VATICANO, 02 Jan. 14 / 03:22 pm (ACI/EWTN
Noticias).- Ao celebrar a Missa na Solenidade de Maria Mãe de Deus, o
Papa Francisco assinalou, ontem, 1 de janeiro de 2014, que a Virgem Maria,
Mãe de Jesus, precede-nos e continuamente nos confirma na fé.
A seguir a íntegra da homilia do
Papa na ocasião:
Amados Irmãos e Irmãs,
A primeira leitura propôs-nos a
antiga súplica de bênção que Deus sugerira a Moisés, para que a ensinasse a
Aarão e seus filhos: “O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar
sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor dirija para ti o seu olhar e
te conceda a paz” (Nm 6, 24-26).
É muito significativo ouvir estas
palavras de bênção no início de um novo ano: elas acompanharão o nosso caminho
neste tempo que se abre diante de nós. São palavras que dão força, coragem e
esperança; não uma esperança ilusória, assentada em frágeis promessas humanas,
nem uma esperança ingênua que imagina melhor o futuro simplesmente porque é
futuro. Esta esperança tem a sua razão de ser precisamente na bênção de Deus;
uma bênção que contém os votos maiores, os votos da Igreja para cada
um de nós, repletos da proteção amorosa do Senhor, da sua ajuda providente.
Os votos contidos nesta bênção
realizaram-se plenamente numa mulher, Maria, enquanto destinada a tornar-Se a
Mãe de Deus, e realizaram-se n’Ela antes de qualquer outra criatura.
Mãe de Deus! Este é o título
principal e essencial de Nossa Senhora. Trata-se duma qualidade, duma função
que a fé do povo cristão, na sua terna e genuína devoção à Mãe celeste, desde
sempre Lhe reconheceu.
Lembremos aquele momento
importante da história da Igreja Antiga que foi o Concílio de Éfeso, no qual se
definiu com autoridade a maternidade divina da Virgem. Esta verdade
da maternidade divina de Maria ecoou em Roma, onde, pouco depois, se construiu
a Basílica de Santa Maria Maior, o primeiro santuário mariano de Roma e de todo
o Ocidente, no qual se venera a imagem da Mãe de Deus – a Theotokos – sob o
título de Salus populi romani. Diz-se que os habitantes de Éfeso, durante o
Concílio, se teriam congregado aos lados da porta da basílica onde estavam
reunidos os Bispos e gritavam: “Mãe de Deus!” Os fiéis, pedindo que
se definisse oficialmente este título de Nossa Senhora, demonstravam reconhecer
a sua maternidade divina. É a atitude espontânea e sincera dos filhos, que
conhecem bem a sua Mãe, porque A amam com imensa ternura.
Desde sempre Maria está presente
no coração, na devoção e sobretudo no caminho de fé do povo cristão. “A Igreja
caminha no tempo (…). Mas, nesta caminhada, a Igreja procede seguindo as
pegadas do itinerário percorrido pela Virgem Maria” (JOÃO PAULO II, Enc.
Redemptoris Mater, 2). O nosso itinerário de fé é igual ao de Maria; por isso,
A sentimos particularmente próxima de nós! No que diz respeito à fé, que é o
fulcro da vida cristã, a Mãe de Deus partilhou a nossa condição, teve
de caminhar pelas mesmas estradas, às vezes difíceis e obscuras, trilhadas por
nós, teve de avançar pelo “caminho da fé” (CONC. ECUM. VAT. II, Const. Lumen
gentium, 58).
O nosso caminho de fé está
indissoluvelmente ligado a Maria, desde o momento em que Jesus, quando estava
para morrer na cruz, no-La deu como Mãe, dizendo: “Eis a tua mãe!” (Jo 19, 27).
Estas palavras têm o valor dum testamento, e dão ao mundo uma Mãe. Desde então,
a Mãe de Deus tornou-Se também nossa Mãe!
Na hora em que a fé dos
discípulos se ia quebrantando com tantas dificuldades e incertezas, Jesus
confiava-lhes Aquela que fora a primeira a acreditar e cuja fé não desfaleceria
jamais. E a “mulher” torna-Se nossa Mãe, no momento em que perde o Filho
divino. O seu coração ferido dilata-se para dar espaço a todos os homens, bons
e maus; e ama-os como os amava Jesus.
A mulher que, nas bodas de Caná
da Galileia, dera a sua colaboração de fé para a manifestação das maravilhas de
Deus na mundo, no Calvário mantém acesa a chama da fé na ressurreição do Filho,
e comunica-a aos outros com carinho maternal. Assim Maria torna-Se fonte de
esperança e de alegria verdadeira.
A Mãe do Redentor caminha diante
de nós e sempre nos confirma na fé, na vocação e na missão. Com o seu exemplo
de humildade e disponibilidade à vontade de Deus, ajuda-nos a traduzir a nossa
fé num anúncio, jubiloso e sem fronteiras, do Evangelho.
Deste modo, a nossa missão será
fecunda, porque está modelada pela maternidade de Maria. A Ela confiamos o
nosso itinerário de fé, os desejos do nosso coração, as nossas necessidades, as
carências do mundo inteiro, especialmente a sua fome e sede de justiça e de
paz; e invocamo-La todos juntos: Santa Mãe de Deus!