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sábado, 8 de dezembro de 2012

Os apóstolos de Jesus Cristo - parte 3


João Evangelista – E o amor consiste no seguinte: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou, e nos enviou o seu Filho como vítima expiatória por nossos pecados. (I Jo 4,10)

São João Evangelista, o Apóstolo Virgem, O Discípulo Amado, é sem dúvida um dos maiores santos da Igreja, merecendo o título de “o discípulo a quem Jesus amava”. Junto à Cruz, recebeu do Redentor Nossa Senhora como Mãe, e com Ela – como Fonte da Sabedoria – a segurança doutrinária que lhe mereceu dos Padres da Igreja o título de “o Teólogo” por excelência.

Nascido na Galileia em 6 DC, João era filho de Zebedeu, rico pescador da Betsaida, e de Maria Salomé,  uma das mulheres que acompanhavam o Divino Mestre para O servir, e irmão de Tiago, o Maior. O seu nome, tipicamente judaico, significa “o Senhor fez a graça”. Como Simão e André, também era pescador e discípulo de São João Batista, o Precursor. Deste haviam recebido o batismo preparando-se para a vinda do Messias prometido.

João é o mais jovem dos apóstolos tendo cerca de 25 anos ao ser chamado.  Passando adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam com seu pai Zebedeu consertando as redes. Chamou-os, e eles abandonaram a barca e seu pai e o seguiram. (Mt 4, 21).

A partir de então passaram a acompanhar o Messias em sua missão pública. Logo se lhes juntaram outros, que totalizariam o número de doze, completando assim o Colégio Apostólico.

João Evangelista, junto com Pedro e São Tiago pertence também ao grupo restrito, que Jesus chama em determinadas ocasiões e que presenciaram seus maiores milagres. Presenciaram quando Jesus, em Cafarnaum, entra em casa de Pedro para curar a sua sogra (cf. Mc 1, 29). Eles estiveram presentes na Transfiguração (cf. Mc 9, 2), e presenciaram a ressurreição da filha de Jairo (cf.Mc 5, 37). Os três presenciaram a agonia de Cristo no Horto das Oliveiras (cf. Mc 13, 3); e junto a Pedro se encarregou de preparar a Última Ceia (cf. Lc 22, 8). João está ao lado de Jesus quando, no Horto do Getsémani, se retira para rezar ao Pai antes da Paixão (cf. Mc 14, 33).

São João foi também um dos quatro que estavam presentes quando Jesus revelou os sinais da ruína de Jerusalém e do fim do mundo. São Pedro amava ternamente São João, e essa amizade é visível tanto no Evangelho quanto nos Atos dos Apóstolos.

Por sua pureza de vida, inocência e virgindade, João tornou-se logo o discípulo amado, e isso de um modo tão notório, que ele sempre se identificará em seu Evangelho como “o discípulo que Jesus amava”. Apesar de os Apóstolos não estarem ainda confirmados em graça, isso não provocava neles inveja nem emulação. Quando queriam obter algo de Nosso Senhor, faziam-no por meio de São João, pois seu bom gênio e bondade de espírito tornavam-no querido de todos.

Foi por esse amor, e não por ambição, que ele e o irmão foram com sua mãe, Salomé, solicitar que um e outro ficassem à direita e à esquerda do Redentor, em seu Reino. Quando Nosso Senhor perguntou-lhes se estavam dispostos a beber com Ele o mesmo cálice do sofrimento e da amargura, com determinação responderam afirmativamente.

A João e seu irmão São Tiago lhes pôs Jesus um apelido: "Filhos do trovão" (Boanerges) devido ao caráter impetuoso que ambos tinham. Estes dois irmãos vaidosos e de gênio difícil se tornaram humildes, amáveis e bondosos quando receberam o Espírito Santo. João, na Última Ceia, teve a honra de recostar sua cabeça sobre o coração de Cristo. Foi o único dos apóstolos que esteve presente no Calvário. A pedido de Pedro, perguntou a Jesus quem seria o traidor, e obteve a resposta.

