para nós, no Hemisfério Sul,
a Páscoa é no Domingo depois da primeira Lua Cheia do Outono.
Com a Páscoa variam as Festas da: Ascensão do Senhor,
Pentecostes Corpus Christi e Sagrado Coração de Jesus.
O FOGO NOVO
A grande celebração da Vigília Pascal se inicia
normalmente com a bênção do “Fogo Novo”, fora do recinto da Igreja. A
chama de fogo para acender a fogueira do “Fogo Novo” é tirada da pedra dura.
Aliás, é interessante que isto seja dito... Em tempo passados, uma pessoa
experiente tomava duas pedras duríssimas, batia uma contra a outra de raspão, a
fim de produzir faíscas, e com elas conseguir o fogo necessário para acender a
fogueira. Esta ação tem um significado profundo. Jesus foi sepultado numa tumba
escavada na rocha. Seu corpo foi colocado e lacrado dentro da rocha. Na manhã
da Ressurreição, Jesus saiu da rocha, vivo, ressuscitado, vitorioso e glorioso.
Ele, Jesus Ressuscitado, é o Grande Fogo, a grande chama de fogo, que tendo
saído da rocha, brilha nas trevas do mundo, ilumina a todos aqueles que Nele creem.
Eis porque se extraia o fogo da rocha, ou seja, da pedra. (Atualmente acende-se
a fogueira com fósforo...) Este Fogo Novo (tirado da rocha...), Fogo
da Páscoa, fogo que queima, ilumina e aquece, recebe uma bênção especial, antes
de acender o Círio Pascal. É com uma chama do Fogo Novo Bento, que o Círio
Pascal é aceso. Agora, a chama que representa Jesus Ressuscitado, brilha no
alto do Círio Pascal. O Círio aceso com o “Fogo Novo” torna-se um símbolo
perfeito, maravilhoso e sugestivo da pessoa de Jesus Ressuscitado.
O CÍRIO PASCAL
Você já prestou atenção naquela vela grande, bem decorada,
firmada sobre um belo e enfeitado pedestal, normalmente colocada ao lado do
altar da Santa Missa durante o tempo de Páscoa? Você já percebeu como aquela
grande vela traz em si uma série de sinais, letras e números? Aquela vela
se chama Círio Pascal.
Tradicionalmente era confeccionada com cera pura de abelha.
Seu nome “Círio” vem exatamente por ser feita de cera. O círio se chama
“pascal”, porque é usado e aceso em todo o tempo pascal, que vai da
Vigília Pascal até o Domingo de Pentecostes.
Examinando melhor o Círio Pascal, percebemos de imediato:
uma cruz; a primeira e a última letras do alfabeto grego, isto é, o “alfa” e o
“ômega”; os números do ano em curso; por fim, cinco pequenas bolas encravadas
nas extremidades e no centro da cruz. Todos estes sinais têm profundo
significado relativo à pessoa de Jesus Cristo ressuscitado.
O Círio Pascal simboliza, recorda, faz memória da Pessoa de
Jesus Cristo Ressuscitado. A Cruz encravada no Círio, em geral de cor vermelha,
cor do sangue derramado na cruz, lembra a cruz de Jesus Cristo. Jesus veio à
terra como Salvador. A fim de salvar a humanidade, para reconciliá-la com Deus,
Jesus entregou-se à morte de cruz. O dom de sua vida até à morte de cruz, com o
derramamento de seu sangue, foi o preço pago por Jesus para o resgate e a
salvação da humanidade, bem como para a reconciliação da mesma com Deus.
Jesus e cruz mantêm um vínculo indestrutível.
Portanto, o Círio simboliza Jesus, que traz como marca de sua missão, a
cruz. Ao traçar a cruz sobre o Círio, o celebrante diz: (no vertical) “Cristo,
ontem e hoje, (no horizontal) princípio e fim”.
