A luta da imprensa por uma Igreja
livre do celibato é a luta do inimigo de Deus contra a santidade de seus filhos
Padre Paulo Ricardo
O debate a respeito do celibato
sacerdotal voltou à mesa de discussões nos últimos dias. Os meios de
comunicação estão em polvorosa desde as recentes declarações do novo Secretário
de Estado do Vaticano, Dom Pietro Parolin, sobre a proibição do casamento aos
padres católicos.
A imprensa julga ter visto nas palavras do bispo indícios de uma futura
ab-rogação da disciplina eclesiástica. Trata-se, evidentemente, de puro delírio
- e, como de costume, um pouco de má fé.
As declarações de Parolin ao
jornal venezuelano El Universal não trouxeram nenhuma novidade. Os católicos já
estão cansados de saber que o celibato sacerdotal não é um dogma, mas uma antiga
disciplina da Igreja, cujas fontes provêm diretamente do ensinamento dos
apóstolos, tal qual lembra a grande obra do Padre Christian Cochini, "Les
origines apostoliques du célibat sacerdotal". O III Concílio de Latrão, em
1179, apenas a efetivou como norma da Igreja latina. Não se pode afirmar, com
efeito, que o Papa tenha a intenção de modificar uma tradição apostólica à base
da canetada, sem levar em consideração o testemunho de dois mil anos de Igreja.
Embora assim desejem alguns jornalistas - e também saudosistas de uma teologia
mambembe que não tem mais nada a dizer, a não ser velhos e cansativos chavões
de outrora. O próprio Parolin lembra na entrevista que todas as decisões do
Pontífice "devem assumir-se como uma forma de unir à Igreja, não de dividi-la".
Ao contrário do que possa
parecer, o descontentamento da mídia em relação ao celibato não procede de uma
autêntica preocupação com o número de vocações. É do interesse dela a
extinção dos padres. E as manchetes dos jornais estão aí para provar. Tenha-se
em mente, por exemplo, a campanha odiosa de total difamação do clero - em pleno
ano sacerdotal de 2010 -, perpetrada pelo The New York Times, BBC e cia. sobre
o problema da pedofilia. A indignação da imprensa perante o celibato tem por
causa outras razões, o mundo desejado por esses grupos é alheio à presença de
Deus. A existência do celibato, neste sentido, "é um grande
escândalo, porque mostra precisamente que Deus é considerado e vivido como
realidade."
Foram com essas mesmas palavras
que Bento XVI resumiu a aversão mundana à presença dos sacerdotes. Respondendo
à pergunta de um clérigo da Eslováquia, durante vigília de encerramento do Ano
Sacerdotal, o então pontífice observou ser surpreendente a crítica exaustiva ao
celibato, numa época em que a moda é justamente não casar. "Mas este
não-casar", prosseguiu o Papa, "é uma coisa total, fundamentalmente
diversa do celibato, porque o não-casar se baseia na vontade de viver só para
si mesmo (...) Enquanto o celibato é precisamente o contrário: é um
"sim" definitivo, é um deixar-se guiar pela mão de Deus, entregar-se
nas mãos do Senhor, no seu 'eu'".
A crítica da imprensa ao celibato
- bem como a outras doutrinas cristãs - precisa ser encarada como um grande
sinal de fé, pois revela a luz de Cristo sobre a escuridão do diabo. O padre
desperta a ira dos infernos justamente porque é um homem sacrificado, um ícone
visível da paixão de Cristo para o dia a dia dos cristãos. A Igreja nunca terá
como parâmetro de vida as indicações mundanas, por mais apelativas que sejam. É
precisamente o que diz o Cardeal Mauro Piacenza, prefeito da Congregação para o
Clero: "Não se deve baixar e sim elevar o tom: esse é o caminho." O
celibato permanecerá na vida sacerdotal, queira os inimigos de Cristo ou não,
já que para os católicos importa mais agradar a Deus que fazer a vontade do
homem.
Por Christo Nihil Praeponere