São João teve porém um momento de fraqueza — e das mais censuráveis — quando os inimigos prenderam Jesus, tendo então fugido como os outros Apóstolos. Era o momento em que Nosso Senhor mais precisava de apoio! Logo depois o vemos acompanhando, de longe, o Mestre ao palácio do Sumo Sacerdote. Como era ali conhecido, fez entrar também Simão Pedro. Pode-se supor que ele tenha permanecido sempre nas proximidades de Nosso Senhor durante toda aquela trágica noite, e que não saiu senão para ir comunicar a Maria Santíssima o que se passava com seu Filho. Acompanhou-A então no caminho do Calvário e com Ela permaneceu ao pé da cruz. Era o sinal evidente de seu arrependimento.

Foi então que, recebendo-A como Mãe, obteve o maior legado que criatura humana jamais podia receber. Diz São Jerônimo: “João, que era virgem, ao crer em Cristo permaneceu sempre virgem. Por isso foi o discípulo amado e reclinou sua cabeça sobre o coração de Jesus. Em breves palavras, para mostrar qual é o privilégio de João, ou melhor, o privilégio da virgindade nele, basta dizer que o Senhor virgem pôs sua Mãe virgem nas mãos do discípulo virgem”. Ensinam os Padres da Igreja que esse grande Apóstolo representava naquele momento todos os fiéis. E que, por meio de São João, Maria nos foi dada por Mãe, e nós a Ela como filhos. Mas João foi o primeiro em tal adoção.

Foi ele também o único dos Apóstolos a presenciar e a sofrer o drama do Gólgota, servindo de apoio à Mãe das Dores, que com seu Filho compartilhava a terrível Paixão.

Quando, no Domingo da Ressurreição, Maria Madalena veio dizer aos Apóstolos que o túmulo estava vazio, foi ele o primeiro a correr, seguido de Pedro, para o local. E depois, estando no Mar de Tiberíades, na segunda pesca milagrosa, aparecendo Nosso Senhor na margem, foi o primeiro a reconhecê-Lo.

Nos Atos dos Apóstolos, ele aparece sempre com São Pedro. Juntos estavam quando, indo rezar no Templo junto à porta Formosa, um coxo pediu-lhes esmola. Pedro curou-o, e depois pregou ao povo que se reuniu por causa de tal maravilha. Juntos foram presos até o dia seguinte, quando corajosamente defenderam sua fé em Cristo diante dos fariseus. Mais adiante, quando o diácono Felipe havia convertido e batizado muitos na Samaria, era necessário que para lá fosse um dos Apóstolos a fim de os crismar. Foram escolhidos Pedro e João para a missão.

São Paulo, em sua terceira ida a Jerusalém, narra em sua Epístola aos Gálatas (2, 9) que lá encontrou Tiago, Cefas e João, que são considerados as colunas, reconhecendo a graça que me foi dada, deram as mãos a mim e a Barnabé em sinal de pleno acordo: iríamos aos pagãos, e eles aos circuncidados. Recomendaram-nos apenas que nos lembrássemos dos pobres, o que era precisamente a minha intenção.

Depois disso os Evangelhos se calam a respeito de São João. Mas resta a Tradição. Segundo esta, ele permaneceu com Maria Santíssima durante o que restou de sua vida mortal, dedicando-se também à pregação. Depois da intimidade com o Filho, o Apóstolo virgem é chamado a uma estreita intimidade de alma com a Mãe que, sendo a Medianeira de todas as graças, deve tê-lo cumulado delas em altíssimo grau.

Assim, teria ele permanecido com Ela em Jerusalém e depois em Éfeso. “Dois motivos principais deveriam ter ocasionado essa mudança de residência: de um lado, a vitalidade do cristianismo nessa nobre cidade; de outro, as perniciosas heresias que começavam a germinar. João queria assim empenhar sua autoridade apostólica, quer para preservar quer para coroar o glorioso edifício construído por São Paulo; e sua poderosa influência não contribuiu pouco para dar às igrejas da Ásia a surpreendente vitalidade que elas conservaram durante o século II”.

Após a dormição de Nossa e a Assunção d’Ela aos Céus, fundou ele muitas comunidades cristãs na Ásia menor.