As duas letras colocadas ao alto e embaixo da cruz, o alfa e
o ômega, são a primeira e a última letras do alfabeto grego. Elas
exprimem a realidade que Jesus é o “primeiro e o princípio”, e ao mesmo tempo,
“Ele é a finalidade, o objetivo último” de todas as pessoas e coisas. Na
Bíblia, no livro do Apocalipse, Jesus mesmo, por três vezes, se intitula de
“alfa e ômega”. “Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e
o fim (Apoc 21,13. Cf Apoc1,8 e 22,13). Jesus é o primeiro e o último, o
princípio e o fim, pois tudo foi criado e existe por Ele e para Ele. Nele se
resumem todas as coisas. Ao cravar as duas letras no Círio o celebrante diz:
“Alfa e Ômega”.
O número do ano gravado no Círio é a afirmação que Jesus é o
mesmo, ontem, hoje e para sempre. O número sugere que Jesus continua vivo e
Salvador em todos os tempos, e que neste ano Jesus está vivo, Ressuscitado,
caminha como Bom Pastor no meio do seu povo para conduzi-lo pelos caminhos da
verdade, na busca do Pai. Ao cravar o 2011, o celebrante diz: (nº 2) A Ele o
tempo, (nº 0) e a eternidade, (nº 1) a glória e o poder (nº 1) pelos séculos.
Amém.
As cinco bolinhas que são afixadas à cruz, uma ao alto,
outra ao centro, outra embaixo e as outras duas nos dois braços da Cruz,
simbolizam as cinco chagas de Jesus Cristo. Chagas que foram dolorosíssimas,
mas que agora são gloriosíssimas. Estas bolinhas são feitas de cera e contém em
si um grãozinho de incenso.
O incenso é sinal expressivo da adoração. As chagas de Jesus
são adoráveis, pois Ele é Deus. Ao fixar as cinco chagas, o celebrante diz: (Ao
alto da cruz) Por suas santas chagas, (no centro da cruz) suas chagas
gloriosas, (embaixo) o Cristo Senhor, (à esquerda) nos proteja, (à direita) e
nos guarde. Amém.
O celebrante acende o Círio Pascal. Para ter o pleno
simbolismo, o Círio Pascal precisa estar aceso. A sua chama de fogo e luz tem
um significado profundíssimo. A grande chama de fogo e luz representa
exatamente a grande luz, a fortíssima iluminação da fé cristã causada pela
Ressurreição de Jesus.
Não é por acaso que São Paulo fala: “Se Jesus não tivesse
ressuscitado, vã seria a nossa fé.” Se Jesus não tivesse ressuscitado, não
teríamos a prova definitiva de que Ele é o Messias, o Salvador, o Enviado do
Pai.
Na verdade, Jesus veio ao mundo como Luz Divina para
iluminar os corações humanos a respeito da verdade de Deus, da verdade do ser
humano e da verdade do mundo. Jesus mesmo declarou com todas as letras:
“Eu sou a luz do mundo! Quem anda comigo não anda nas
trevas”(Jo 8.12)
Aliás, quando Jesus tinha apenas quarenta dias, o profeta, o
velho Simeão, já havia declarado que o Menino era a “luz para iluminar as
nações”(Lc 2,32). Repitamo-lo: o Círio Pascal aceso representa e revela a
Pessoa de Jesus Cristo Ressuscitado. Ao acender o Círio com o Fogo Novo o
celebrante declara:
“A luz do Cristo que ressuscita resplandecente, dissipe as
trevas do nosso coração e da nossa mente!”
Comportando todos esses sinais simbólicos, o Círio Pascal é
o símbolo mais significativo e revelador de Jesus Cristo Ressuscitado, nosso
Salvador. Ao olhar com conhecimento e ao transfigurar o Círio Pascal, “não dá
para não ver Jesus Ressuscitado”.
