Visão e Aparição são fenômenos semelhantes. Pois, tudo que se vê é porque apareceu, e tudo que aparece é visto. Mas, a título de diferenciação pode-se considerar que aparição é quando o ser celestial está realmente presente no local em que é visto. E visão é quando apenas uma imagem do ser está ali no local, ou é visto em sonhos, por exemplo. As visões geralmente se dão em sonhos, mas, também podem acontecer em momentos de profunda oração (estando de olhos abertos ou não). Já as aparições podem acontecer a qualquer momento, mas, geralmente é em momento ligado à oração, espiritualidade, ou tribulação na fé. Sempre são para reforçar nossos ânimos e nossa confiança em Deus. Sempre se dá de olhos abertos.
Aparição (o ser estava lá de fato): Do Anjo Gabriel a Maria (Lc 1, 26-28), Do Cristo Ressuscitado (Jo 20;21) e na Sua Vinda Gloriosa no Dia Final (Mt 24:30), de Elias e Moisés na Transfiguração de Jesus (Mt 17, 1-3), certos casos envolvendo anjos como a São Pedro na prisão (At 12, 6-11), Maria em Fátima (visto que, segundo as testemunhas, os ramos da azinheira sobre a qual Maria aparecia, se inclinavam como que com o “peso” dela – Maria está no céu de corpo e alma glorificados)…
Visão (o ser não desceu do céu, só é uma imagem visual que o representa e o faz como que estivesse ali): De Daniel, Ezequiel e outros profetas bíblicos (Dn 7, 1-14; Ez 1), Do Anjo a S. José (Mt 1, 20-21), a de Estevão com o Pai e o Filho (At 7, 54-56), de Jesus diante de Paulo (At 9, 1-9), João Evangelista no Apocalipse (Apocalipse todo), demais visões com Maria e Jesus…
Desde a Bíblia, várias são as visões que falam de céu, e de acontecimentos futuros. As aparições e visões de anjos são relativamente freqüentes principalmente no Antigo Testamento, mas também, no Novo Testamento.
Desde Gênesis temos visões e aparições de Anjos aos servos e servas de Deus. Temos as visões celestiais de Isaías (Isaías 6, 1-7) e as visões e aparições a Daniel (Daniel 7, 1-14) e Ezequiel (Ezequiel 1). Existem ainda, as visões do Apóstolo São João Evangelista que são narradas em todo o Apocalipse. São João vê o Inferno Eterno (Apocalipse 20, 10.13-15; 21:8) e vê a Cidade Santa, o Paraíso, ou seja, a Jerusalém Celestial (Apocalipse 21, 9-27; 22, 1-5). Até Moisés contemplava a Glória de Deus (Êxodo 20, 18-22; 24, 15-18; 34, 28-35). Certa vez, ele, junto com Arão e outros anciãos, contemplaram a Glória de Deus (Êxodo 24, 9-11).
O próprio Jesus aparece em Luz Gloriosa a São Paulo (Atos 9, 1-9; 26, 12-16). Daniel teve uma visão com Jesus (Daniel 7, 13-14), e São João Apóstolo teve várias visões de Jesus Glorioso (Apocalipse 1, 10-19; 4, 1-11; 5, 6-10; 14:1; 19, 11-16).
Mas, existem ainda Visões dadas por Jesus, após a conclusão dos Escritos Sagrados, que vêm confirmando, e em nada alterando, as visões bíblicas e suas simbologias, por isso são aceitas pela Igreja Católica (CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA 67; Joel 3, 1-2; Atos 2, 14-18; Apocalipse 22, 18-19). São as chamadas Revelações Particulares! Particulares porque visam a conversão do próprio vidente e de sua comunidade. Mas, claro, sempre acaba chamando toda a humanidade a conversão.
Na verdade as visões com Maria, a Mãe de Jesus Salvador, começaram desde a Bíblia com o Apóstolo São João Evangelista, que vê a Mãe do Salvador no Céu, glorificada por Deus (vestida de sol) e coroada por Ele (Ap 2:10; 12, 1-17).