São João, já como um ancião, enfrentou uma terrível situação para a Igreja: perseguições individuais por parte de Nero e perseguições para toda a Igreja por parte de seu sucessor, o Imperador Domiciano, provavelmente no período 81-96 dC. 

O Imperador Domiciano o fez prender e levar a Roma, para ser martirizado. Na Cidade Eterna, ele foi flagelado e colocado num caldeirão de azeite fervendo. Mas o Apóstolo virgem saiu dele rejuvenescido e sem sofrer dano algum. Tal episódio é comemorado pela Igreja no dia 6 de maio.

Domiciano, espantado com o grande milagre, não ousou atentar uma segunda vez contra ele, mas o desterrou para a ilha de Patmos, que era pouco mais do que um rochedo. Foi ali, segundo a Tradição, que São João escreveu o mais profético dos livros das Sagradas Escrituras, o Apocalipse.

O seu exílio não teve longa duração visto que, com a morte de Domiciano, o seu sucessor, o benigno e já quase ancião Nerva, concedeu anistia geral por considerar as sentenças anteriormente aplicadas muito duras e cruéis. João estava livre para voltar a Éfeso de novo em 97 dC (centro de sua atividade apostólica durante muito tempo, conhecida atualmente como Turquia), onde escreveu o Evangelho, já com 92 anos de idade.

É lá que, segundo vários Padres e Doutores da Igreja, para combater as doutrinas nascentes de Cerinto e de Ebion — que negavam a natureza divina de Cristo — escreveu ele seu Evangelho. Ordenou antes a todos os fiéis um jejum que ele mesmo observou rigorosamente, para em seguida ditar a seu discípulo Prócoro, no alto de uma montanha, o seu Evangelho: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus”. (Jo 1, 1) Este Evangelho, dos mais sublimes textos escritos, era tido em tanta veneração pela Igreja, que figura no ordinário da Missa promulgada por São Pio V, pela fundamental doutrina que contém.

A tradição identifica João como o autor do 4° Livro do Evangelho já no século segundo. Os fragmentos descobertos por Cherster-Beatty, datam os escritos como sendo do inicio do século segundo ou um pouco mais cedo, no final do século primeiro. (Os primeiros escritos de João foram encontrados em fragmentos de papiros no Egito, devido a isso alguns estudiosos acreditam que ele tenha visitado essas regiões.)

Deus concedeu ao único sobrevivente dos que conviveram com o Mestre, a missão de ser o pilar básico da sua Igreja naquela hora terrível. E assim o foi. Com a sua pregação e os seus escritos ficava assegurado o porvir glorioso da Igreja, entrevisto por ele nas suas visões de Patmos e cantado em seguida no Apocalipse.

O Apocalipse e as três cartas de João testemunham igualmente que o autor vivia na Ásia e lá gozava de extraordinária autoridade. Em nenhuma outra parte do mundo, nem sequer em Roma, havia já apóstolos que sobrevivessem. E é de imaginar a veneração que tinham os cristãos dos fins do século I por aquele ancião, que tinha ouvido falar o Senhor Jesus, e O tinha visto com os próprios olhos, e Lhe tinha tocado com as próprias mãos, e O tinha contemplado na sua vida terrena e depois de ressuscitado, e presenciara a sua Ascensão aos céus. Por isso, o valor dos seus ensinamentos e o peso de das suas afirmações não podiam deixar de ser excepcionais e mesmo únicos.

Sua autoridade apostólica era universal e embora São Timóteo permanecesse Bispo de Éfeso, até o seu martírio em 97, não há diferenças entre eles nos relatos de jurisdição. É provável que ele tenha colocado bispos em todas as Igrejas da Ásia porque enquanto os apóstolos viveram, eles supriram as igrejas com suas próprias nomeações em virtude do poder recebido do próprio Jesus.

Dele dependem (na sua doutrina, na sua espiritualidade e na suave unção cristocêntrica dos escritos) os Santos Padres daquela primeira geração pós-apostólica que com ele trataram pessoalmente ou se formaram na fé cristã com os que tinham vivido com ele, como S. Pápias de Hierápole, S. Policarpo de Esmirna, Santo Inácio de Antioquia e Santo Ireneu de Lião. E são estas precisamente as fontes donde vêm as melhores informações que a Tradição nos transmitiu acerca desta última etapa da vida do apóstolo.
O evangelho de João fala dos mistérios de Jesus, mostrando os discursos do Mestre com uma visão mais aguçada, mais profunda. Enquanto os outros três descrevem Jesus em ação. João nos revela Jesus em comunhão e meditação, ou seja, em toda a sua espiritualidade.