O Círio Pascal é preparado, abençoado, aceso, para ser
conduzido para a Igreja na noite santa da Vigília Pascal. Inicia-se a
procissão para levá-lo até o pedestal próprio no altar. Ao iniciar-se a
procissão do Círio Pascal, apagam-se todas as luzes da Igreja para deixar o ambiente
completamente escuro. Eis o significado: a Igreja toda às escuras simboliza o
mundo em trevas, o mundo sem Deus, sem Jesus, sem o Evangelho. Nesta escuridão
do mundo sem Deus brilhou e brilha uma única luz verdadeira, a Luz de
Jesus ressuscitado, simbolizada pela Luz do Círio Pascal. É exatamente para
exprimir essa realidade que o celebrante (ou o diácono) leva-o pela Igreja
escura, a fim de iluminá-la. No início do corredor, ao fundo da igreja, o Círio
aceso é elevado e apresentado aos fiéis reunidos, através do anúncio do
sacerdote:
“Eis a luz de Cristo!”
Ao ouvirem o anúncio solene, os fiéis voltam-se para o
Círio, ajoelham-se e cantam:
“Demos graças a Deus”
Todos permanecem por uns instantes ajoelhados, adorando
Jesus Cristo ressuscitado, simbolizado no Círio. Ato seguido, os ministros que
auxiliam na celebração acendem, no Círio, as suas velas pessoais, para
significar que creem, aceitam, e querem viver na luz de Jesus.
O sacerdote prossegue até o centro da igreja, faz novo
anúncio “Eis a luz de Cristo!” , ao qual os fiéis respondem “Demos
graças a Deus” com a mesma atitude de adoração. Agora todos os
presentes são convidados a acenderem suas velas pessoais na chama do Círio ou
nas chamas que já saíram do Círio Pascal para significar que a fé em Jesus
Ressuscitado se alastra, vai tomando conta do ambiente e penetra em cada
coração para iluminar suas vidas.
Aos poucos, à luz das velas, a Igreja, antes escura, vai se
iluminando. À medida que a luz avança, as trevas se dissipam. À medida que
Jesus é anunciado e aceito, as trevas do mundo desaparecem dos corações, das
famílias e da sociedade. Por fim, em frente ao altar, o sacerdote faz o
terceiro anúncio “Eis a luz de Cristo!”, ao qual os fiéis respondem
novamente “Demos graças a Deus”.
Acendem-se, então, todas as luzes elétricas da igreja. O
sacerdote coloca o Círio no pedestal ao lado do altar e o incensa para
significar a adoração que os fiéis presentes prestam ao Ressuscitado. Logo a
seguir, o cantor escolhido canta ou declama com a máxima solenidade possível o
grande anúncio da Ressurreição de Jesus: o “Exultet”. (Exulte de alegria...) O
Círio Pascal permanece ao lado do altar para ser aceso em todas as Santas
Missas e outras celebrações importantes, desde a Vigília Pascal até a festa de
Pentecostes.
Liturgia da Palavra, com cinco leituras, que resumem a
História da Salvação.
Após as celebrações do Fogo Novo e do Círio Pascal,
inicia-se a liturgia da palavra. Serão lidos trechos do Evangelho que
representam a história da salvação.
Liturgia Batismal: na Igreja Primitiva, o Batismo dos
Catecúmenos Adultos se dava na Vigília Pascal, depois de longa preparação. O
padre pode realizar batizados durante a celebração da Vigília Pascal, com a
liturgia do batismo.
Liturgia Eucarística: segue-se, então a Missa com procissão
das Ofertas. Realiza-se a liturgia eucarística com a procissão das ofertas.
De maneira particular, com esses conhecimentos, agora você
pode participar de forma mais consciente e profunda da bênção do Fogo Novo, da
preparação e da procissão do Círio Pascal, dos cantos solenes que anunciam a
Ressurreição de Jesus, da liturgia da palavra, da liturgia batismal e da
liturgia eucarística, e você pode anunciar:
Jesus venceu a morte! Jesus ressuscitou!
Jesus é a luz do mundo!