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sábado, 10 de dezembro de 2011

A prestação de contas na comunidade

Um dos maiores obstáculos para a adesão ao dízimo nas comunidades é a falta de prestação de contas.
Esta afirmação é verdadeira e detectada em pesquisa realizada pela Revista Paróquias & Casas Religiosas, em sua edição de setembro/outubro de 2006. Este alerta serve para repensarmos a forma como devemos lidar com o dinheiro da coletividade, porque o dinheiro não é da paróquia ou do pároco ou da Igreja. O dinheiro é da comunidade. Se analisarmos que chamamos a todos para serem co-responsáveis por suas comunidades e explicamos que o valor obtido com a devolução do dízimo será empregado com o objetivo de manter o processo evangelizador, é natural que as pessoas se interessem pelo destino deste valor.

As pessoas da comunidade, com razão, devem questionar se o valor arrecadado é suficiente para manter os grupos evangelizadores e a manutenção do templo, por exemplo. Se não está sendo suficiente para suprir as necessidades básicas as pessoas devem ser informadas. Se há sobras também devem ser informadas de que estas sobras serão utilizadas em algum momento em alguma reforma ou aquisição. Esta é uma forma de envolver os fiéis na intimidade da comunidade. É um passo para que todos sejam co-responsáveis de verdade.
Esta prestação de contas deve ser realizada periodicamente pelo coordenador da Pastoral do Dízimo, identificando os valores coletados e os valores gastos. Se não quer falar em cifras explica-se como o dinheiro foi aplicado e afixa no quadro de avisos os valores detalhados. Outra forma de fazer circular estas informações é através da publicação de um jornal da comunidade.
O importante é a equipe prestar contas do dinheiro da comunidade, não imposta como. A informação deve chegar ao dizimista e ao não-dizimista também. O não dizimista ao perceber o esforço da Pastoral do Dízimo em manter a comunidade atuante pode, e vai, ser sensibilizado e assumir a condição de dizimista. A ausência de prestação de contas vai gerar críticas negativas e até clima de desconfiança entre os freqüentadores da comunidade, gerando um desestímulo fatal.
Este clima de desconfiança atinge, inclusive, a própria Pastoral do Dízimo. É normal que agentes da pastoral abandone a missão para não se tornar alvo de críticas contundentes e desabonadoras. Dizimistas fiéis podem deixar de devolver o dízimo por não sentir confiança na equipe responsável pela arrecadação.
Alguns párocos afirmam que o dinheiro é tão pouco que não tem para que prestar contas. Se o dizimista não vê a prestação de contas, desconfiado, deixa de contribuir, diminuindo ainda mais o valor arrecadado É o cachorro correndo atrás do próprio rabo.
Se o dinheiro é pouco a informação deve chegar ao fiel para que ele, como co-responsável pela manutenção da comunidade, conscientize-se de que deve se esforçar mais para mantê-la. Se o dinheiro é muito a prestação de contas deve ser feita para informar de como está sendo gasto os recursos adquiridos. Não tem outra forma de se trabalhar senão informando aos fiéis o que eles têm o direito e o dever de saber. É tranquilizador para o fiel ter a certeza de que a sua contribuição está sendo bem aplicada. E a equipe responsável pelo dízimo não deve temer esta divulgação, até porque surgirão críticas construtivas que ajudarão a melhorar o desempenho da equipe, beneficiando a todos na comunidade.
A transparência das informações surtirá um efeito positivo no seio da comunidade: a Pastoral do Dízimo será vista com mais respeito pelos fiéis e todos se sentirão felizes por contribuir no processo de evangelização. Ao apresentar os valores gastos para a manutenção da missão evangelizadora a equipe deve frisar que tudo só foi possível devido à ação generosa de todos os fiéis. Aqueles que não são dizimistas se sentirão excluídos e, certamente, se sentirão desejosos de participar e ser, também, responsável pela obra realizada.