Alguns questionamentos básicos sobre as visões e aparições (reconhecidas):
1º - É o demônio disfarçado?
R.: De fato o demônio pode se disfarçar sim de espírito de luz (2 Cor 11:14). Mas, pelo menos nos casos de visões e aparições reconhecidas pela Igreja, isto não aconteceu. Mas, como saber? Um demônio jamais exaltaria a Jesus voluntariamente! As palavras de Maria sempre foram de exaltação a Cristo como Deus e Senhor nosso:
“…A intenção do meu todo-poderoso e Altíssimo Filho…” (Em Caravaggio)
“…Vá antes a Festa da Ascensão de Cristo na capela…” (Nossa Senhora de Montagnaga (Itália)
“Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente…” Palavras do Anjo que precedeu às aparições de Maria em Fátima, aos três pequenos pastores.
“Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro.” Trecho da oração deixada por Jesus a Santa Ir. Faustina na Polônia (anos 30)
2º - É invenção da Igreja Católica para seduzir fiéis e lucrar?
R.: Não. Porque a Igreja Católica é a última a reconhecer, e a primeira a não crer logo de imediato, se houve ou não uma manifestação divina em tal local.
3º - É mentira dos videntes?
R.: Com certeza não. Porque suportaram zombarias, perseguições e até ameaças de morte para negar o que estavam afirmando, e mesmo assim não retrocederam. E outra, todas as profecias anunciadas se cumpriram tal qual os videntes diziam que Maria ou Jesus lhes estava dizendo.
4º - São delírios?
R.: Todos os videntes passaram por avaliações rigorosas de psicólogos e psiquiatras céticos (só crêem na ciência). Estes diagnosticaram os videntes como pessoas normais.
5º - São novos ensinamentos (Gl 1:8)?
R.: De forma alguma. Não é ensinada nenhuma Doutrina. Não se muda nada dos ensinamentos bíblicos. São mensagens de conversão, penitência e de acontecimentos futuros que têm ligações diretas com as profecias bíblicas dos fins dos tempos.
João Paulo II, em sua homilia em Fátima (13-5-1982), sintetizou assim esse ponto: «A Igreja ensinou sempre, e continua a proclamar, que a revelação de Deus foi levada à consumação em Jesus Cristo, que é a plenitude da mesma, e que “não se há de esperar nenhuma outra revelação pública, antes da gloriosamanifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Dei Verbum, 4). A mesma Igreja aprecia e julga as revelações privadas seguindo o critério de sua conformidade com aquela única Revelação pública.
Assim, se a Igreja aceitou a mensagem de Fátima, é sobretudo porque esta mensagem contém uma verdade e um chamamento que, no seu conteúdo fundamental, são a verdade e o chamamento do Evangelho.»
6º - São para adorar Maria?
R.: Maria não pede que os videntes ou demais presentes a adorem. E nem os videntes fazem isso. Quando ficam de joelhos diante dela é uma atitude em respeito a Mãe do Nosso Salvador. Ajoelhar-se ou prostrar-se com o rosto por terra, diante de pessoas, por respeito, e não por adoração, é prática correta e normal na Bíblia (Gn 18:2; 33:3; 37:9…).
7º - Porque ela aparece em grutas algumas vezes?
R.: A gruta é como se fosse uma capela natural, até mesmo pelo formato natural de abóboda, cúpula. É escura mais com a Luz celeste das visões se ilumina, assim como a vida de muitos. É para lembrarmos que se nossa vida estiver em trevas, a luz de Deus vem para clarear tudo.
Bem, passando por todo o rigor de autenticidade visto acima, se pode dar crédito às mensagens e profecias que geralmente acompanham tais fenômenos divinos, e que nada têm a ver com espiritismo, nem com adivinhação. Deus pode revelar o futuro a seus servos sim, mas, quando Ele quer e quando se trata de assuntos vitais para a humanidade e a Salvação, e que seja sobre o Evangelho e adoração a Deus (CIC 2115).