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terça-feira, 29 de março de 2011

O que é o dízimo?

O significado da palavra Dízimo, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa Folha/Aurélio1, é “A décima parte” e sua origem é latina: decimu.
De acordo com a Wikipedia2Dízimo significa a décima parte de algo, paga voluntariamente ou através de taxa ou imposto, normalmente para ajudar organizações religiosas judaicas ou cristãs”.
O dicionário Michaelis3 define a palavra dízimo como “a décima parte; décimo. Contribuição que se pagava à Igreja e que correspondia à décima parte dos frutos recolhidos”.
Dízimo é, em suma, a décima parte de algo, dez por cento de algum valor.
Mas, ocorre na Igreja Católica uma tolerância em relação ao índice percentual a ser aplicado na devolução do dízimo. O valor do dízimo passa a ser livremente estabelecido pelo próprio fiel, de acordo com o que determina o seu coração.  A Igreja Católica, inclusive, revisou o seu quinto mandamento.
ANTIGAMENTE: pagar o dízimo conforme o costume.
ATUALMENTE: ajudar a Igreja em suas necessidades, cada um conforme as suas possibilidades.
Deixemos claro que o dízimo não é pagamento, é devolução. Nada do que possuímos é nosso, pois tudo é de Deus. Apenas cuidamos (ou deveríamos cuidar) tudo aquilo que d’Ele recebemos. Após criar o homem e a mulher, Deus os abençoou e ordenou que eles dominassem sobre os animais e sobre toda a terra (conforme Gênesis 1, 26-28). Entregou toda a responsabilidade sobre a Sua criação ao homem e à mulher. A terra criada por Deus passou a pertencer, desde então, à humanidade. O carinho de Deus por nós já se manifesta neste ato de doação de Sua criação para o Homem, ato de desapego à criação e de amor à humanidade.
Deus não construiu toda a Terra para Si, Ele a fez para doar aos Seus filhos, um presente divino para toda a humanidade. Nós, seres humanos, nada criamos, tudo recebemos graciosamente de Deus. Os belos animais, as lindas aves, a imensidão do mar, tudo que habita na Terra, inclusive nós, fomos criados por um Ser Divino que nos fez perfeitos, à Sua imagem.
Deus os abençoou: "Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra." Deus disse: "Eis que eu vos dou toda a erva que dá semente sobre a terra, e todas as árvores frutíferas que contêm em si mesmas a sua semente, para que vos sirvam de alimento. E a todos os animais da terra, a todas as aves dos céus, a tudo o que se arrasta sobre a terra, e em que haja sopro de vida, eu dou toda erva verde por alimento." E assim se fez. (Gen 1, 28-30)4
Entendamos, pois, que o dízimo é uma devolução a Deus, em sinal de gratidão, de uma pequena parte daquilo que d’Ele recebemos. E não foi pouco o que Deus nos concedeu: Ele nos deu TUDO, inclusive o dom da vida. É o dízimo uma forma de demonstrarmos a nossa fé na providência divina, de vivermos a justiça e praticarmos a comunhão.
Dízimo não é pagamento nem oferta, muito menos uma esmola. É, repetindo, uma devolução a Deus de algo que não nos pertence, que não é nosso. Este ato deve ser feito com espírito de fé, onde se entrega não só o dinheiro ou bens, e sim uma parte de nosso trabalho, de nossa própria vida, com suas alegrias e tristezas, decepções e esperanças, derrotas e vitórias. Assim compreendido e vivido, o dízimo torna-se, desta forma, uma grande oração, um ato de amor que agrada a Deus, uma fonte de benção, pois vai acompanhado de sorrisos, lágrimas, noites mal dormidas e de tudo aquilo que é formado a nossa vida.
Atos de amor, de fé, de caridade e de partilha estão presentes nas palavras de Deus durante toda a leitura da Bíblia. Devolver o dízimo atende a estes preceitos e nos torna mais fortes na lei de Deus, por aceitarmos o plano que Ele construiu para nós. Quando doamos com alegria nós nos aproximamos de Deus, tornamo-nos muito mais generosos e solidários e passamos a reconhecer, então, o valor da partilha, da doação, da generosidade e de viver em comunidade. Mesmo quando temos pouco devemos, mesmo assim, doar, pois esta doação é muito mais valiosa por significar sacrifício, sendo muito mais valorizada por Deus. A Bíblia nos relata que Jesus observou o sacrifício da viúva ao fazer a sua doação no templo:
