Fonte: filosofiaeespiritualidade.blogspot.com.br
por Irenio Silveira Chaves
Para muitas pessoas, o
tema gestão não combina com espiritualidade. Para pessoas que pensam assim,
gestão é uma atividade ligada a negócios e diz respeito a uma forma
materialista de pensar, enquanto que a espiritualidade tem a ver com uma
atividade mais contemplativa, ligada à religiosidade.
A princípio, percebemos
que a gestão trata de questões relacionada à eficiência, da produtividade, de
resultados, de competição, de negociação. Mas trata também de inovação, mudança
e empreendedorismo. O que todos esses temas têm em comum é que eles abordam as
condições de realização do presente e da projeção para um futuro melhor.
A espiritualidade, por sua
vez, trata de questões ligadas à postura que devemos assumir visando à
felicidade, à busca de sentido para a nossa existência, à aquisição de valores
que nutrem relacionamentos mais consistentes, ao cultivo de atitudes voltadas
para a sustentabilidade do meio ambiente, à adoção de hábitos de vida saudável,
ao amadurecimento pessoal.
É um equívoco relegar a
espiritualidade a um plano meramente religioso, conquanto a religião seja uma
expressão humana de relacionamento com aquilo que atribuímos o valor de
sagrado. Religião é uma atitude de encontro de fé com a divindade e seu projeto
regenerador. Ela se manifesta sob a forma de conhecimento e ética e atribui
sentido à existência.
A espiritualidade cristã,
que é o objeto de nossa atenção, diz respeito ao modo de viver como ser humano
ao atender o chamado de Jesus para segui-lo. Essa vida que acontece em fé é o
que motiva a prosseguir e nutre convicções. Nesse sentido, firmado na fé em
Jesus Cristo e seu projeto de vida, a espiritualidade cristã possibilita um
conjunto de valores que dão novo entendimento e nova perspectiva para a
organização da vida humana, inclusive a empresa.
O capitalismo selvagem que
se viu surgir no final do século XIX e começo do século XX deu lugar a
corporações humanas destituídas de valores éticos, visando ao lucro sem medir
os impactos sociais e ambientais. Hoje, diante dos desencantos gerados pela
indústria de consumo, se vê emergir uma nova dimensão da capacidade de gestão
que priorize mais os valores e a dignidade humanos.
Várias correntes teóricas
na área de gestão tem se levantado, notadamente após a década de 1970, propondo
uma reviravolta no mundo corporativo. Resultado disso é o crescimento do número
de empresas ligadas ao terceiro setor e a valorização de empresas preocupadas
com questões sociais e ambientais. É nesse espaço que a espiritualidade cristã
se insere, propondo alternativas viáveis e saudáveis para transformar a
realidade da atividade gestora neste tempo.