Conforme assinala São Jerônimo quando São João era já muito ancião se fazia levar às reuniões dos cristãos e o único que lhes dizia sempre era isto: "irmãos, amai-vos uns aos outros". Uma vez lhe perguntaram por que repetia sempre o mesmo, e respondeu: "é que esse é o mandamento de Jesus, e se o cumprimos, todo o resto virá além disso". São Epifanio assinalou que São João morreu aos 94 anos de idade, em Éfeso, provavelmente em 27 de dezembro do ano 101 ou 102.João foi o único apóstolo ao qual não conseguiram matar seus perseguidores.

Mas alguns exegetas levantam a hipótese de ele não ter falecido, com base na seguinte passagem do Evangelho: logo após a pesca milagrosa no lago de Tiberíades — depois da Ressurreição de Jesus — Nosso Senhor confiou mais uma vez a Igreja a São Pedro. Este, voltando-se a Nosso Senhor, perguntou-lhe, referindo-se a São João: “E este? Que será dele?” Respondeu-lhe Jesus: “Que te importa se eu quero que ele fique até que eu venha?” O próprio São João comenta: “Correu por isso o boato entre os irmãos de que aquele discípulo não morreria. Mas Jesus não lhe disse `não morrerá’, mas que te importa se quero que ele fique assim até que eu venha?’” (Jo 21, 21-23).

Diz a tradição que ele era o único dos doze apóstolos que sabia escrever (antes de receberem o Espirito Santo) por isso na arte litúrgica da Igreja, São João geralmente é representado às vezes com o livro do Evangelho nas mãos ou com o "Atos dos Apóstolos", ou com o Livro das Revelações , ou escrevendo o Livro das Revelações na ilha de Patmos ( algumas vezes é representado com o demônio voando para fora do seu tinteiro), às vezes com uma águia representando a majestade do Evangelho e às vezes dentro de um caldeirão de óleo, às vezes como um patriarca lendo ou escrevendo, ou às vezes levantando Drusilla dos mortos ou ainda sendo carregado pelos anjos ao céu ou como um jovem belo.

O culto de João apóstolo afirmou-se a partir da cidade de Éfeso, onde, segundo uma antiga tradição, trabalhou por muito tempo, falecendo ali com uma idade extraordinariamente avançada, sob o Imperador Trajano. Em Éfeso o imperador Justiniano, no século VI, mandou construir em sua honra uma grande basílica, da qual permanecem ainda imponentes ruínas.

Sua festa é celebrada no dia 27 de dezembro

A sua festa na Igreja Oriental é celebrada no dia 26 de setembro

Uma linda historia sobre João é contada por São Clemente de Alexandria: Perto do fim João escolheu um jovem para ser padre e encarregou o seu tutor para que fosse instruído, batizado e confirmado.

No seu retorno, algum tempo depois, ele disse ao tutor:

" Devolva-me o que eu dei a você perante esta Congregação e perante Jesus!"

"Ele está morto". disse o tutor "Morto?" perguntou João.

"Após a sua instrução e seu batismo, ele caiu em más companhias e foi caindo nos degraus da honra até chegar ao fim, tornando-se até um ladrão" disseram eles.

João então disse ao jovem que estava presente: " Existe ainda espaço para arrependimento A sua salvação não é irrecuperável. Eu responderei por você diante de Cristo e implorarei a Jesus por você e estou disposto a sacrificar minha vida por você, como Jesus sacrificou a dele por todos nós. Acredite, fique comigo, eu sou um enviado de Cristo".

O jovem ficou parado com os olhos no chão e cheios de lagrimas. Ele abraçou seu tutor e implorou o perdão. Ele encontrou um segundo batismo nas lágrimas. João beijou-o afetuosamente e devolveu a ele os Santos Sacramentos.

 

Sites consultados /Fontes





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