Jesus sentou-se defronte do cofre de esmola e observava como o povo deitava dinheiro nele; muitos ricos depositavam grandes quantias. Chegando uma pobre viúva, lançou duas pequenas moedas, no valor de apenas um quadrante. E ele chamou os seus discípulos e disse-lhes: Em verdade vos digo: esta pobre viúva deitou mais do que todos os que lançaram no cofre, porque todos deitaram do que tinham em abundância; esta, porém, pôs, da sua indigência, tudo o que tinha para o seu sustento (Mc 12, 41-44)4
A falta de dinheiro, como visto, não é razão suficiente para deixarmos de cumprir a nossa obrigação de dizimista. Esta situação não isenta nenhum fiel de sua devolução a Deus. Claro que estar em estado de miserabilidade absoluta é uma outra situação. Pessoas endividadas se utilizam desta situação para suspender a devolução dizimal, o que não é justificável, por ser esta situação uma condição de má administração de seus recursos. Voltaremos a este assunto nos próximos capítulos.
O quinto mandamento da Igreja (ajudá-la em suas necessidades) “recorda aos fiéis que devem ir ao encontro das necessidades materiais da Igreja, cada um conforme as próprias possibilidades”5, tornando-se responsável pela auto-sustentação da mesma. Contribuindo com a sua Igreja o cristão assume a sua responsabilidade dentro da comunidade em que vive e participa como membro vivo e atuante e, também, assume um compromisso de fidelidade a Deus.
O dízimo assume tal importância na vida do fiel que o transforma na fonte de recursos vital para a Igreja cumprir a missão que Jesus a incumbiu, contribuindo para um mundo melhor. Este projeto de amor deve ser assumido por todos os batizados, tornando-os co-responsáveis pela sua realização e doando-se na dimensão espiritual. Desta forma o fiel aceita de forma consciente assumir o projeto de Deus e com ele colaborar na ação da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Muitas pessoas não são voluntárias para exercer algum trabalho na Igreja por não disporem de tempo, ou por serem tímidas, ou por não se acharem preparadas, ou por apresentar problemas de saúde ou por qualquer outro motivo. Exercendo o direito de ser dizimista as pessoas ajudam na missão da Igreja, mesmo não estando presentes nas atividades pastorais, porém, por meio de sua colaboração, permitindo que elas sejam realizadas.
Devemos, pois, assumir o compromisso contraído no Batismo e sermos atuantes em nossa comunidade, levando o evangelho a todos os povos, construindo um mundo novo. Se nos omitimos deixamos o campo aberto para o mal se enraizar e atingir a base da sociedade, que a família (inclusive a nossa).
O dízimo é uma contribuição voluntária e periódica devendo ser proporcional aos rendimentos recebidos pelo fiel e deve ser devolvido no Templo / Igreja onde ele vive a sua fé. Por não ser uma invenção da Igreja, mas sim um mandamento bíblico, ela própria não exige que o católico venha a ser um dizimista; esta decisão é fruto de sua própria consciência.
É esta conscientização que nos levará a encontrar Deus, vivenciando uma experiência indescritível e inexplicável. Coloquemos, sempre, Deus em primeiro lugar em nossas vidas e as coisas materiais perderão o espaço ocupado em nossas vidas. O dízimo nos ensina a não nos apegarmos às coisas materiais e a sermos mais solidários, menos mesquinhos.
Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração. (Mt 6, 19-21)4
Reter a parte que cabe a Deus é roubar de Deus o que a Ele pertence. A cobiça, devemos saber, é uma forma de idolatria. Ao recebermos nossos rendimentos devemos sempre, em primeiro lugar, reservar a parte que devolveremos a Ele e, em um ato de fé, nos dirigir ao templo e entregar a parte que pertence a Ele.
Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos em tuas mãos!” E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo. (Gen 14, 20)4

REFERÊNCIAS
1.            FERREIRA, Aurélio. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2004. 3ª Edição. Positivo Informática.
2.            Wikipédia. Dízimo. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%ADzimo. Acesso em 02/05/2009.
3.            Michaelis. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. Disponível em http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=dízimo. Acesso em 02/05/2009.
4.            Bíblia Católica. Bíblia Católica on line. Ed.Ave Maria. Disponível em http://www.bibliacatolica.com.br/01/1/1.php. Acesso em 03/05/2009.
5.            Catecismo da Igreja Católica.  2043. Edição Típica Vaticana. Edições Loyola. SP. 2000.