A prestação de contas, certamente, interessa a toda a comunidade e merece destaque, não podendo ser feita de qualquer maneira. Todos se interessam pelo assunto e, então, deve ter um padrão para ser entendido por todos. Todo o empenho realizado na campanha de arrecadação deve ser repetido na divulgação dos resultados.
A informação a ser repassada ao público deve constar dos valores arrecadados com o dízimo, com doações voluntárias, campanhas, lucro de quermesses, etc. Da mesma forma deve ser informado a todos como este dinheiro foi aplicado. O importante é dar ênfase aos valores aplicados explicando da necessidade destes gastos e os benefícios trazidos ou que trarão e os malefícios da não realização destes gastos. Tudo deve ser claro e transparente para os fiéis, pois eles contribuíram com alegria e muito boa vontade e não podem ser decepcionados.
Quando a comunidade investir em melhorias a Pastoral deve anunciar e convidar a todos para verem as melhorias. Por exemplo: se está sendo construído um salão deve-se convidar todos para visitarem a obra e explicar como ficará após terminada e sua destinação. Quando a obra estiver concluída fazer uma inauguração festiva para que todos vejam o resultado de suas doações. Se algum missionário irá viajar ou participar de algum evento, custeado pela comunidade, apresentá-lo à comunidade e explicar o motivo de sua viagem. Após o seu retorno o mesmo deverá prestar contas de sua viagem, explicando como foi útil a sua participação na missão ou no evento em que participou. Se mantem alguma obra social apresentar os benefícios da manutenção desta obra com apresentação de resultados concretos.
São várias as formas que se podem prestar contas à comunidade, explicar para onde vai o suado dinheirinho de cada um. A mesma criatividade apresentada na campanha de convencimento do dizimista pode ser praticada na prestação de contas. O importante é mostrar a todos que o dízimo está provocando uma transformação na comunidade. O que não pode acontecer é a Pastoral do Dízimo silenciar sobre o destino do dinheiro da comunidade que, repito, é a principal causa de evasão do dízimo.
Reflita comigo. Se um dizimista entra na igreja e a vê suja, com lâmpadas queimadas, microfone sem funcionar e janelas com vidros quebrados o que ele pode pensar? Ele pode pensar que:
·         “O dízimo arrecadado na minha comunidade não dá nem para manter o templo. Que pena”.
·         “O dízimo arrecadado na minha comunidade é suficiente para manter tudo isto aqui em perfeitas condições. Cadê o dinheiro? Hummmm...”
·         “Tanta coisa para ser consertada e o pároco gastando com coisas supérfluas, assim não dá”.
·         “São muitas as necessidades de minha comunidade. Vou aumentar a minha contribuição para ajudar nas despesas”.
São muitas conclusões a se tirar de uma mesma situação. O ponto de vista a ser adotado vai depender da forma como a Pastoral do Dízimo e o Pároco lidam com as informações. Se as informações são transparentes e os fiéis são mantidos bem informados só haverá um ponto de vista e não despertará desconfianças nem conclusões equivocadas, não dando espaço a fofocas nem disse-me-disse.
Conhecereis a verdade e a verdade vos livrará. (Jo, 8, 32).
Quando as pessoas passarem a perceber que a comunidade realmente aplica os recursos obtidos em benefício dela mesma se sentirão mais seguras e passarão a colaborar muito mais. Isto é a mais pura verdade e exemplos não faltam. Há muitas comunidades que passaram a tratar do dinheiro da comunidade como um deve ser feito: como um caixa de todos. O resultado foi instantâneo: em menos de um ano o dízimo e as contribuições dobraram. Em um ano a capela recebeu várias melhorias que necessitava e a comunidade percebendo o esforço passou a ajudar mais ainda, possibilitando a aquisição de um novo altar. Só falta um piso novo. E esta comunidade está situada em uma localidade de pessoas de baixa renda. É o efeito multiplicador de um processo de comunicação bem realizado.